Nosso companheiro
Maris colheu e nos trouxe a seguinte questão: “Diante do panorama político
mundial em que nos encontramos hoje, com o terrorismo de um lado e experiências
nucleares de outro, será que estamos próximos de uma guerra nuclear? E, se
houver, o que será da Humanidade?”
A questão que o Maris nos trouxe enseja algum
comentário à luz do Espiritismo. N’O LIVRO DOS ESPÍRITOS encontramos o tema que
tem relação direta com esta questão. Trata-se do questionamento que Kardec fez sobre
a guerra, questões 742 a 745. Os Espíritos disseram que a guerra é uma manifestação
instintiva do homem. Ela o reporta à sua fase animal, quando as diferenças são
resolvidas mediante violência e morte. Por isso mesmo, a história da humanidade
é praticamente uma história de guerras e conflitos de interesse.
Sempre
houve guerras entre os diferentes grupos e nações, porque cada um lutava pelo
seu próprio interesse, principalmente quando se tratava de interesses políticos
e econômicos. O econômico se refere à
disputa de riquezas e o político à luta pelo poder. Hoje, século XXI, depois da
maior guerra da história nos meados do século passado, não podemos negar que
houve um grande avanço para a conscientização geral pela busca da paz, mas
assim mesmo permanecem alguns focos de conflito que, de vez em quando são
acendidos, comprometendo a paz geral.
O mal é como uma doença insidiosa; é sempre difícil de extirpar. Precisamos
reconhecer que não vai ser fácil acabar com a guerra no planeta, pois, de uma
maneira geral, nós humanidade, ainda não percebemos que os interesses espirituais
devem prevalecer sobre os interesses materiais. Explicando melhor: enquanto alguns
países procuram dar mais conforto ao seu povo ( e até mesmo excesso de
conforto), outros povos vivem na miséria e na ignorância. Ainda não conseguimos
unir as nações em torno de um ideal superior para acabar com a pobreza e o
analfabetismo na Terra.
Desse modo, ainda existem grandes diferenças sociais
no mundo, diferenças que dão mais poder aos poderosos, os quais se mantêm cada
vez mais distantes dos pequenos. Além disso, dentro de uma mesma nação existem
dominadores e dominados. Tal situação, como sempre aconteceu, cria um estado de
animosidade e de desconfiança cada vez maior entre as nações e dentro de cada
nação, fomentando discórdias, alimentando a revolta e estimulando os
conflitos. Segundo Jesus, Buda e outros
grandes mestres da humanidade, não se alcança um estado de paz, sem a ação
consciente do bem.
Logo, não sabemos o que está para acontecer em
relação à paz mundial, mas sabemos que, enquanto o ser humano mantiver a mesma
postura de egoísmo e orgulho, alimentando preconceitos e provocando diferenças
significativas entre os homens, haverá perigo de guerra que, certamente, poderá
ter consequências imprevisíveis. Certa vez, logo após a 2ª. Guerra Mundial, que
deixou um saldo de mais de 60 milhões de mortos e muita destruição, perguntaram
à Einstein (um dos maiores cientistas de todos os tempos), como seria a 3ª.
Guerra, se viesse acontecer.
Einstein
respondeu que sobre a 3ª. Guerra ele não tinha muito a dizer, mas a 4ª. Guerra
- ele tinha certeza - seria a pauladas,
referindo-se naturalmente ao fato de que um conflito nuclear, com as
poderosíssimas armas de que o homem já podia dispor, destruiria quase que
totalmente a humanidade e todo o seu patrimônio material, trazendo o homem
novamente ao estado do homem primitivo, ou seja, fazendo com que a humanidade
tivesse que começar tudo de novo.
É claro
que não podemos ficar de braços cruzados. O homem de bem deve procurar se impor
pela sua conduta, pela sua força moral, ocupando inclusive lideranças capazes
de estimular os valores morais em favor da humanidade como um todo. Ainda há
muita gente interessada na guerra e na divisão. Por isso mesmo é necessário que
a população, de um modo geral, busque apoio nos políticos que já puderam dar
bons exemplos tanto na vida pública e quanto na vida privada, a fim de que se
façam legítimos representantes da sociedade.
Por outro lado, não podemos esquecer que a
chamada “guerra fria” que antecedeu a fase atual e que colocava em confronto os
interesses de duas grandes potências, os Estados Unidos e a União Soviética, começou
na década de 1940 e veio até 1990, deixando o mundo todo numa expectativa de
uma guerra nuclear eminente. No entanto, esta guerra não aconteceu, pois os
entendimentos (bem ou mal resolvidos) aconteceram na área diplomática. Desse
modo, esperamos que o mesmo se dê neste momento em relação às controvérsias que
ainda vigoram no cenário político internacional.
Do ponto de vista espírita, cabe ao homem
conduzir o planeta ao futuro e isso dependerá de seu discernimento e de sua
habilidade. A esperança é que novas
lideranças surjam no mundo para ajudá-lo na sustentação da paz. A verdade é
que, infelizmente, por causa de nossa teimosia em permanecer apegados aos
valores materiais, tenhamos que sofrer o impacto de grandes calamidades que
poderão abater sobre o planeta, para nos despertar para os verdadeiros valores
da vida.
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