Quem assistiu ao filme CONAN,
O BARBARO deve se lembrar que a narrativa passa-se num tempo primitivo
e em determinado momento um líder enfrentado pelo personagem principal, desce
de seu trono e se metamorfoseia numa imensa cobra tipo Sucuri para lutar contra
seu inimigo. Apesar de ser parte da
trama vista como fantasiosa o fato é que um fenômeno de efeitos físicos
explicado pelo Espiritismo. O médium Chico Xavier no início dos anos 50
viajando por alguns dias por região litorânea do Rio de Janeiro, por exemplo,
foi o centro de fenômenos testemunhados pelos dois amigos que o acompanhavam na
pequena excursão para refazimento de suas extenuantes atividades profissionais
e mediúnicas. Um deles, Arnaldo Rocha, lembra que hospedados
num modesto Hotel da cidade em que se encontravam, foram convidados pelo
Benfeitor Emmanuel a desenvolver ali mesmo no quarto que os abrigava
atividades de enfermagem espiritual ou desobsessão e, ante sua estranheza
manifestada mentalmente se o local não era inadequado, ouviu do Instrutor que ‘aqui
e em todos os lugares. Sejam quais forem, são lugares que o Senhor nos oferece
para servi-lo’. Recordava-se Arnaldo, entre outros impressionantes
registros, que ‘houve o desfile de uma horda de criaturas satânicas, sórdidas e
cruéis. Seres em forma de répteis - fenômenos de Zooantropia. Homens e
mulheres que, por vício degenerativo de suas mentes, achavam-se travestidos,
exibindo grandes órgãos sexuais masculinos ou femininos’. Quem ler os
livros INSTRUÇÕES PSICOFÔNICAS e VOZES DO GRANDE ALÉM verificará que ao
final dos dois é apresentada uma estatística dos resultados alcançados. Nos
variados atendimentos efetuados nos anos compreendidos pelas reuniões relatadas
nas obras, verificaram-se manifestações de 47 entidades presas aos quadros da Licantropia,
transtorno psiquiátrico em que o indivíduo é convencido – ou se convence - a
transformar-se em algum animal. Embora a Ciência de nossa Dimensão diga ser esta
metamorfose irreal, o paciente acredita firmemente nisso. Na realidade do Plano
Espiritual, contudo, esse fenômeno se revela possível seja pela indução hipnótica de Espíritos
perversos como pelos desequilíbrios da
Entidade emocional e mentalmente doente. No livro LIBERTAÇÃO, um exemplo da primeira situação é descrita por André
Luiz reportando um julgamento realizado nas regiões inferiores de entidade
feminina rogando fosse liberta da culpa que carregava após ter confessado haver
matado ‘quatro filhinhos inocentes e tenros... e combinado o assassínio de seu
intolerável esposo’ e vê seu
julgador fixar sobre ela as irradiações que lhe emanavam do temível
olhar, e asseverar, peremptório ‘a sentença foi lavrada por si mesma! Não passa
de uma loba, de uma loba... Perplexo, André Luiz relata: - À
medida que repetia a afirmação, qual se procurasse persuadi-la a sentir-se na
condição do irracional mencionado, notei que a mulher, profundamente
influenciável, modificava a expressão fisionômica. Entortou-se-lhe a boca, a
cerviz curvou-se, espontânea, para frente, os olhos alteraram-se, dentro das
órbitas. Simiesca expressão revestiu-lhe o rosto. Via-se, patente, naquela
exibição de poder, o efeito do hipnotismo sobre o corpo perispirítico. Noutra
obra, ESCADA DE JACÓ do Espírito Inácio
Ferreira pelo médium Carlos Baccelli, um personagem
chamado Flavio, interno do Hospital dirigido pelo famoso médico
sofrendo alucinações por ter na recente existência sido qualificado como serial-killer,
em determinado momento, acometido
pelas agitações de seu estado passa a repetir ‘essas vozes e visões é que me
atormentam..., não suporto mais; tirem-me daqui!... Eu preciso de sangue para viver,
entenderam? Um vampiro – eis o que, de fato, sou! O sangue de vocês não me
serve; eu preciso beber sangue de verdade... Soltem-me! Não adianta me
prenderem... Deixem-me ir para a Terra! Eu sou um vampiro, um vampiro!’. Acrescenta
o autor: - E
assim dizendo, a se debater o serial-killer foi tomando a aparência de um
grande morcego: as faces
se lhe transformaram por completo, as orelhas afilaram-se e cresceram, os
braços cederam lugar a duas robustas asas e os pés se converteram em estranhas
garras... Nem nos filmes de ficção eu jamais presenciara algo parecido!’. André Luiz repassando a
explicação de um Benfeitor escreveu: - O perispírito,
para a mente, é uma cápsula mais delicada, mais suscetível de
refletir-lhe a glória ou a viciação, em virtude dos tecidos rarefeitos de que
se constitui’. Podemos
estar nos perguntando: Essas transmutações
alterando a estética do corpo espiritual ocorrem somente no Plano Invisível? André Luiz demonstra que não, reportando
fato por ele testemunhado: - A
pequena família se reuniu, ao redor da mesa posta, e a segunda esposa do médico
me impressionou pelo apuro da apresentação. A pintura do rosto, sem dúvida, era
admirável. O traje elegante e sóbrio, as joias discretas e o penteado
harmonioso realçavam-lhe a profundeza do olhar, mas rodeava-se ela de
substância fluídica deprimente. Halo plúmbeo denunciava-lhe a posição de
inferioridade.
Socialmente, aquela dama devia ser das de mais fino trato; contudo,
terminado o repasto, deixou positivamente evidenciada
sua deplorável condição psíquica. Depois de uma discussão menos feliz
com o marido, a jovem mulher buscou o sono da sesta, num divã largo e macio.
Intencionalmente, Maurício convidou-me a espreitar-lhe o repouso e, com enorme
surpresa, aturdido mesmo, não lhe vi os mesmos traços fisionômicos na
organização perispiritual que abandonava a estrutura carnal, entregue ao
descanso. Alguma semelhança era de notar-se, mas, afinal de contas, a senhora tornara-se irreconhecível. Estampava no semblante os sinais das bruxas dos velhos contos
infantis. A boca, os olhos, o nariz e os ouvidos revelavam algo de monstruoso. A própria
esposa desencarnada, ali presente em clamorosa revolta, não se animou a
enfrentá-la. Recuou semi-espavorida, tentando ocultar-se junto do filho.
Lembrei-me, então, do livro em que Oscar Wilde nos conta a história do retrato
de Dorian Gray, que adquiria horrenda expressão à medida que o dono se
alterava, intimamente, na prática do mal e, endereçando a Maurício olhar
indagador, dele recebi sensata elucidação: – Sim, meu amigo – disse,
tolerante – a imaginação de Wilde não fantasiou. O homem
e a mulher, com os seus pensamentos, atitudes, palavras e atos criam, no
íntimo, a verdadeira forma espiritual a que se acolhem. Cada
crime, cada queda, deixam aleijões e sulcos horrendos no campo da alma, tanto
quanto cada ação generosa e cada pensamento superior acrescentam beleza e
perfeição à forma perispiritica, dentro da qual a individualidade real se
manifesta, mormente depois da morte do corpo denso. Há criaturas belas e
admiráveis na carne e que, no fundo, são verdadeiros monstros mentais, do mesmo
modo que há corpos torturados e detestados, no mundo, escondendo Espíritos
angélicos, de celestial formosura. E designando a infeliz que se
ausentava de casa, semi-liberta do veículo material, acentuou: –
Esta irmã desventurada permanece sob o império de Espíritos gozadores e animalizados
que, por muito tempo, a reterão em lastimáveis desequilíbrios. Acreditamos que ela, sem fé renovadora, sem ideais santificantes e sem
conduta digna, não se precatará tão cedo dos perigos que corre e somente
se lembrará de chorar, aprender e transformar-se para o Bem, quando se afastar,
em definitivo, do vaso de carne, na condição de autêntica bruxa.
A ouvinte Angelina Benatti pergunta se o que sofremos neste mundo é
o escolhemos antes de reencarnar. Angelina, aprendemos no Espiritismo que o que
passamos nesta vida resulta de várias causas ao mesmo tempo, e uma dessas
causas certamente decorre do caminho que escolhemos. Primeiramente, devemos
considerar que existem causas atuais e causas anteriores de nossas aflições,
conforme O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Causas atuais são as causas desta
mesma vida em que estamos vivendo agora; elas surgiram, portanto, de erros que
cometemos durante esta encarnação. E podem ser até o mesmo o resultado de um ato
que acabamos de praticar neste momento.
Por
outro lado, devemos considerar como causas anteriores aquelas que não estão
nesta vida, que vieram de encarnações anteriores e das quais, portanto, não
lembramos. Quando, examinando a nossa trajetória na atual existência, não temos
como explicar um problema que está acontecendo conosco, é porque suas causas
estão em vidas passadas. Queremos crer, como os Espíritos disseram a Kardec, que
a maior parte dos problemas que estamos enfrentamos hoje, principalmente dos
contratempos que nos acontecem no dia a dia,
provem desta vida mesma. Muitas vezes erramos por imaturidade, por falta
de habilidade ou ignorância.
Nas suas
obras Allan Kardec classificou o sofrimento humano, o que ele chama de
aflições, em dois grupos, expiações e
provas. O que são expiações? As expiações decorrem de erros que cometemos; é a
resposta da natureza aos nossos equívocos, por ação ou por omissão. As provas, por
outro lado, seriam os sofrimentos que dependem apenas de nossas escolhas. Mas,
no geral, não é tão simples distinguir
uma coisa de outra em nosso dia a dia, já que cada um de nós passa por provas e
expiações durante a mesma encarnação.
Contudo, podemos considerar, a grosso modo,
que nós próprios fazemos o nosso caminho e, portanto, todo sofrimento decorre
do caminho que escolhemos, da maneira como vimos conduzindo a nossa vida, das
opções que fazemos, das metas que desejamos alcançar. Assim, não é difícil
prever qual será a trajetória de um homem de bem, honesto e trabalhador, como é
perfeitamente previsível, em termos gerais, qual será o futuro de um jovem que,
desde cedo, se entrega ao mundo da violência e do crime. Não é preciso ser
adivinho para prever o futuro de muita gente, pois o caminho já leva a um
determinado destino.
Neste
sentido, Angelina, podemos dizer que escolhemos nossa vida, porque a vida é
como um caminho que vamos abrindo no dia a dia em busca de nossas metas. Há
pessoas que, desde muito jovem, já estabelecem seus objetivos e tocam a vida em
frente; há outras que passam toda a vida, desperdiçando oportunidades, sem
saberem para onde vão. Tais condições dependem da maturidade do Espírito, do
seu nível de consciência moral. Alguns
se acomodam e usam seu tempo para nada; outros sabem utilizar seus talentos
para alcançar uma condição espiritual cada vez melhor.
Porém, um fato inesperado pode ser decisivo na vida da pessoa: uma
enfermidade crônica, um acidente ou mesmo a própria morte. Nestes casos, ainda
é preciso saber se o que aconteceu estava realmente previsto, como provações
que ela própria escolheu, ou se foi consequência dos erros e equívocos que veio
cometendo ao longo da presente encarnação. Logo, Angelina, o importante é que
estejamos atentos ao nosso desenvolvimento moral e vivermos tão bem quanto
possível com a própria consciência.
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