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sábado, 18 de abril de 2020

FECUNDAÇÃO; VALORIZANDO O CASAMENTO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR




  Temos duas perguntas sobre um mesmo assunto, e que nos foram enviadas por pessoas que pertencem a igrejas evangélicas. A primeira é a seguinte: “Na sua carta aos hebreus, falando sobre o sacrifício de Jesus pela Humanidade, Paulo diz no capítulo 9, versículos 27 e 28: “Assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois o juízo, assim também o Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação”. O Espiritismo, contudo, fala em reencarnação. Em que o Espiritismo se fundamenta para isso?
Com certeza não é nas palavras de Paulo. A Doutrina Espírita não se apega às letras do Novo Testamento, mas ao significado mais amplo da doutrina moral que Jesus ensinou. Com toda certeza, há 2 mil anos atrás, os conhecimentos humanos eram bem pobres e reduzidos, principalmente em se tratando de um povo sem projeção literária e que vinha cultivando sua própria crença que, naqueles momentos, não podia ser contrariada, sob pena de se estabelecer uma confusão.
 A doutrina de Jesus, contudo, era bem mais ampla do que a divulgada por Paulo. E Paulo certamente não tinha a obrigação de conhecer tudo, pois o próprio Jesus já havia dito que, no futuro, enviaria um Consolador que, além de reviver seus ensinos, diria muito mais coisas para as quais o povo não estava em condições de compreender naquele momento. Jesus, quando se referiu à reencarnação, por exemplo, sem querer chocar a velha crença da ressureição, tratou o assunto de forma superficial e velada, como vamos encontrar nos evangelhos.
  A crença na ressurreição dos mortos e no juízo final, caro ouvinte, vinha do povo persa nos séculos anteriores, povo que exerceu durante muito tempo um domínio político sobre os hebreus. Segundo o Zoroastrismo, religião persa, os mortos levantariam de seus túmulos e seriam julgados para serem condenados ou absolvidos de seus pecados. Conhecendo essa faceta da História (precisamos ler um pouco de História Antiga para entender isso), vamos perceber que os hebreus absorveram por completo essa forma de pensar, pois ela não existia antes, ao tempo de Moisés e outros profetas.
 Jesus, porém, não estava interessado na crença em si. Para ele, bastava que as pessoas confiassem em Deus e na vida futura. A força de seus ensinamentos, pois, estava na conduta moral das pessoas e não nos dogmas religiosos. Por isso, Jesus não chegou a tocar profundamente nessas questões e as tratou por alto, mais interessado em que as pessoas – fossem elas fariseus, saduceus, escribas ou samaritanos – tomassem consciência de que Deus é Pai e quer o nosso bem e, por isso, devemos agir como irmãos, amando uns aos outros.
 Por outro lado, a crença do povo era muito limitada. Eles precisavam acreditar em resultados próximos, imediatos, em coisas palpáveis, e a simplicidade de seus dogmas acabavam ajudando a se encontrarem com os ensinamentos morais de Jesus, porque todos tinham medo da condenação eterna. Se você estudar melhor o Novo Testamento, vai perceber que o povo acreditava que a ressurreição dos mortos e o juízo final estavam bem próximos; isto é, aconteceriam nos anos seguintes.  Leia no evangelho: “Não passará esta geração, sem que tudo isso aconteça.”
  Paulo de Tarso, que veio logo depois de Jesus, não o conheceu pessoalmente, mas, sendo um homem instruído, procurou interpretá-lo, ouvindo relatos de seus discípulos, principalmente de Pedro. E dentro da sua forma de pensar, Paulo acabou dando importante contribuição ao pensamento de Jesus, mas assim mesmo deteve-se no limite da compreensão daquele povo.
  Por outro lado, caro ouvinte, poderíamos dizer que “o homem só morre uma vez”, quando nos referimos à personalidade humana que nasce, cresce, desenvolve-se e morre, como todo ser vivo.  Mas o Espírito não morre e acaba retornando à vida; não mais com aquele corpo que morreu e que é completamente absorvido pela terra, mas em outro corpo que será concebido especialmente para a nova encarnação. O juízo, a que Paulo se refere, na verdade, é o julgamento infalível de nossa própria consciência, que se segue à morte do corpo e pelo qual cada um de nós vai passar.
 Em sua primeira carta aos Coríntios, capítulo 15, Paulo se refere à ressurreição de um corpo incorruptível, o que para nós, espíritas, é o períspirito ou corpo espiritual, que se segue à morte do corpo físico. Semeamos corpo corruptível e colhemos corpo incorruptível.  “Se o Cristo ressuscitou, todos nós ressuscitaremos” – disse ele: ou seja, após a morte, ressurgimos, não mais nesta vida material, mas na vida espiritual, de onde podemos deduzir que a ressurreição é processo pelo qual o Espirito ressurge na outra vida.
 Jesus, o enviado, veio das altas esferas espirituais trazer à Humanidade a sua mensagem de amor, que se consolidou a partir da sua vida, da sua renúncia, do seu sofrimento, martírio e morte, para que pudéssemos compreender a necessidade da transformação moral do homem. Certamente, ele – Jesus -  volta glorioso ao coração de cada um de nós, quando nós, humanidade, despertarmos definitivamente para uma nova maneira de viver, estabelecendo o Reino de Deus ou o Reino do Amor na Terra. É assim que o Espiritismo pensa.

Sobre o mesmo assunto da questão anterior, um outro ouvinte, que também pertence a um grupo evangélico, pergunta o que acontece com as pessoas que acreditam na ressurreição dos mortos e no juízo final, quando chegam ao mundo espiritual e percebem que a realidade não é nada daquilo em que acreditavam.
 Esta pergunta é bem oportuna porque nos ajuda a esclarecer um aspecto muito importante a que o Espiritismo dá especial atenção. Todos nós, sem exceção, vamos sair desta vida e adentrar o mundo espiritual. A forma como isso vai acontecer depende de uma série de fatores. Após essa passagem, alguns despertarão imediatamente para o mundo espiritual, outros demorarão mais tempo e outros mais ainda. No entanto, mais cedo ou mais tarde, todos vamos tomar consciência, um dia, de que não estamos mais vivendo na Terra, ou seja, não temos mais um corpo físico, somente o corpo espiritual.
 Esse momento de tomada de consciência depende de cada um.  Mas o que vai pesar sobre a nossa condição de desencarnado não é o fato de termos pertencido a esta ou àquela religião, de termos cultivado esta ou aquela crença. O que vale mesmo, para o Espírito desencarnado, é a sua condição moral; quer dizer: é o julgamento de sua própria consciência. É o efeito desse autojulgamento que vai determinar se nos sentiremos bem ou mal, felizes ou infelizes.
  O fato de acreditarmos nisso ou naquilo, de ter seguido esta ou aquela religião, por mais que possa incomodar, não tem o mesmo efeito sobre nós do que o sentimento de que fomos tomados ante o compromisso com a vida. Se a pessoa é cristã ou judia, budista ou mulçumana, espírita ou umbandista, isso não é relevante. Não é relevante nem mesmo o fato de não ter religião ou de ter sido um ateu convicto. O importante para ela nesse momento é o que ela fez e o que deixou de fazer, é o fato de se sentir bem consigo mesma por ter feito o bem que pôde ou de sentir culpada pelo sofrimento que causou nos outros. A religião, que professamos, serve para nos ajudar entender melhor as leis de Deus e avançar com mais facilidade.
  Uma grande curiosidade sempre chamou a atenção das pessoas sobre a questão da morte, e este é um ponto em que, quase sempre, as religiões se calaram, com exceção do Espiritismo, é claro. A propósito, nos últimos anos têm aparecido nas livrarias e também no cinema, relatos interessantes sobre pessoas que passaram pela Experiência de Quase-Morte ou EQM. A maioria desses casos vêm dos Estados Unidos e aconteceram em famílias de raízes protestantes, aqui chamadas de evangélicas. Citamos, por exemplo, filmes como “O Céu é de Verdade”, “Milagres no Paraíso”, “Salvo pela Luz” e outros, que têm levado muita gente ao cinema.
 Na verdade, todo mundo se interessa pela morte, mas a maioria das pessoas têm medo de tocar nesse assunto, por superstição, já que todos nós vamos morrer um dia. Pois é. Todos esses relatos sempre mostram casos de pessoas, que tiveram uma morte clínica por alguns minutos e, depois que voltaram à vida, contaram que foram para um paraíso, um lugar lindo e acolhedor, e lá encontraram parentes e amigos, que já haviam falecido. Essas visões passam a ser interpretadas como visões do céu ou do paraíso.
A questão, que se coloca, diante desses relatos, é justamente esta: e onde fica a ressurreição? onde fica o juízo final? Ressurreição e Juízo Final  são dogmas  que fazem parte da crença protestante de que, após a morte, o Espírito vai dormir e só vai acordar após a ressurreição de seus corpos, prontas para serem submetidas ao Juizo Final. Ora, se a Experiencia Quase-Morte está permitindo que as pessoas, logo após a morte, tomem contato direto e imediato com familiares e conhecidos, que já estão no céu, evidentemente que não há necessidade de se esperar a ressurreição e o juízo final.
 Interessante, se você, caro ouvinte, puder ver o filme ou ler o livro “O Céu é de Verdade”, autoria do pastor Todd Burpo, vai verificar que, embora com certa dificuldade, os fiéis de sua igreja – numa pequena cidade do Nebrasca, Estados Unidos  – acabaram aceitando a realidade do céu logo depois da morte, o que significa que dispensaram de vez as noções de ressurreição dos corpos e do juízo final. Como diz Kardec, as religiões, mais cedo ou mais tarde, acabarão por aceitar a realidade da vida espiritual e adequando seus ensinos às novas verdades que vão se tornando cada vez mais evidentes.
 O que podemos disso concluir: que, para o Espírito, o importante foi sua conduta na Terra. Os bons são recompensados por sua bondade, os maus acabam prejudicados pela sua maldade. Não é Deus é aplica o castigo, é a consciência moral de cada um. Quando ao que vamos encontrar do lado de lá, portanto, com certeza, teremos muitas novidades, algumas das quais podem mudar completamente as bases de nossa crença anterior, mas, com certeza, abrirá mais a nossa compreensão sobre a sublime mensagem de Jesus. Todos somos filhos de Deus e o Pai, como disse Jesus, nos ama a todos.


















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