Esta questão veio da Adélia Jacinto dos
Santos: “Procuro entender por que
precisamos sofrer para encontrar Deus. A gente vai vendo tanto sofrimento no
mundo: pessoas abandonadas, aquelas crianças da África, o drama dos refugiados
e por aí afora... Mesmo a gente tendo uma religião, parece que não há nenhuma
compensação nesta vida. A vida é ingrata por isso: Jesus e os santos tiveram
que sofrer. Não existe ninguém que alcançou o céu, sendo feliz na Terra. Isso
desanima. Por que Deus traçou esse caminho para nós?
Para
responder sua pergunta Adélia, vamos nos basear em nossa própria vida aqui na
Terra. Começamos pela educação. Que futuro desejamos para nossos filhos? Com
certeza, queremos que sejam felizes, que sejam pessoas de bem, que tenham suas
famílias e vivam em harmonia com todos e cada um consigo mesmo. Desejamos,
também, que sejam bons cidadãos, que tenham boas profissões e nunca lhes falte
o necessário para viver com dignidade.
Pais
de bom senso pensam assim. Geralmente eles querem para seus filhos uma vida
melhor do que eles próprios (pais) tiveram. Mas, entre o querer e o fazer há uma
diferença. Pais podem desejar tudo de bom para seus filhos, mas para isso
precisam se empenhar para que eles aprendam a viver, cresçam, frequentem
escola, aprendam a trabalhar e conquistem uma vida independente. Em geral os
pais querem muita coisa boa para seus filhos.
No
entanto, se é isso que realmente desejam, eles precisam começar desde cedo a
educá-los. Educar é mostrar para eles que a vida não é fácil, que eles não
terão os pais para sempre, que precisam aprender a viver sozinhos, que não podem fazer tudo o
que querem, que não podem ter tudo o que desejam e, principalmente, que
aprendam a se esforçar para alcançar sua completa independência e venham a ser
úteis para a sociedade. Isso tudo se chama educação.
Uma
das primeiras conquistas da criança para alcançar sua independência, sua
autonomia, é quando elas, por volta de um ano de vida, sentem necessidade de andar.
Essa necessidade vai surgir naturalmente. E os pais estarão ansiosos para que
isso aconteça logo. Após a fase do rastejamento no chão e, depois, com a ajuda
de um andador, a criança se deparará com seu grande desafio: conseguir ficar em
pé e andar. Todos sabemos que atingir essa meta não é nada fácil. Não foi para nós, não é para
ninguém.
De
início, a criança se mostrará ansiosa, mas ao mesmo tempo insegura. Ela tem
medo de que suas pernas não suportarão. Então, com a ajuda dos adultos, um dia
ela vai conseguir se manter em pé e dar seu primeiro passo, sob os aplausos de
todos. Começa, então, a fase das quedas. Ela vai cair em alguns momentos. A
queda, de início, será vista como um perigo, mas com o tempo, os pais vão
aprender que é caindo que ela aprende a se levantar, ou seja, que aprende a
encarar e a resolver problemas. Quando a criança já tiver se acostumado com os
tombos, ela se levantará sozinha e terá realizado seu grande desejo, andar.
A
pergunta, que fazemos, Adélia, é esta: “Valeu a pena tanto esforço e tanto
sacrifício? A ansiedade, os sustos e as quedas valeram a pena? Não é assim,
ante os problemas da vida, que aprendemos a viver e a alcançar nossa autonomia?
“ Mas tudo isso só foi bom porque foi a própria criança que conquistou por seus
próprios méritos. Com certeza, ela precisou de ajuda, mas tendo atingido sua
meta, não precisa mais. Logo ela estará apta a ajudar os outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário