Uma leitora, que não quer se identificar, diz que às vezes sente uma presença estranha, quando está sozinha em casa, como se uma pessoa estivesse ali com ela. Por vezes, vê vultos, que não consegue divisar direito, pois eles desaparecem ao fixar a vista para distingui-los. Ela quer uma explicação para isso. Esta questão é muito parecida com uma que respondemos em edições anteriores, mas se trata de uma das questões mais comentadas pelos ouvintes.
Ver vultos em casa ou se sentir vigiado em
determinados momentos é uma sensação mais comum do que se pensa. Acontece que,
geralmente, as pessoas não revelam essa experiência a ninguém, por medo de
serem mal interpretadas ou levadas a conta de loucas ou desequilibradas. Esta postura
é uma questão cultural. No entanto, atrás desse fenômeno – quando a sensação
não decorre de algum distúrbio psicoemocional que exija tratamento
médico-psicológico, há algo revelador, com que muita gente se assusta.
De fato, todos nós, seres humanos, somos
também Espíritos, embora encarnados. Além dos sentidos – visão, audição, olfato, paladar e tato, que
nos revelam o mundo material – trazemos também resquícios de uma percepção que
vai além dos sentidos físicos, embora o cérebro ainda seja o veículo dessas
percepções, mecanismo que a ciência ainda não estudou. Essas sensações se
revelam mais presentes na infância e na adolescência, mas também podem
acontecer na idade adulta.
Allan Kardec
refere-se a elas como sendo fenômeno de emancipação da alma. Trata-se de um
fenômeno perceptivo, que a Parapsicologia chama de Percepção Extra-sensorial e
o pesquisador Alexandre Aksakof chama de fenômeno anímico ou animismo.
Entenda-se, pois, por animismo a capacidade humana de perceber além dos
sentidos. Por exemplo, a telepatia ou captação de pensamentos é um fenômeno
anímico.
Kardec condiciona a mediunidade ao animismo.
Isso quer dizer que o médium só é intermediário para a manifestação do
Espírito, porque pode captar a mensagem mental do Espírito. Isso quer dizer
que: na comunicação o médium é intermediário, porque percebe além dos sentidos.
Por essa razão, alguns autores preferem chamar o fenômeno de medianímico ao
invés de fenômeno mediúnico.
Ao que tudo indica, esse tipo de percepção,
seja pela passagem de vultos ou sensações imprecisas de presenças de pessoas,
pode ser um indicio de mediunidade, na sua fase mais primitiva – quer dizer,
uma mediunidade ainda embrionária e incapaz de definir com mais precisão o que
se está percebendo. Existem teorias que
abordam com mais profundidade este fenômeno.
Por outro lado, não podemos deixar de
considerar que os desencarnados geralmente se encontram onde há encarnados,
pois é com eles que mantêm ligações afetivas. Por isso, sempre existem
Espíritos ao nosso lado, mas ordinariamente não percebemos. Dependendo de nosso
estado emocional, podemos entrar numa faixa mental muito próxima da dos
Espíritos e é nestes momentos que podemos sentir alguma coisa.
É a sensibilidade do encarnado que faz com que
ele possa ter essas sensações que, às vezes, pode significar a presença de um
Espírito familiar, até mesmo para querer se comunicar ou pedir ajuda. Se o quadro não for perturbador, no sentido
de abalar emocionalmente a pessoa, a ponto de precisar de um atendimento
médico, ela devem simplesmente orar pela entidade presente, ou procurar um Centro
Espírita, ouvir a explanação do Evangelho, receber passes e, até mesmo,
conversar com um atendente no centro que pode orientá-la.
Do ponto de vista espírita, como sabemos que
nada acontece por acaso, tais sensações são interpretadas como um chamamento. Falamos
de chamamento no sentido de que pode ter chegado o momento de a pessoa se
voltar mais para dentro de si mesma, reavaliar sua vida, sua maneira de viver e
conviver, buscar com mais profundidade o sentido de sua própria existência, o
que significa, em última análise, procurar desenvolver sua espiritualidade,
seja nesta ou naquela religião com a qual se identifique.
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