Insistem
vários textos elaborados por estudiosos da questão da obsessão quanto à
gravidade do problema nos dias atuais, apontando-a como fator determinante de
muitas das violências, suicídios, depressões que engrossam estatísticas
atormentadoras da sociedade humana. Ignorado pela maioria das pessoas que se
mantem demasiadamente focadas nas atividades dessa Dimensão em que momentânea e
presentemente vivemos, o fato é que a origem de muitos desses eventos está na
influência exercida pelos Espíritos desencarnados, conforme revelação
resultante da resposta à questão 459 d’ O
LIVRO DOS ESPÍRITOS. No número de dezembro de 1862, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz
interessante estudo por ele desenvolvido, de onde destacamos alguns tópicos que
didaticamente facilitam a compreensão do problema: 1- O primeiro ponto que importa bem
se compenetrar é da natureza dos Espíritos, do ponto de vista moral. Não sendo
os Espíritos senão as almas dos homens, e não sendo bons todos os homens, não é
racional admitir-se que o Espírito de um perverso de súbito se transforme
(...). Mostram-nos as relações com o Mundo Invisível, ao lado de Espíritos
sublimes de sabedoria e conhecimento, outros ignóbeis, ainda com todos os
vícios e paixões da Humanidade. Após a morte, a alma de um homem de Bem será um
bom Espírito; do mesmo modo, encarnando-se um bom Espírito será um homem de
Bem. Pela mesma razão, ao morrer, um homem perverso dará um Espírito perverso
ao Mundo Invisível. E, assim, enquanto o Espírito não se houver depurado ou
experimentado o desejo de melhorar. 2- Sendo a Terra um mundo inferior, isto é, pouco adiantado, resulta que a
imensa maioria dos Espíritos que a povoam, tanto no estado errante, quanto,
encarnados, deve compor-se de Espíritos imperfeitos, que fazem mais mal que
bem. Daí a predominância do mal na Terra. 3- É, pois, necessário imaginar-se o Mundo Invisível
como formando uma população inumerável, compacta, por assim dizer, envolvendo a
Terra e se agitando no espaço. É uma espécie de atmosfera moral, da qual os
Espíritos encarnados ocupam a parte inferior, onde se agitam como num vaso.
Ora, assim como o ar das partes baixas é pesado e malsão, esse ar moral é
também malsão, por que corrompido pelas emanações dos Espíritos impuros. Para
resistir a isso são necessários temperamentos morais dotados de grande vigor. 4- Sabemos que os Espíritos são revestidos de um
envoltório vaporoso, que lhes forma um verdadeiro corpo fluídico, ao qual damos
o nome de períspirito, e cujos elementos são tirados do Fluido Universal ou
cósmico, princípio de todas as coisas (...). Esse períspirito não é confinado
no corpo como numa caixa. Por sua natureza fluídica, ele irradia exteriormente
e forma em torno do corpo uma espécie de atmosfera, como vapor que dele se
desprende (...). O períspirito é impregnado das qualidades, ou seja, do
pensamento do Espírito e irradia tais qualidades em torno do corpo. 5- O fluido perispiritual
é, pois, acionado pelo Espírito. Se por sua vontade, o Espírito, por assim
dizer, dardeja raios sobre outro indivíduo, os raios o penetram. Daí a ação
magnética mais ou menos poderosa, conforme a vontade, mais ou menos benfazeja,
conforme sejam os raios de natureza melhor ou pior, mais ou menos vivificante
(..). Aquilo que pode fazer um Espírito encarnado, dardejando seu próprio
fluido sobre uma pessoa, pode, igualmente, fazê-lo um desencarnado. 6- Credes que os maus Espíritos, que pululam no meio humano, esperam ser
chamados, a fim de exercerem sua influência perniciosa? Desde que os Espíritos
existiram em todos os tempos, em todos os tempos representaram o mesmo papel,
pois isto está na natureza. E a prova é o grande número de pessoas obsedadas,
ou possessas, se quiserdes, antes que se cogitasse de Espiritismo e de médiuns.
A ação dos Espíritos, bons ou maus, é, pois, espontânea. A dos maus produz uma
porção de perturbações na economia moral e mesmo física e que, por ignorância
da verdadeira causa, são atribuídas a coisas erradas. Os maus Espíritos são
inimigos invisíveis, tanto mais perigosos quanto não se suspeitava de sua ação.
Pondo-os a descoberto, o Espiritismo vem revelar uma nova causa de certos males
da Humanidade. 6- O Espiritismo não atraiu os maus Espíritos:
descobriu-os e forneceu os meios de lhes paralisar a ação e, consequentemente,
os afastar. Ele não trouxe o mal, pois este sempre existiu. Ao contrário,
trouxe o remédio ao mal, mostrando-lhe as causas. Uma vez reconhecida a ação do
Mundo Invisível, ter-se-á a chave de uma porção de fenômenos incompreendidos e
a ciência, enriquecida com esta nova Lei, verá novos horizontes abertos à sua
frente.
Uma ouvinte nos enviou alguns questionamentos. “O que que leva uma pessoa a espalhar tantas notícias falsas que correm pela internet? Será que elas têm alguma compensação? E o que leva as outras a aceitarem com tanta facilidade uma notícia e até repassá-la, sem se dar ao cuidado de pensar melhor sobre o que estão fazendo? Como é possível existirem pessoas que se aproveitam da crise para tirar lucros nas suas vendas e como é possível exploração num momento tão difícil pra todo mundo?”
Primeiro vamos falar de fake
News. Uma pesquisa do jornal Folha de S. Paulo sobre fatos relativos a janeiro
deste ano mostra que páginas de notícias
falsas engajaram cinco vezes mais do que as de jornalismo nas redes
sociais. Depois dos smartphones, as
notícias têm sido acompanhadas muito mais pelos celulares do que por meio da
televisão, do rádio e dos jornais – da mídia em geral. Além disso, predomina
uma acentuada tendência de as pessoas acreditarem no que veem e ouvem, sem
examinarem a origem da notícia. Por isso, as notícias falsas, hoje chamadas de
”fake News”, acabam tendo grande aceitação.
Na verdade, se existem maldade ou interesses próprios, inclusive
políticos, por parte das pessoas que
veiculam tais notícias, há muita ingenuidade ou boa fé de quem as aceita
facilmente. As pessoas não mudaram muito depois do advento dos celulares.
Antes, quando não havia esta facilidade de comunicação, elas já vinham
aceitando com extrema facilidade os boatos e as fofocas que se espalhavam de
boca em boca, sem questionarem a procedência, principalmente quando a intenção
atrás dessas notícias era causar escândalo ou prejudicar alguém. E hoje continuam do mesmo jeito, o que acaba
lhes criando insegurança diante dos acontecimentos.
Jesus de Nazaré, no seu tempo,
dois mil anos atrás, já alertava seus ouvintes contra a invasão de falsas
notícias. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” era seu lema, mas
ele mesmo mostrava não ser fácil buscar a verdade. Aconselhava, para isso,
prudência e sensatez. Antes, porém, a humildade, pois a humildade é a primeira
porta do bom conhecimento. “Sede mansos como a pomba (quer dizer, sede humildes
para aprender) e prudentes como a serpente (isto é, cauteloso para com tudo que
vedes e ouves). Nem tudo é verdade, do mesmo modo que nem tudo é mentira.
Fazia parte de seus discursos este chamamento de alerta: “Veja quem tem
olhos de ver, ouça quem tem ouvidos de ouvir”, e isso significa que deveriam
estar sempre espertos, porque não faltariam aqueles que distorceriam a verdade
– ou para encobrir seus interesses mesquinhos ou porque são pessoas que se
compraziam em mentir. A verdade, para Jesus, é o bem, é o amor. E, para ilustrar tais ensinamentos, ele
comparou essa busca com o cultivo do trigo e a invasão do joio, uma erva
daninha que atacava aquela cultura.
Ao fazer tal cooperação, Jesus
recomendava, acima de tudo, prudência. Prudência implica em paciência e
resignação. Por isso, ele falava que o bom agricultor não deve se precipitar em
arrancar o joio quando o trigo ainda está crescendo, pois nessa primeira fase,
ele não sabe se a planta tenra e macia é trigo ou joio, de modo que se não for prudente, levado pelo ímpeto de
arrancar o joio, arrancará também o trigo. É o que acontece em nossa vida,
quando fazemos julgamentos precipitados, cedendo diante de qualquer notícia.
Geralmente, as “fake News” são
impactantes, carregadas de emoção, que vêm dizer exatamente o contrário das
notícias que vêm sendo divulgadas. Diante de uma fake new, parece que tudo
muda, porque o que ela diz é novidade. Ante tal situação, que acaba abalando
emoções, devemos antes de tudo frear qualquer impulso de divulga-la de
imediato, pois é muito cedo para julgar ou para separar o trigo do joio.
Conforme recomendação de Jesus,
devemos dar tempo ao tempo, buscando em primeiro lugar nos certificar da origem
e das intenções da notícia. No uso do celular, muitos esquecem que podem
pesquisar mais a fundo, pelo próprio celular, o significado da notícia para
saberem se podem ou não aceitar uma notícia como verdade.
Uma notícia só pode conter verdades quando parte de várias fontes ao mesmo
tempo, ou quando podemos comparar, com isenção de ânimo, com outras notícias
que tratam do mesmo assunto e tenham vindo de fontes diferentes. Aceitar como
verdade uma afirmação que veio de uma única fonte, sem questioná-la, e sem nem
mesmo saber sua origem, é como atirar no
escuro querendo acertar o alvo.
Num momento de crise como este
devemos nos apoiar em fontes que inspirem confiança, sabendo que, mesmo assim,
sempre existem vários interesses conflitantes de pessoas ou grupos que se
utilizam de verdades para levarem vantagem. Existe um antigo ditado popular que
diz que “Em tempo de guerra, mentira é
como terra”. Então, cuidado! Sejamos, acima de tudo, prudentes, procurando
apoio na fé raciocinada e no sentimento da fraternidade, como nos ensina a
Doutrina Espírita ao reviver Jesus.
Tratando agora da 2ª parte da
questão, podemos dizer que os bons cidadãos, que estão fazendo algo pelo bem
coletivo, precisam compreender que, no seio de qualquer comunidade, as pessoas
são diferentes umas das outras e que, infelizmente, ainda não temos como
despertar a consciência da responsabilidade e do dever em todas e em cada uma
delas. No estágio moral em que a Terra se encontra há variadas tendências de
caráter, inclusive aqueles que se aproveitam das situações difíceis para
explorar o semelhante em proveito
próprio.
Essa, infelizmente, é uma
condição moral do nosso mundo que não conseguiremos mudar tão cedo, porquanto o
processo evolutivo, além de lento, é complexo. N‘O EVANGELHO SEGUNDO O
ESPIRITISMO, no capítulo “Há muitas moradas na casa de meu Pai”, Allan Kardec afirma que, mesmo chegando à condição
de Mundo de Regeneração ( que seria um passo além do atual Mundo de Provas e Expiações) ainda restaria
na Terra pessoas que se comprazem no mal e na ignorância.
Portanto, a diferença entre um mundo e outro mais evoluído estaria no
fato de que, no Mundo de Regeneração, o bem prevaleceria – ou seja, o bem seria
capaz de dominar o mal. Contudo, ainda estamos na fase de transição de um mundo
para outro, em que o bem já desponta com certa autoridade e com certa força
moral para dominar, mas ainda não atingiu a curva da mudança. Por isso mesmo é que hoje estamos passando
por esta grande comoção, justamente para nos tocar mais fundamente a alma e
estimular o lado bom que cada um tem para se manifestar em prol de um mundo
melhor.
Portanto, cara ouvinte, o fato de
estarmos vivendo um grande problema hoje – desencadeado pela disseminação de um
novo vírus e, ao mesmo tempo, encontrando sérias dificuldades para superá-lo –
seja por causa de pessoas de mau caráter, seja por conta da irresponsabilidade
de homens públicos, ou mesmo, porque ainda não conseguimos nos entender em
vários aspectos das soluções que pretendemos alcançar – caracteriza bem este
estado de transição planetária, que serve para lapidar os Espíritos e, na luta,
fortalecer aqueles que, de fato, alimentam elevados ideais e são capazes de
impulsionar o progresso.
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