A falta de conhecimento cria
ao redor de qualquer assunto uma aura de mistério, estigmatizando-o, e, por vezes, gerando o medo que
dificulta a compreensão racional sobre o mesmo.
A palavra Apocalipse é um desses. De origem grega quer
simplesmente dizer revelação. Embora o texto que finaliza o NOVO TESTAMENTO parte integrante da BIBLIA - o mais reproduzido na
sociedade Ocidental - seja o mais conhecido, existem vários outros com a mesma
denominação, surgidos através de vários Profetas do povo hebreu. Construído em
torno de inúmeras imagens, representa a projeção feita por
Jesus ao seu Discípulo João em
desdobramento espiritual deste, a respeito dos principais acontecimentos ao
longo da Era inaugurada pelo incomparável Mestre.
A análise do seu conteúdo,
portanto, somente pode ser feita com segurança por alguém com conhecimento
acima da média em relação aos demais Seres Humanos.
A interpretação a seguir
enquadra-se nesse grupo. Cultura enciclopédica, gestor por mais de duas décadas
Federação Espírita do Estado de São
Paulo, criador dos primeiros cursos sistematizados sobre
Mediunidade e Evangelho, inspirador de importante movimento denominado Aliança Espírita Evangélica, Edgard Armond (1894/1982)
foi um dos poucos espíritas que tentou mergulhar no sentido oculto do APOCALIPSE
do Apostolo João, livro escolhido pelo
organizador da BÍBLIA
para fechar o NOVO
TESTAMENTO.
Suas reflexões e estudos
foram reunidos na obra A HORA DO APOCALIPSE (1978), “interpretando os diversos conflitos evidentes da virada do Milênio como
sintomas a céu aberto dessas mesmas profecias, à luz do Espiritismo,
considerando a época atual um período de transição, associado a importantes
mudanças, sobretudo no campo moral, onde se evidencia o surgimento, no futuro,
de uma nova Civilização espiritualmente melhorada”.
Entende ele que ‘em estado de desdobramento ou êxtase, provocados e controlados pelo
Alto, o Apóstolo viu, nos Planos Espirituais, quadros e projeções etéreas, que
deveriam gravar-se em sua mente psíquica com intensidade suficiente, para serem
reproduzidas em um trabalho já, de antemão, destinado à divulgação em dias
vindouros.
Esses
quadros fixados por João naturalmente que se ressentiram das falhas da memória
física e, não lhe sendo possível transmitir, em perfeita fidelidade, tudo o
quanto viu, com a contemporaneidade de detalhes que a vidência, nestes quadros
amplos, oferece aos médiuns, fê-lo como podia, estabelecendo comparações com as
coisas que já conhecia antes, próprias do Mundo Material, mas respeitando
sempre e fielmente, seu sentido oculto; e isso podia fazê-lo porque o vidente,
via de regra, no ato de perceber ou ver as cenas e imagens astrais, tem delas e
da sua significação, conhecimento ou intuição momentâneos, o mesmo sucedendo com relação aos símbolos e
alegorias que, aliás, no APOCALIPSE
muito se assemelham aos utilizados na tradição espiritual dos hindus, persas,
sírios, caldeus, árabes e egípcios, visto que as verdades espirituais não se
alteram pelo simples fato de serem apresentadas em lugares e épocas diferentes.
Pelo exame feito deste APOCALIPSE
pode-se constatar que a matéria final tem preponderância e se refere direta e
especialmente aos tempos atuais da transição cíclica iniciados em 1950. Por
outro lado a narrativa não tem datas certas, porque representa instantes, Momentos
e Períodos Cósmicos referentes à Terra, com os acontecimentos indicados
unicamente pela sucessão deles, visto que nos Mundos Espirituais não existem
espaço e tempo.
Na
primeira parte dessa postagem, vejamos como ele entende a SIMBOLOGIA do livro de João:
Os MINISTROS DE DEUS são
Anjos, Arcanjos, Serafins, Querubins e outros seres ativos, que se
apresentam de diferentes maneiras;
As
DECISÕES DA
DIVINDADE são apresentadas como espadas que fulguram na mão de executores;
Os
SELOS que são rompidos e as trombetas
que soam, marcam sempre o início de ações que vão se desenrolar;
Os
ANJOS E OS
SANTOS das Igrejas são os Espíritos
Protetores delas;
INSETOS E AVES representam personagens humanos;
DRAGÕES E
SERPENTES são Espíritos
malignos
A
BESTA
(animal sempre figurado em destaque) representa os instintos da animalidade inferior que
tentam dominar o homem;
O
CORDEIRO é JESUS, que
foi imolado pela salvação da Humanidade e assim por diante, em todos os
capítulos do livro, com pequenas variantes.
Quando
o Vidente quer expressar as belezas e as glórias dos Mundos Espirituais,
emprega os termos: coroas, lâmpadas, estrelas, archotes, relâmpagos, claridades,
e o faz sempre de forma hiperbólica, que é a usual no sistema oriental de fixar imagens na
mente.
Os
SETE
candelabros, sete lâmpadas, sete estrelas, sete selos, são fixações mentais do
Vidente, referentes à tradição setenária da Criação Divina;
O
NÚMERO DOZE lembra o respeito devido aos fastos familiares ou
nacionais da Nação Israelita:
As
DOZE TRIBOS, os
doze filhos de Jacó, os doze meses do ano, os doze apóstolos, os doze signos do
zodíaco, etc.;
Quando
fala em Dias
quer dizer Milênios e, em Horas, Séculos.
O
erudito Edgard
Armond considera que os SELOS quando
se abrem marcam o início de acontecimentos humanos: os Seis primeiros referem-se aos que ocorreram na Terra, após a morte de
Jesus até o ano de 1950, e de maior significação evolutiva para a Humanidade:
o desvio
religioso do Cristianismo Primitivo, o obscurantismo da Idade Média, as
invasões dos Bárbaros, a queda do Império Romano, a Cisão Protestante, as duas
guerras mundiais, o advento do Espiritismo, a eclosão do Comunismo Ateu.
No
tocante ao o Sétimo
e último, refere-se ao Período Final que
estamos vivendo agora.
Explica
que desde o início da Civilização surge a figura da Besta, que representa o esforço da animalização da Humanidade,
a dominação do homem pelos instintos e pelos sentidos inferiores, o reinado
desenfreado das paixões inferiores, com exacerbação do egoísmo e da violência,
da brutalidade em todas as suas formas destrutivas, em contraposição
radical aos ensinamentos de Fraternidade e de Amor, que deveriam reinar e que
formam a estrutura e os fundamentos dos ensinamentos do Cordeiro.
Mais
tarde, evoluindo no seu setor, a ciência materialista, ao invés de consolidar a
Revelação Espiritual, caracteriza-se, bem ao contrário, pela negação do “Espírito”, esforçando-se por estabelecer o predomínio da inteligência
sobre as almas, contrariando o equilíbrio das forças construtivas Eternas, no
mesmo passo em que as religiões dogmáticas e mundanas veem seu prestígio
enfraquecer e crescer assustadoramente a inquietação humana pelas vicissitudes
e pela miséria, ameaça sempre presente, como resultado da expansão demográfica
egoísta e frenética dos homens, que lutam pela posse de bens perecíveis e
ilusórios.
A
Besta,
visando o desregramento
de Humanidade, atua fortemente no campo do sexualismo; o psiquismo
bestial tem seu comando no astral inferior da Terra e utiliza, em grande número, agentes encarnados e
desencarnados muito ativos, que semeiam males sem conta, perturbam as mentes,
destroem a fé incipiente nas almas e aumentam continuamente seu campo de ação,
principalmente no período final, quando as legiões malignas, aprisionadas há
longo tempo nas regiões trevosas, vão sendo soltas e reencarnam afoitos,
aproveitando esta última oportunidade que se lhes oferece, porque deverão ser
julgados todos, indistintamente, vivos ou mortos.
A
Besta que já tinha sido antes derrotada por Jesus, com sua
descida à arena terrestre e seu sacrifício de amor, aliando-se a Satanás e
sabendo “que
restará pouco tempo” multiplicará
seus ataques sendo, porém, derrotada definitivamente pelas hostes do Cordeiro. Apesar
de apenas
iniciado na Terra o Período Evolutivo Final, podemos observar as ondas de corrupção,
de violência, de anarquia, desorientação e desequilíbrio sexuais que varrem o
planeta do extremo a extremo, atingindo homens, mulheres, e jovens,
principalmente.
A
Besta
Apocalíptica domina por toda parte e
ainda que as hostes do Divino Cordeiro se unam, se multipliquem, ficarão sempre
sujeitas à possível derrota, se não merecerem o auxílio do Alto, corporificado
no Cristo, que é o único poder capaz de vencer a batalha da luz contra as
trevas.
As
massas malignas
infestam as Trevas, o Umbral e a Crosta Planetária, onde se misturam
com os encarnados, pois que todos são parte da mesma Humanidade e, no próximo
expurgo, dois
terços dela, aproximadamente, serão descartados, eliminando-se assim
definitivamente do Planeta as forças negativas e os seres humanos incompatíveis
e irrecuperáveis, por enquanto, pelos recursos construtivos do amor.
As
massas de Espíritos que estão sendo soltas e libertadas para tomarem parte na
grande separação saturarão a Terra nestes últimos tempos, tentando
reconstituir a vida dos Mundos Primitivos, e os desregramentos das Civilizações
passadas, fazendo o mundo retrogradar.
Porém
todos eles e mais os feiticeiros de todas as origens, os chacinadores de povos
conquistados, os inquisidores religiosos, os comerciantes e industriais que
sugam na miséria do povo, os armamentistas e outros profissionais de guerras,
os políticos desalmados que enganam o povo e somente visam a conquista do poder
e toda a escumalha moral da Humanidade, inclusive os que retardam a evolução
espiritual dos homens, apregoando cultos de exterioridade, serão descartados,
conquanto muitos poderão ainda redimir-se pelas luzes do Evangelho, pelo esforço
benévolo dos humildes discípulos do Cordeiro, que não cessam de difundir pelo
mundo as promessas de redenção. Assim, pois, como se vê o sacrifício, por maior
que for, para ajudar a salvação do maior número, eis o único caminho da
ascensão para a Angelitude, porque a renúncia de si mesmo é
a marca do Cordeiro e o mais alto indício de Evolução Espiritual nestes tempos.
Ariovaldo d’Nicolai pergunta por quantas
encarnações seu Espírito já passou. Acreditamos que muita
gente gostaria de fazer esta pergunta que o Ariovaldo está no trazendo agora.
Perguntas como esta são interessantes, porque nos ajudam a elucidar muitos pontos
importantes do Espiritismo, que a maioria das pessoas desconhece. Vamos à
questão. Quem pergunta quer saber.
Na
verdade, Ariovaldo, não sabemos por quantas encarnações você já passou, até
porque o número de encarnações, que já vivemos, é indeterminado. Por que o
Espirito reencarna? Para aprender com a vida, para evoluir, vivenciando
situações, estudando, trabalhando, convivendo e amando, na busca de sua auto
realização, que podemos chamar de perfeição ou estado de felicidade. Será que
todos os Espíritos têm o mesmo número de encarnações? Não, porque o ritmo de
progresso não é o mesmo para todos, cada um tem seu próprio aproveitamento em
cada encarnação.
Para se fazer uma ideia melhor desse processo
de evolução espiritual, podemos comparar a vida na Terra a uma escola. Todos os
alunos entram na escola para aprender. Alguns são mais esforçados e aprendem
mais depressa, caminham mais rápido e terminam em pouco tempo o curso. Outros,
porém, não se interessam tanto pelos
estudos, falta-lhes empenho e dedicação e, por isso, estão sujeitos a ser
reprovados e ter que repetir o ano e, muitas vezes, a permanecer muitos anos na
escola.
É
claro que a vida é bem complicada do que uma escola, mas assim mesmo dá para se
fazer uma ideia por comparação. Por exemplo: se o aluno, que está no terceiro
ano escolar, não aprendeu determinado conteúdo do segundo ano, ele vai
encontrar problema para aprender o que seus novos professores estão ensinando,
pois deixou alguma coisa para trás. Do mesmo modo, se o Espírito, agora
reencarnado, encontra muita dificuldade diante de determinado tipo de problema
é porque ele deixou algo para trás que ainda não conseguiu superar.
No
entanto, a nova experiência é sempre uma outra oportunidade de reviver as
lições do passado e aprender o que não aprendeu antes ou o que deveria ter
aprendido. Assim, há Espíritos que reencarnam para desenvolver a paciência como
objetivo primeiro da sua vida. Então, com certeza, esse Espírito vai encontrar
situações que vão exigir que ele exercite a paciência para desenvolver essa
virtude.
Um
outro Espírito precisa, mais do que nunca, aprender a praticar atos de
benevolência. Logo, sua atual encarnação o coloca em situações que vão
impulsioná-lo para esse lado, a fim de aprender a fazer o bem ao próximo, a
respeitar e amar seus entes queridos. Qualquer virtude, que precisamos educar,
exige exercício, pois é na vida prática que descobrimos caminhos e saídas para
nossa felicidade. A lei de Deus nos constrange a isso. Emmanuel dizia ao Chico Xavier que, para
aprendermos a perdoar, vamos precisar de que alguém nos ofenda.
No
entanto, Ariovaldo, a série de reencarnações é interminável. Isso quer dizer
que vamos reencarnar tantas vezes quanto precisarmos para alcançarmos o máximo
de crescimento espiritual aqui na Terra. Há Espíritos que reencarnam para viver
alguns dias, alguns meses ou alguns anos. Outros têm uma vida relativamente
longa. Em tudo isso há sempre um significado, pois essas experiências, por mais
curtas que sejam, sempre são necessárias à sua evolução e sempre lhes ensinam
alguma coisa.
N’O
LIVRO DOS ESPÍRITOS de Allan Kardec, temos um capítulo que trata da reencarnação
e mostra que ela é o mecanismo pelo qual desenvolvemos nossas potencialidades
intelectuais e morais ao longo de muitas e muitas existências. Mas, a
reencarnação não acontece apenas na espécie humana. Antes de o Espírito atingir
a condição de ser humano, ele já estagiou em espécies animais, milhões de anos
atrás, onde também reencarnava. Por isso, se torna mais difícil ainda saber
quantas encarnações alguém pode ter vivido ao longo de sua história muitas
vezes milenar.
Reencarnação é assunto muito longo. Dá para
falar dele durante muito tempo. Aliás, há inúmeras obras espíritas
especializadas nesse tema. Contudo, aqui, só damos uma pincelada geral para
atender a perguntas de leitores, como você, Ariovaldo, agradecendo sua grande colaboração.
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