Resgatado de forma racional
há um século e meio n’O LIVRO DOS
ESPÍRITOS, o princípio da reencarnação tem encontrado, há mais de quatro
décadas, no trabalho de inúmeros profissionais da saúde mental e comportamental
sua confirmação, ajudando a entender processos profundamente perturbadores a
pacientes submetidos às regressões de vidas passadas. No meio experimental
espírita, os chamados trabalhos de desobsessão amenizam ou livram outras tantas
pessoas de influências transtornantes, oriundas de vivencias mal resolvidas em
vidas passadas. Objeto de proibição por decreto político/religioso nos
primeiros séculos da institucionalização do movimento derivado do primitivo
culto aos pensamentos e ensinamentos preservados por seguidores do líder Jesus,
o correto entendimento dos mecanismos e
objetivos existentes sobre a reencarnação, representam a chave para a
compreensão da maioria dos conflitos humanos, individuais e coletivos. Alguns
dos conteúdos que confirmam que o próprio Jesus via com naturalidade a questão
está claro no diálogo dele com o senado Nicodemos, concluindo o diálogo entre
eles com a dizendo: -“Em verdade te digo: Ninguém pode alcançar o
reino de Deus se não nascer de novo”. (João 3, 3). Evidenciado está que
entre os que o acompanhavam a ideia da reencarnação era conhecida, pois, ao
indagar dos discípulos quem o povo dizia ser ele, lhe responderam: -“Uns
dizem João Batista, outros Elias, e outros ainda algum velho profeta
ressuscitado”. (Mateus, 16; Marcos 8; Lucas 9). Mais à frente noutro
diálogo afirma: -“É verdade que Elias deve retornar e restabelecer todas coisas; porém
vos declaro que Elias já veio e não o reconheceram e o trataram como lhes
aprouve (...). Então seus discípulos compreenderam que foi de João Batista que
Jesus lhes falara”. Registros históricos confirmam a existência
de vários documentos propondo a reencarnação como resposta à dúvidas não
explicadas de outra forma. Na civilização caldeia, mais antiga que a
egípcia, os magos admitiam que a alma evoluia por uma ascensão contínua em
direção à perfeição. Primeiro inconsciente, ela atravessava sucessivamente
todos os reinos da natureza antes de chegar à Humanidade, onde aparece com
faculdades intelectuais que adquiriu pouco a pouco no decorrer de suas
existências passadas. Ela é destinada a ainda desenvolver-se e a experimentar
milhares de degraus de inteligências mais elevadas”. Os hindus,
no seu BHAGAVAD-GITA, escrito segundo se supõem no século X a.C,
angustiado ante uma batalha em que deveria enfrentar como inimigos parentes, o príncipe Arjuna
é consolado por Krishna que lhe revela a doutrina das transmigrações dizendo: -“Esses
corpos perecíveis são animados por uma alma eterna indestrutível. Aquele que
crê possa ela ser morta ou matar engana-se. Aquele que penetrou o segredo de
meus nascimento e de minha obra divina nã mais retorna a um novo nascimento ao
deixar seu corpo, retorna a mim. Tive muitos nascimentos, assim como tu também,
Arjuna, eu os recordo a todos, porém tu os ignoras”. Sobre as crenças
encontradas entre os gauleses, o grande Imperador e conquistador Julio
Cezar no relatório Guerra
das Gálias mandou escrever: -“Querem, sobretudo, persuadir de que as
almas não morrem, mas passam, depois da morte, de uns para outros corpos”.
No Talmude, livro sagrado entre os hebreu, encontra-se preservada a ideia de
que “a
alma de Abel passou para o corpo de Set e depois para o de Moises”, ao
que o Zohar , um dos trabalhos mais importantes da Cabalá,
no misticismo judaico, aduz: -“Todas as almas são submetidas
às provas da transmigração. Os homens desconhecem a vontade do Alto com relação
a eles. Ignoram por quantos sofrimentos e transformações misteriosas devem
passar e quão numerosos são os Espíritos que, vindo a este mundo, não retornam
ao palácio de seu divino rei. As almas devem, por fim, novamente imergir na
substância de onde saíram; entretanto, antes desse momento, já devem ter
desenvolvido até o mais alto grau todas as virtudes cujo germe nelas
encontra-se latente; se esta condição não é realizada em uma única existência,
devem as almas renascer até que tenham atingido o grau de desenvolvimento que
torna possível sua absorção em Deus”. Segundo a Cabalá, “as
encarnações, ocorrem com longos intervalos entre si; as almas esquecem
inteiramente o passado e, longe de constituírem uma punição por suas faltas, os
renascimentos são uma bênção que permite aos homens purificarem-se”. Finalizando,
destacamos do TRATADO DOS MISTÉRIOS EGIPCIOS, também conhecido como JÂMBLICO, no capítulo 4, da seção IV:
-“A
Justiça de Deus não é absolutamente a justiça dos homens. O homem define a
justiça a partir das relações existentes em sua vida atual e de seu estado
presente; Deus a define relativamente a nossas existências sucessivas e à
universalidade de nossas vidas. Assim as penas que nos afligem são
frequentemente os castigos de um pecado cometido por nossa alma em vida anterior”.
- Maria Luiza pergunta: “Vi uma notícia, que me deixou preocupada. Uma mulher, condenada por assassinato dos pais, num crime brutal que abalou o país, foi designada missionária de uma igreja. Minha pergunta é a seguinte: mesmo sabendo que Jesus ensinou a amar os inimigos, até que ponto podemos confiar que esse inimigo, que se diz convertido, não vai se utilizar dessa condição para praticar o mal?”
Não temos dúvida
quanto à assertiva de Jesus, Maria Luíza, quando ele recomentou o amor até
mesmo aos inimigos. Aliás, se você abrir O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, no capítulo
11, vai encontrar o tema “Caridade para com os Criminosos” o que, em tese,
poderia justificar a atitude tomada pelo pastor em questão. Porém, segundo uma
regra do bom senso e as ponderações da Doutrina Espírita, não devemos assumir
atitudes precipitadas e indiscriminadas diante de toda e qualquer situação. No
capítulo 12 da mesma obra, “Amai os Inimigos”, Allan Kardec nos encaminha a
ponderadas considerações a respeito desse delicado tema.
Questionando a
recomendação de Jesus, muitos perguntam: mas como eu posso amar meu inimigo?
Basta ler esse capítulo d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, e ali vamos
encontrar uma resposta objetiva, lógica – no mínimo, convincente. E vamos
entender o porquê da insistência de Jesus na vivência do amor.
É claro que, como irmãos e filhos de um mesmo
Pai, temos por obrigação moral dar a todos oportunidade de reabilitação,
principalmente aos que caíram em erros clamorosos. Mas cada caso merece um tratamento
próprio, até porque uma atitude precipitada pode prejudicar o indivíduo ao
invés de ajudá-lo, contribuindo para que venha a transgredir novamente.
Por isso mesmo, achamos que esse pastor
deve ter recebido muita crítica por parte de quem não acredita na capacidade de
regeneração do ser humano.
Como não temos
como conhecer os reais propósitos da pessoa condenada e muito menos saber de seus
reais sentimentos, devemos agir com a cautela necessária para não provocar um
estrago maior; no caso, unindo a compreensão à sinceridade, sem que isso venha
a representar qualquer tipo de discriminação. Trata-se, evidentemente, de uma
precaução natural, para não complicar mais sua vida e a de outras pessoas.
Mesmo assim , a
atitude de nomear a condenada à missionária , de que você nos fala, cara
ouvinte, pode ter sido a melhor possível, considerando que ela pode atuar
diretamente junto aos seus colegas de prisão, mas também pode ter sido
precipitada, se lhe der chance de utilizar mal sua missão. Talvez pudesse haver
maneiras mais suaves e ponderadas de buscar uma solução adequada.
De qualquer forma, o pastor em
questão foi corajoso e se utilizou de um princípio do evangelho, assumindo o
risco, que é próprio daqueles que realmente acreditam nos ideais que
abraçam. Por isso mesmo, essas pessoas podem
ser extremamente úteis em momentos decisivos na vida de Espíritos decaídos que
precisam apenas de uma nova oportunidade