Allan
Kardec comenta no capítulo 24 d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO que ‘não pode haver mistérios absolutos, e Jesus
está com a razão quando diz que não há nada de secreto que não deva ser
revelado. Tudo o que está oculto será um dia descoberto’, acrescentando
que ‘se os Espíritos ainda não dizem tudo abertamente, não é por
que haja na Doutrina mistérios reservados a privilegiados, nem por que coloquem
a candeia debaixo do alqueire. Mas porque cada coisa deve vir no tempo
oportuno. Eles dão a cada ideia o tempo de amadurecer e de se propagar antes de
apresentarem uma outra, e dão aos acontecimentos o tempo de lhes preparar a
aceitação’. Quase um século depois, um Espírito identificado pelo pseudônimo
André Luiz com o auxilio de um médium brasileiro mais conhecido como Chico
Xavier quase desconhecido à época materializa uma série de obras planejada por
Entidades Superiores com fins de despertamento. A primeira revela a existência
de uma colônia espiritual denominada NOSSO
LAR, situada ao norte da cidade do
Rio de Janeiro no Plano Invisível aos nossos olhos. Na segunda – OS MENSAGEIROS - revelará muitas observações a partir de sua integração em equipe designada
para trabalhos no que ele chama de Crosta, a região ocupada pelos Espíritos
encarnados que evoluem no Planeta Terra. Dentre as inúmeras revelações nela
contidas, uma no capítulo 40 chama atenção. Refere-se às próprias percepções
mais ampliadas que lhe permitem divisar realidade até então inimaginada. Diz
ele: - Não observara, até então, o que agora
verificava, extremamente surpreendido. Dantes, via somente os homens, os
animais, veículos e edifícios chumbados ao solo. Agora, a visão dilatava-se. Reconhecia, de longe, o peso
considerável do ar que se agarrava à superfície. Tive a impressão de
que nadávamos em alta zona do mar de oxigênio, vendo em baixo, em águas turvas,
enorme quantidade de irmãos nossos a se arrastarem pesadamente, metidos em
escafandros muito densos, no fundo lodoso do Oceano. Antes que
indagasse qualquer coisa ouviu de Aniceto, líder da equipe de que fazia parte: – Estão vendo aquelas manchas escuras na via pública? – São nuvens
de bactérias variadas. Flutuam quase sempre também, em grupos
compactos, obedecendo ao princípio
das afinidades. Reparem aqueles arabescos de sombra... E indicava-nos
certos edifícios e certas regiões citadinas. - Observem os grandes núcleos
pardacentos ou completamente obscuros!... São zonas de matéria mental inferior, matéria que é expelida incessantemente por certa
classe de pessoas. Se demorarmos em nossas investigações,
veremos igualmente os monstros que se arrastam nos passos das criaturas,
atraídos por elas mesmas... E acrescentou: –
Tanto
assalta o homem a nuvem de bactérias destruidoras da vida física, quanto as
formas caprichosas das sombras que ameaçam o equilíbrio mental. Como veem, o “orai e vigiai” do Evangelho
tem profunda importância em qualquer situação e a qualquer tempo. Somente os
homens de mentalidade positiva, na Esfera da Espiritualidade superior,
conseguem sobrepor-se às influências múltiplas de natureza menos digna. A matéria mental emitida pelo homem inferior tem vida própria
como o núcleo de corpúsculos microscópicos de que se originam as enfermidades
corporais. O homem terreno vive num
aparelho psicofísico. Não podemos considerar somente, no capítulo das
moléstias, a situação fisiológica propriamente dita, mas também o quadro psíquico da personalidade
encarnada. Ora, se temos a nuvem
de bactérias produzidas pelo corpo doente, temos a nuvem de larvas mentais
produzidas pela mente enferma, em
identidade de circunstâncias. Desse modo, na esfera das criaturas desprevenidas
de recursos espirituais, tanto adoecem corpos, como almas. No futuro, por esse mesmo motivo, a Medicina da alma absorverá a Medicina do corpo. Como
afirmado pela Ciência materialista atualmente, o Universo da Microbiologia
oferece entendimento para muitos dos problemas observados na saúde dos Seres
Vivos, especialmente os humanos. Parte dessa compreensão vem através do Vírus
observados inicialmente em 1892 e hoje perfazendo um total de mais de dois mil
tipos. Vírus é uma partícula basicamente proteica que pode infectar organismos
vivos. São parasitas obrigatórios do interior celular e isso significa que eles
somente se reproduzem pela invasão e possessão do controle da maquinaria de
auto-reprodução celular. Mas como agem sobre o corpo humano? Sabemos que a
parte visível dos Seres dessa categoria é precedida por outra chamada Corpo
Perispíritual, a qual, por sinal, dá forma à primeira desde sua concepção. A
estrutura do Perispírito reveste, por sua vez o Espírito em evolução, na
verdade o ‘operador’ de todo sistema integrado. Sem os extraordinários recursos
óticos e de filtragem do Século 21, Allan Kardec quando da proposição do
Espiritismo disponibilizou aos estudiosos as seguintes informações: - O perispírito dos encarnados, sendo de uma
natureza idêntica à dos fluidos espirituais, assimila-os com facilidade, como uma esponja
embebe-se de um líquido. Estes fluidos têm sobre o perispírito uma
ação tanto mais direta quanto pela sua expansão e sua radiação, confunde-se com
ele. Estes fluidos, atuando sobre o perispírito, cada qual a seu turno, reagem
sobre o organismo material com o qual esteja em contato molecular. Se os
eflúvios forem de boa natureza, o corpo ressente-se de uma impressão salutar;
se são maus, a impressão é penosa; se as malignas forem permanentes e
enérgicas, podem determinar desordens físicas. Certas doenças não têm outra causa. O século 20 ampliou informações sobre a
estrutura do Corpo Perispiritual dizendo que intermedia informações na dinâmica
Espírito - corpo físico – Espírito através do que André Luiz chama de Centro de
Força. Um dos mais importantes por estar ligado à saúde é o CENTRO CARDÍACO responsável
pelo equilíbrio e intercâmbio das emoções (sentimentos). As violentas e
descontroladas afetam diretamente a fisiologia do coração que pode sofrer até
mesmo uma parada, provocando a morte. Esses desequilíbrios, por sua vez, repercutem numa glândula situada nas suas
proximidades chamada Timo, responsável pelo que se sabe hoje ao Sistema
Imunológico do nosso corpo. Emoções fortes, Timo
desarmonizado, diminui as barreiras que defendem nosso corpo da ação das
microscópicas formas de vida como dos vigilantes Vírus e Bactérias, sempre
a espreita das oportunidades de desarmonizarem a saúde do indivíduo. Pelo que se ve, o repassado por André Luiz no
livro citado no início dessa matéria explica os processos virais, individuais
ou coletivos como o tão temido Coronavirus.
Questão proposta pelo Cristiano, residente na cidade de Vera Cruz: “Qual a relação entre a frase “o amor cobre a multidão de pecados” com a Lei de Ação e Reação?”
Na verdade, Cristiano, quando Pedro proferiu
essa frase, “o amor cobre a multidão de pecados”, ele quis dizer que todos
podemos compensar nossos erros com o amor, e isso, sem dúvida, decorre da Lei
de Ação e Reação, também conhecida como Lei de Causa e Efeito ou Lei da
Causalidade.
Essa questão é quase matemática, pois nesse
caso, os pecados, significam dividas e os atos de amor significam pagamentos.
Por maior a dívida contraída, quando começamos a pagá-la, mesmo que seja em
suaves prestações, automaticamente vamos amortizando o montante a pagar, até a
cobertura total da dívida, o que certamente vai exigir algum tempo. Quanto
tempo? Isso depende do ritmo de crescimento espiritual de cada um.
Do ponto de vista moral, Cristiano, pecar quer
dizer “errar contra alguém, causar-lhe prejuízo, moral ou material”. Segundo o
Espiritismo, por maior o prejuízo que causamos, por maior a dor que provocamos no
outro, sempre haverá oportunidade de cobri-los, ainda que seja em longas e suaves
parcelas de amor. Amor aqui, no sentido que Jesus usou esta palavra , é o amor
fraterno, incondicional. Portanto, não é amor contemplação ou simplesmente amor
declaração, mas o amor-ação que, no Espiritismo, damos o nome de caridade.
Muita
gente ainda pensa que caridade é apenas dar esmola ou socorrer alguém num
momento de necessidade. Isso também é caridade, mas está longe de ser toda a
caridade a que Jesus se referiu, quando falou do amor fraterno, do amor que
respeita, que compreende, que se solidariza e até que se sacrifica em favor do
próximo, como o samaritano da parábola. Só a reiterada prática desse amor é capaz de
anular os efeitos do pecado, à medida que vai amortizando e, portanto,
diminuindo a dívida moral.
No
Espiritismo dá para entender bem esse mecanismo de amortização ou quitação
gradativa da dívida pela lei da reencarnação. Isso porque não é possível alguém
se redimir de seus erros e cobrir tudo que deve a todos numa única existência.
Quase sempre levamos para a outra vida problemas não resolvidos, pendências não
satisfeitas, em face do mal causado. Mas, reencarnando, passamos a ter
oportunidade de ir cobrindo essas dívidas através da prática do bem, que é a
única forma de manifestar o amor fraterno.
Fica clara, portanto, a frase de Pedro,
quando fala que o amor cobre a multidão de pecados, pois isso acontece, não
apenas numa existência – que, por sinal, pode ser muito curta – mas ao longo
das existências sucessivas pelas quais o Espírito endividado vai passando. À
medida que ele vai se despertando para os valores espirituais, fazendo o bem e
evitando o mal ( ou seja, amando), ele vai se sentindo liberto da opressão que
tanto suas vítimas, como sua própria consciência, exercem sobre ele.
Em última análise, Pedro quis dizer que o
amor é o único caminho da felicidade ou da bem aventurança. Logo, todos os
ensinamentos de Jesus se resumem no amor
fraterno, incondicional e sobretudo ativo, realizador, que é a caridade. “Fora caridade não há salvação” – eis o lema
da Doutrina Espírita, Por isso o
mandamento maior, amai-vos uns aos
outros, pois somente amando o próximo, que é filho de Deus, podemos amar a Deus.
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