Poucos
sabem, mas, quando da eclosão dos fenômenos que deram origem ao Espiritismo, um
dos que surpreendiam eram os resultantes da mediunidade de cura.
Allan Kardec também dedicou atenção aos fatos ligados a essas ocorrências,
abstraindo várias conclusões expostas não apenas nas chamadas OBRAS
BÁSICAS, mas também em números da REVISTA
ESPÍRITA. A propósito das
doenças, a explicação da Doutrina Espírita sobre as doenças é que “pertencem às
provas e às vicissitudes da vida terrena. São inerentes à grosseria da nossa
natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos. As paixões e os
excessos de toda espécie, por sua vez, criam em nossos organismos, condições
nocivas, frequentemente transmissíveis pela hereditariedade” e que as
“doenças de nascença, sobretudo aquelas que tiram aos infelizes a possibilidade
de ganhar a vida pelo trabalho: as deformidades, a idiotia, a imbecilidade, etc
(...), são efeitos que devem ter uma causa, em virtude do axioma de que todo efeito
tem uma causa, e desde que se admita a existência de um Deus justo, essa causa
deve ser justa. A causa sendo sempre anterior ao efeito e, desde que não se
encontra na vida atual, é que pertence a uma existência precedente”.
A partir da farta documentação disponível, podem ser encontradas
informações importantes sobre CASOS DE CURA SEM AUXÍLIO DOS MÉDIUNS,
nas edições de fevereiro 1863; abril e setembro 1865 e CASOS DE CURA
INSTANTÂNEA nos números de dezembro, outubro e novembro 1866;
agosto, outubro e novembro 1867. Adotando um método compreendendo
procedimentos simples (1-evocação dos bons Espíritos, 2- recolhimento,
3- braços estendidos, 4- dedos esticados sobre o corpo do
paciente) foram registrados resultados surpreendentes para a época,
como os relatados nos números de janeiro de 1864: 1- Cura de nevralgia
violenta, após 5 minutos de emissão fluídica simples com as mãos; 2-Cura de uma sensibilidade aguda de pele, manifestada
15 anos antes, após emissão fluídica diária de 15 minutos, durante 35 dias e 3- Cura
de individuo acometido de epilepsia durante 25 anos, com crises diárias,
após 35 dias de emissão de fluido direcionado para estômago e nuca.
Dois importantes personagens espirituais da história do Espiritismo em seu
início, ofereceram suas opiniões sobre os requisitos imprescindíveis para o
êxito nos trabalhos mediúnicos em torno da assistência ao que convive com as
doenças. O primeiro, o conhecido médico Franz Anton Mesmer, que
em mensagem psicografada alinhou três sugestões aos candidatos a esse trabalho: 1- Vontade de curar desenvolve fluido animalizado e
espiritual; 2- Prece e
3- Curas milagrosas, se
devem à natureza do fluido derramado pelo médium através da imposição das mãos,
graças ao concurso dos bons Espíritos quando há fé sincera e pureza de intenção.
O outro, o Espírito Paulo, o Apóstolo que
alinha duas recomendações: 1- Fé sincera; desinteresse, humildade e perseverança e 2- A Prece que deve ser guia e ponto de apoio do médium.
As observações sobre o tema, permitiu
a Allan Kardec formular um conjunto de conclusões estampadas em
matéria apresentada em novembro de 1866: 1- Os médiuns curadores curam só
pela ação fluídica, em mais ou menos tempo, mas, às vezes,
instantaneamente, sem o emprego de qualquer remédio.2- O
poder curativo está nos fluidos depurados dos bons Espíritos para os quais os
médiuns curadores servem de condutores. 3- O exercício dessa
faculdade curadora só tem lugar com o concurso dos Espíritos. 4- A
mediunidade curadora pode curar algumas doenças, mas há doenças
fundamentalmente incuráveis e seria ilusão crer que a mediunidade curadora vá
livrar a Humanidade de todas as suas enfermidades. 5- A mediunidade curadora depende de uma
disposição orgânica, de forma que muitas pessoas a possuem ao
menos em gérmem, que fica em estado latente, por falta
de exercício e desenvolvimento. 6- A mediunidade curadora exige
imperiosamente o concurso dos Espíritos depurados. 7- Há, para o
médium curador, a necessidade de atrair o concurso dos
Espíritos superiores, se quiser conservar e desenvolver sua faculdade. 8- A
primeira condição para o médium curador é trabalhar em sua própria
depuração, a fim de não alterar os fluidos salutares que está
encarregado de transmitir ao doente, com completo desinteresse material e moral.
9- As qualidades do médium curador devem ser o devotamento, a
abnegação, a humildade, além do desejo
de fazer o Bem e tornar-se útil aos semelhantes. 10- A Mediunidade
curadora escapa completamente da lei sobre o exercício legal da Medicina,
porque não prescreve qualquer tratamento, é exercida pela influência pessoal do
médium. Este último enunciado é
passível de revisão, naturalmente, pelos impactantes fenômenos manifestados ao
longo do século que se seguiu após ter sido elaborado. De qualquer modo, dispomos
de excelente conteúdo para estudos e reflexões.
As
cruzes e as flores colocadas nos locais de morte por acidente nas estradas,
Maria Lúcia, são expressões do pesar e da fé dos familiares dessas vítimas.
Acreditamos que o ato em si de assim proceder, tanto pode satisfazer o que se
foram (porque eles vão se sentir amados, quando conseguirem perceber a
homenagem), como também os que ficaram, pelo fato de poderem manifestar assim
seus sentimentos em relação aos entes queridos.
Geralmente as vítimas fatais de acidentes não
tomam consciência do que lhes aconteceu durante muito tempo, até que se refaçam
do impacto da brusca mudança. Por outro lado, Maria Lúcia, a religiosidade do
povo brasileiro, inspiradas nos dogmas da fé católica, incentiva de alguma
forma tais manifestações, da mesma maneira que os túmulos são visitados e
enfeitados nos cemitérios por grande parte da população em atos de afeto e
respeito pelos que se foram. Como dissemos, o ato em si pode servir tanto aos
desencarnados, como aos encarnados.
Se
existe algum problema espiritual, ele não está propriamente na homenagem, mas
na condição espiritual das vítimas. Pode acontecer de alguns Espíritos
permanecerem no local do acidente, muitas vezes presos aos seus despojos, pelo
fato de ainda não conseguirem se desapegar de valores materiais, dos lugares, mas, em nosso
entendimento, não por causa da homenagem em si. Além do mais, por que um
determinado Espírito, que foi vítima de um acidente, quereria provocar outros e
envolver outras pessoas?
É
claro que, eventualmente, isso poderia acontecer. Não podemos descartas essa
possibilidade. Todavia, mesmo assim, não dependerá somente dele, mas
principalmente das condições espirituais das pessoas que transitarem por aquela
estrada com seus veículos, pois os Espíritos não têm poderes mágicos (nem para
o mal, nem para o bem). No máximo, eles podem contribuir para algum acidente,
quando encontram as condições de perturbação nos encarnados.
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