Um leitor se comunicou conosco para fazer a seguinte colocação: “Vi
um vídeo que diz que, de 100 em 100 anos, Deus manda uma epidemia para
despertar o homem para o caminho do bem. É uma maneira de conter a maldade humana
e fazer crescer a solidariedade entre as pessoas e as nações. Seria verdade? É
isso que o Espiritismo ensina?”
No
final do século XVIII, em plena revolução industrial, um economista inglês,
chamado Thomas Robert Malthus, despertou a atenção dos governantes para uma
questão intrigante: a ameaça que
representava o aumento acelerado da população em comparação com o reduzido
aumento da produção de alimentos.
Malthus previa que, em pouco tempo, a produção
de alimentos seria insuficiente para atender às necessidades de toda a
população. Todavia, ele também acreditava que tanto as epidemias ( doenças
infecciosas que se propagam rapidamente por várias regiões), quanto as guerras,
ajudavam a controlar o aumento da
população por fazerem muitas mortes ao mesmo tempo.
Citamos Thomas Malthus, porque até ele, que
era um sacerdote anglicano, percebeu existirem na natureza alguns mecanismos
reguladores da vida sobre a Terra e, certamente, as pandemias, provocando
milhares de mortes em pouco tempo, seria um deles. No Espiritismo aprendemos
que nada acontece por acaso, que todos os fenômenos que acontecem no mundo
concorrem para a realização dos desígnios divinos, uma vez que Deus é perfeito
e deve ter dado um sentido elevado à sua criação.
Não sabemos
dizer se realmente ocorrem pandemias de século em século, mas sabemos que, no
decorrer dos séculos, muitas delas aconteceram e ceifaram milhões de vidas em
cada um desses tristes episódios, de modo que a situação que estamos vivenciando
hoje com o coronavirus não é novidade na história do mundo. Há cerca de 100 anos atrás tivemos a pandemia
da gripe espanhola, que foi uma das mais arrasadoras da História.
Se você consultar o Google, por exemplo, vai
encontrar referências à peste negra do século XIV, ao cólera do século XIX, à
tuberculose dos meados do século XIV aos meados do século XX, à varíola, ao
tifo, à febre amarela, ao sarampo, à malária e muitas outras que vieram
acontecendo desde a antiguidade. Mais recentemente tivemos a AIDS, a partir da
década de 1980, que causou uma grande agitação no mundo.
A grande diferença entre as pandemias
anteriores e a que está acontecendo com a COVID-19 está no fato de que, hoje, a humanidade está
muito mais adiantada em termos de conhecimentos científicos e de tecnologia, e
isso nos coloca às mãos muitos instrumentos que podem ser usados para prevenir
o espalhamento muito rápido da doença.
No passado, como não tínhamos redes
hospitalares, nem médicos e enfermeiros suficientes, como não dispúnhamos desses
instrumentos tão necessários e preciosos para nos socorrer numa situação de
emergência, inclusive uma rede de comunicação tão rápida e eficiente, enquanto
a doença não fizesse milhões de vítimas, as coletividades não adquiriam a necessária
imunidade para deter sua marcha.
No mais, consideramos a vida como uma escola;
uma escola que ensina a viver, tanto os indivíduos como as coletividades e as
nações. Não é possível que, passando por tantas dificuldades, a nos exigir o
sacrifício de muitos dos nossos anseios, não venhamos a despertar a consciência
para novos valores de vida, substituindo
velhos hábitos que nos levem a viver com mais respeito e dignidade,
entendimento e compaixão uns diante dos outros.
Infelizmente, nós temos muita dificuldade em
aprender quando tudo parece estar bem em nossa vida. Precisamos passar por
dificuldades, sofrer perdas, padecer frustrações, conhecer situações de perigo
e, sobretudo, precisar uns dos outros, para compreender que devemos retomar os
ensinamentos dos grandes mestres da humanidade, sobretudo Jesus, a fim de
aplicarmos na vida os princípios de amor fraterno que eles ensinaram.
Nenhum comentário:
Postar um comentário