Como explicar os terremotos, como esses que aconteceram no México? Vi uma notícia de um casal que levou seu filhinho para batizar e no momento em que todos estavam orando na igreja, o prédio desabou e todos morreram... Isso é só uma questão de carma ou existe algo mais? (Elaine)
Como
você sabe, Elaine, segundo a Doutrina Espírita, nada acontece por acaso. Esta
frase confirma a afirmação de Jesus de que nenhuma folha cai de uma árvore sem
que Deus o saiba. Portanto, a tragédia que atinge os interesse e as aspirações
humanas sempre tem explicação. Caso contrário, Deus seria injusto ao sacrificar
esse grupo de pessoas mexicanas que estava na igreja, manifestando sua fé por
meio do batismo, até mesmo essa criança que nem sabia porque estava lá. Por que
Deus, todo-poderoso, sacrificaria pessoas fracas e indefesas? Por que, assim
fazendo, ele dá um determinado tratamento a uns e outro tratamento a outros,
que jamais terão de enfrentar tamanha tragédia?
Aí
está, portanto, um motivo racional para acreditarmos que a Justiça Divina se
consolida através da reencarnação. Se as crianças, que morreram nesse terremoto
e que podemos contar às dezenas, não estivessem respondendo por atos do passado,
se fossem Espíritos inocentes criados apenas para esta vida, como explicar o
que lhes aconteceu? Pelo pecado que não cometeram? Afinal, elas não chegaram a
conhecer a vida, não tiveram tempo sequer de errar e tampouco de demonstrar qualidades.
Por que morreram dessa forma tão trágica, então?
Se
Deus criasse os Espíritos apenas para uma única existência na Terra, como
muitos ainda acreditam – com relação a essas crianças mortas trágica e prematuramente
– ele teria lhes aplicado uma pena, antes mesmo que elas cometem algum erro ou
fizessem por merecê-la. Por que, então, Ele escolheria justamente aquelas
crianças mexicanas e não outras milhões que existem espalhadas pelo mundo? Não
são crianças também? Por que escolheria precisamente aqueles pais? Para lhes
dar um céu depois desta vida? Será?
Mas
que céu é esse que alguns podem conquistar sem precisar passar por tudo isso,
enquanto outros precisam conhecer de perto as consequências sofridas dessa
calamidade? Por que essas crianças, e
não milhões de outras crianças no México e no mundo, teriam que ser
sacrificadas para obter a felicidade eterna? Para que se fizesse justiça não
seria necessário que todos partissem de uma mesma condição e enfrentassem mais
ou menos as mesmas dificuldades, como diz o bom senso? Que justiça é essa, então?
Logo, Elaine,
o que você chama de carma – e que, no Espiritismo, podemos chamar de prova ou
expiação – é a explicação mais racional para os efeitos danosos da tragédia do
México sobre aquelas centenas de pessoas que foram suas vítimas fatais – sem contar,
naturalmente, os feridos, os milhares de desalojados e o sofrimento moral que
envolve todas as famílias mexicanas. Se você quiser uma leitura muito
apropriada para este tema, consulte o livro OBRAS PÓSTUMAS, de Allan Kardec, o capítulo “Questões e Problemas – Expiações
Coletivas”.
É
evidente que existem vários tipos de causas para os problemas humanos e não
apenas a questão relativa às expiações e provas individuais. Um fato natural,
como um terremoto, pode ocorrer a qualquer momento, porque se trata de um fenômeno
geológico de acomodação das chamadas camadas tectônicas que se movimentam no
interior da Terra. Esse fenômeno faz parte do processo evolutivo do globo que
veio se realizando desde os primórdios e que hoje continua com menor
intensidade.
Como o
Ser humano é novo no Planeta, pois foi a única espécie animal que surgiu sobre
sua superfície há poucos milhões de anos, ele encontrou a Terra em melhores
condições de habitabilidade do que outras espécies animais que já estavam aqui
há muitos milhões de anos atrás e que, portanto, sofreram muito mais os efeitos
das grandes convulsões geológicas do passado. Hoje, com o aumento acelerado da
população, com as grandes áreas habitadas e principalmente com a ampliação das
áreas urbanas (ou seja, com as cidades), os estragos causam bem mais prejuízos
materiais e atingem um número maior de habitantes.
Mesmo
assim, Elaine, esses fenômenos naturais não acontecem senão porque o homem
precisa aprender a sobreviver, desenvolver sua inteligência, exercitar seus
bons sentimentos (como a solidariedade e o sentimento de coletividade que vemos
nessas situações), o que significa que mesmo da calamidade se tira uma lição
para a vida. Além disso, as coletividades precisam tomar consciência de que não
se deve facilitar diante dos fenômenos da natureza, mas tomar providência para
que aprendam a conviver com eles.
É por
isso que reencarnamos. A vida não termina com a morte, Deus sempre nos dá nova
oportunidade e, por isso mesmo, cada existência – tanto para o indivíduo como para
a coletividade - e especificamente para
os lideres políticos e governos, que precisam trabalhar mais pelos interesses
do povo, desenvolvendo programas sociais e educativos mais eficazes, a fim de
darem um impulso maior ao processo de evolução da Humanidade. São as nossas necessidades, muito mais que as
nossas opções, que nos obrigam a criar condições para que as gerações futuras
possam ter uma qualidade melhor de vida neste Planeta.
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