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terça-feira, 14 de abril de 2020

SEXO ALÉM DA MORTE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR


“...seu filho anda partido em dois, tamanho é o meu anseio de realizar-me na condição de homem(...). Muitos rapazes se desligam facilmente desses anseios. Tenho visto centenas que me participam estarem transfigurados pela religião e outros adotam exercícios de ioga com o objetivo de cortarem essas raízes da mocidade com o mundo(...).Meu tio Ivo fala em amor entre jovens apenas usufruindo o magnetismo das mãos dadas, e até já experimentei, mas a pequena não apresentava energias que atraíssem para longos diálogos sobre as maravilhas da vida por aqui. Fiz força e ela também; no entanto, nos separamos espontaneamente, porque não nos alimentávamos espiritualmente um ao outro. Creio que meu caso é uma provação que apenas vencerei com o apoio do tempo(...). Dizem por aqui que os pares certos trocam emoções criativas e maravilhosas no simples toque de mãos; no entanto, estou esperando o milagre”. O desabafo foi feito por Ivo Barros Correia Menezes à mãe, em carta psicografada por Chico Xavier, seis anos após seu desencarne aos 18 de idade, quando o veículo em que se encontrava com amigos foi colhido por ônibus cujo motorista ultrapassou o sinal vermelho. Embora o sexo além da morte não tenha sido objeto de mais aprofundados estudos por Allan Kardec, os Espíritos que auxiliaram no cumprimento do programa desenvolvido através do médium de Pedro Leopoldo, deixaram importantes subsídios para nossas reflexões. André Luiz, por exemplo, acompanhando a benfeitora Narcisa num atendimento num dos pavilhões em que começava a servir na colônia descrita em NOSSO LAR (feb), atraído por gritaria próxima, foi contido por ela, no instintivo movimento de aproximação, ouvindo dela: “- Não prossiga, localizam-se ali os desequilibrados do sexo. O quadro seria extremamente doloroso para seus olhos”. MISSIONÁRIOS DA LUZ (feb), expõem situação verificada com  Marcondes que “no desdobramento natural do sono físico deveria estar em palestra proferida durante a madrugada pelo Instrutor Alexandre, em instituição localizada na Crosta e que é localizado em seu quarto de dormir, parcialmente desligado do corpo que descansava com bonita aparência, sob as colchas rendadas (...), revelando posição de relaxamento, característica dos viciados do ópio, tendo a seu lado, três entidades femininas” - definidas por André como da pior espécie de quantas já tinha visto nas regiões das sombras -, em atitude menos edificante, atraídas, segundo disseram pelos pensamentos curtidos pelo encarnado no dia anterior”.  O caso de Odila apresentado no ENTRE A TERRA E O CÉU (feb), mostra a situação de mulher desencarnada, evidenciando no corpo espiritual, o centro genésico plenamente descontrolado, não querendo senão o marido, em vista do apego enlouquecedor aos vínculos do sexo, que a paixão nada faz senão desvirtuar”. Segundo análise do Instrutor Clarêncio, embora “possua admiráveis qualidades morais, jazem eclipsadas. Desencarnou em largo vigor de seu idealismo, sem uma fé religiosa capaz de reeducar lhe os impulsos, justificando-se desse modo a superexcitação em que se encontra”. Calderaro, o Benfeitor apresentado em NO MUNDO MAIOR (feb), explica que “a sede do sexo não se acha no corpo grosseiro, mas na alma, em sua sublime organização”.  Na mesma obra, acompanhando tarefa socorrista efetuada em recinto reservado de um clube de dança, André observa: “-Algumas dezenas de pares encarnados dançavam, tendo as mentes absorvidas nas baixas vibrações que a atmosfera vigorosamente insuflava. Indefinível e dilacerante impressão dominou-me o Ser. Não provinha da estranheza que a indiferença dos cavalheiros e a leviandade das mulheres me provocaram; o que me enchia de assombro era o quadro que eles não vinham. A multidão de entidades conturbadas e viciosas que aí se movia era enorme. Os dançarinos não bailavam sós, mas, inconscientemente, correspondiam, no ritmo açodado da música inferior, a ridículos gestos dos companheiros irresponsáveis que lhes eram invisíveis”. Comentando a cena, o Orientador diz: “- Observamos, neste recinto, homens e mulheres dotados de alto raciocínio, mas assumindo atitudes de que muitos símios talvez se pejassem(...). Muitos deles são profundamente infelizes, precisando de nossa ajuda e compaixão. Procuram sufocar no vinho ou nos prazeres certas noções de responsabilidade que não logram esquecer”.  Finalizando, porém, destacamos um que de certo modo surpreende por sua peculiaridade. Provém do E A VIDA CONTINUA (feb), envolvendo Ernesto Fantini que, vários meses após ter desencarnado, ansioso, retorna ao lar que fora dele defrontando-se com um quadro que jamais poderia imaginar. Conta: “-Elisa – a esposa -, descansava... O corpo magro, o rosto mais profusamente vincado de rugas e os cabelos mais grisalhos. No entanto, junto dela, estirava-se um homem desencarnado”. Tratava-se de colega de infância, cuja amizade conservara adulto e que, embora também casado, pressentia nutrir atração anormal por sua esposa, a qual, a compartilhava. Anos antes, acreditava ter eliminado o rival numa caçada – na verdade atingido por tiro fatal desferido por outro – e, desligado compulsoriamente do corpo, passou a viver a partir de então  na casa e na cama com a pretendida  que o percebia pela ignorada mediunidade, ao longo do anos que se seguiram até aquele momento de reencontro”.

  Participação de uma jovem estudante, que não quis se identificar, mas fez este comentário. “Ouço falar tanto contra o preconceito hoje em dia, que o assunto já virou moda. Sei que existe uma luta contra isso, mas o fato está acontecendo todo dia, apesar dessa campanha. O problema não é melhorar as leis. As pessoas que precisam mudar. Eu mesma estou convencida de que o preconceito é uma aberração. Procuro me policiar. Mesmo assim tenho dificuldade.”

De um certo ponto de vista, você tem razão. O preconceito, sem dúvida, é um sentimento arraigado nos seres humanos, pois não nasceu ontem. Ele vem dos tempos mais remotos. Dizemos mais: esse impulso de rejeitar o outro, só porque esse outro é diferente, existe até mesmo entre os animais, segundo os estudos revelam. Logo, não é apenas uma questão cultural, como muitos imaginam; é bem mais profundo que isso. Não é somente uma questão de educação, aliás depende mais de autoeducação.
 Todos os esforços que a sociedade faz para erradicar o preconceito são válidos, mas ainda não são suficientes. Eles têm que vir acompanhados da conscientização de cada um, - uma postura pessoal diante dos valores espirituais - para que lutemos contra esse sentimento que ainda perdura que precisa ser eliminado, pois hoje não mais se justifica. É claro que as leis são necessárias, que as medidas legais são importantes, mas a educação é fundamental, principalmente a educação da criança ou das novas gerações, através da família, da escola, da religião e das demais instituições.
Talvez, na história, ninguém tenha se voltado tanto contra o preceito quanto Jesus, que nasceu justamente dentro de um povo onde os preconceitos eram muito presentes. Aliás, todos os povos antigos estavam eivados de preconceitos, o que justificavam para eles as guerras de conquista, a escravidão e a crueldade com que os inimigos eram tratados.  A Bíblia proclama um forte preconceito contra os deuses diferentes do deus de Israel. Mas o preconceito não era apenas contra o estrangeiro, ele vigorava de forma ostensiva dentro da própria sociedade.
 Um dos preconceitos mais fortes entre os hebreus era contra a mulher, pois ele provinha de uma postura religiosa, muito presente nas leis de Moisés. A lenda da criação do homem já dizia tudo quanto um hebreu devia saber a respeito da inferioridade da mulher. Basta ler o Gênesis na Bíblia. Jesus, porém, veio combater veementemente esse sentimento, colocando-se ao lado da mulher – principalmente as mulheres repudiadas, abandonadas, prostituídas pelos homens -  defendendo-a abertamente, pois sabia o quanto de discriminação e injustiça pesavam contra ela.
 Ainda hoje, passados 2 mil anos, nos ressentimos disso. Mas, com uma vantagem. Uma grande parte das pessoas, hoje, sabe dos malefícios do preconceito e da injustiça que existe em torno desse comportamento, que deveria ser definitivamente extirpado. Contudo, mesmo sabendo disso, devido à nossa inferioridade moral, embora proclamando os males do preconceito, mesmo apontando os erros e criticando esses atos que enojam nossa sociedade, ainda temos dificuldade extirpá-lo do nosso coração. Todos temos preconceitos e alguns se comprazem em cultivá-los.
 Não podemos nos satisfazer apenas apontando o preconceito dos outros. Isso é muito pouco. Precisamos, sim, nos esforçar para combater os nossos. Costumamos julgar levianamente as pessoas quando erram nesse sentido, muitas vezes nos surpreendemos refutando alguém porque não compartilha de nossas ideias, porque pertence a um outro grupo étnico, porque tem um comportamento sexual diferente do nosso, porque é negro ou mulçumano, porque é pobre ou analfabeto, porque é ateu ou pertence a outro grupo religioso.
 Dias atrás, numa reportagem de TV sobre o goleiro Bruno, condenado por um crime de uma modelo, o presidente do clube de futebol de Varginha, muito criticado por ter contratado o presidiário para jogar no seu clube – foi entrevistado por um repórter. A certa altura da entrevista, o repórter lhe perguntou, de forma irônica, ... e se a vítima do Bruno fosse sua filha? O presidente não titubeou e, como já tivesse a resposta na ponta da língua, respondeu: “Pois eu é lhe devolvo a pergunta: ... e se ele fosse seu filho?” Não houve resposta.
Como a gente percebe, prezada jovem, é muito fácil julgar os outros, a partir de nossos preconceitos. Aproveitando este exemplo de preconceito, perguntamos: “Se a sociedade fechar as portas a todos os presidiários que já podem trabalhar e aos que já cumpriram suas penas, o que esperamos que aconteça?” Veja como não é nada fácil resolver essa questão, sem um concepção e um sentimento de justiça, além da justiça dos escribas e fariseus, como disse Jesus.

















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