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quarta-feira, 29 de abril de 2020

UNIVERSO; LEMBRETES; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR






Vi uma notícia dizendo sobre um grupo de pessoas que está sendo preparado para rituais de exorcismos. O padre afirmou que eles estão fazendo o que Jesus fez, porque Jesus expulsou o demônio. Os espíritas não acreditam em demônio, mas também expulsam espíritos maus. Não é a mesma coisa?” – Pergunta da Daniela Suely de Oliveira)
  Há, de fato, nos evangelhos episódios referentes ao afastamento de espíritos maus de que Jesus se ocupou também. Os judeus do primeiro século acreditavam na existência do demônio como uma força especial do mal que se opõe a Deus. Essa crença vinha com o Zoroastrismo, na época em que os hebreus estiveram sob o domínio do império persa.
 Havia, naquele povo e naquela época, dois mil atrás, muitas crenças que, nas mais das vezes, ajudavam a aliviar o sofrimento do povo que, por sua vez, vivia procurando uma solução mágica para seus problemas. As doenças eram um grande problema, pois a medicina era muito precária. Acreditava-se, por exemplo, que as doenças eram causadas pelo demônio e que, expulsando o demônio, o paciente se curava.
 Embora em se tratando de uma visão simplista de vida, como também têm nossos índios, a crença no demônio tinha seus efeitos benéficos, embora não lhes trouxessem soluções definitivas. Jesus, no entanto, profundo conhecedor da psicologia humana, procurou não contrariar de frente essas ideias, talvez porque não visse condições de substituí-las por outra melhor naquele momento, sem abalar a fé do povo.
 Por isso mesmo, orientou seus apóstolos para o ajudarem nesse processo de desobsessão  (afastamento de espíritos inimigos) e, em algumas situações, mostrou que é possível afastar más influências espirituais combinando a fé com o amor. É o que faz hoje o Espiritismo, embora afirmando que demônio seja todo Espírito mal intencionado que se investe contra alguém.
 Todavia, a ideia de um reino do mal não existe no Espiritismo. Aliás pensar num poder do mal, capaz de encarar e enfrentar o poder do bem (que é Deus), é uma contradição lógica, pois, se tudo foi criado por Deus, tudo a Deus pertence e, como Ele é o poder e a bondade suprema, nada e nem ninguém tem o poder de se afastar de seu domínio, mesmo praticando maldades. Se isto acontecesse, Deus não seria todo poderoso, não seria bom e, portanto, não seria deus.
 Logo, para o Espiritismo só existe um poder e, portanto, um comando. O que nós chamamos de mal é apenas uma circunstância incidental, ou seja, decorre dos Espíritos imperfeitos que não atinaram para o caminho de sua própria felicidade. Esses Espíritos – e nós estamos entre eles – ainda não desenvolveram um senso capaz de compreender as Leis de Deus. Por isso,  cometem erros, causam sofrimentos aos outros e a si mesmos, sem, no entanto, perder a condição de filhos de Deus.
 Em última instância podemos dizer que os demônios somos nós, quando odiamos, quando somos indiferentes às necessidades de nossos irmãos, quando causamos prejuízos, quando não atinamos para o verdadeiro significado da vida.  Mas, como Jesus nos recomendou amar os inimigos, os demônios, que são os maiores inimigos, também devem ser amados, pois são nossos irmãos.
 Por outro lado, Daniela, a abordagem que o Espiritismo faz em relação aos Espíritos perturbadores ou perversos é diferente daquela que fazem os exorcistas. Para nós, o Espírito mau tem mais de ignorância do que de maldade. Nós, espíritas, os colocamos na mesma condição dos algozes que sacrificaram Jesus, lembrando que o Mestre não se revoltou contra eles, mas, pelo contrário: em seus últimos momentos, elevando seu pensamento a Deus, rogou por eles, dizendo: “ Pai, perdoa-os, porque eles não sabem  o que fazem”. Do mesmo modo, o que temos no centro espírita não é exorcismo, mas um processo de desobsessão, em que procuramos não apenas afastar o Espírito perturbador, que consideramos espiritualmente doente, mas ajudá-lo a reconhecer seus erros e voltar-se para Deus.

















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