Veio do nosso Antonio Carlos Ioppe, a seguinte questão. O que o Espiritismo pensa sobre cartomancia?
Cartomancia, como todos sabem, é a leitura da
vida ou da sorte das pessoas através de cartas de baralho. Trata-se de uma
prática muito antiga, que se reporta a mais de mil anos, conforme relatos.
Segundo os cartomantes a leitura das cartas se faz através de significados
especiais que se lhe atribuem e da combinação dos vários significados entre
elas.
Primeiramente devemos deixar claro que não
faz parte da prática espírita ocupar-se de revelações dessa natureza. Logo, o Espiritismo não usa cartas e nem qualquer
objeto ou ritual com o fito de fazer revelações ou impressionar. Quando o
espírita, mesmo sendo um médium, atende a uma pessoa para ajudá-la, não o faz
com o objetivo de lhe trazer revelações extraordinárias, nem quanto ao seu passado
e muito menos quanto ao seu futuro, porque essa não é a finalidade da doutrina.
O
papel do Espiritismo ( e isso está muito claro desde as obras de Allan Kardec) é, sobretudo, orientar as pessoas para os
valores espirituais com base no ideal de fraternidade, para que elas encontrem maquis
serenidade e possa atinar para o melhor caminho de solução. Quando,
eventualmente, acontece alguma revelação a alguém que chega ao centro, essa
revelação se dá pela percepção natural do médium e porque naquele momento ela é
necessária. Mas fazer revelações sobre o futuro não é uma prática espírita usual.
A
mediunidade é uma faculdade humana ( e ela não apenas dos espíritas, mas de
todo mundo) que pode proporcionar, em algumas circunstâncias, informações para ajudar
a pessoa a se fortalecer, a se situar melhor na vida e a encontrar caminhos com
vista à solução de problemas. Além do mais, o Espiritismo não se utiliza de
nenhum objeto ou instrumento, nem de vestes ou rituais para atuar em favor
daqueles que o procuram.
Quem
chega ao centro espírita, buscando ajuda, vai encontrar um ambiente simples, sem
ornamentos, sem cerimoniais e sem mistérios, Nada que possa impressionar, mas
tudo que possa deixar a pessoa à vontade. Ela vai ouvir falar sobre a vida
espiritual, sobre reencarnação, sobre a justiça divina e, principalmente, sobre o
evangelho de Jesus, que nos traz tanto conforto ao coração nas horas difíceis, pois
a mensagem espírita tem por objetivo levar conforto e discernimento a todos.
Quanto
à prática da cartomancia, Antonio Carlos, se formos dar nossa opinião a
respeito, diríamos que não são propriamente as cartas que revelam algo oculto
da vida do consulente ou que possam lhe dar alguma direção. Quando isso
acontece, é pela mediunidade do cartomante, e não pelas cartas em si. Como
objetos inanimados as cartas não são dotadas de nenhum poder mágico, mas elas
podem, em certos casos, serem manipuladas por uma pessoa dotada de uma
percepção mais apurada, da qual podem surgir curiosas revelações.
No
passado distante da Humanidade, quando as pessoas eram mais emocionais que
racionais, fraquejadas diante de situações difíceis, elas recorriam a quem prometia
revelações e soluções mágicas para seus problemas e que se utilizavam de
diversos rituais para fazer previsões. A leitura de cartas, portanto, podem ter
se originado do ritualismo praticado pelos videntes ou médiuns, que queriam dar
um ar de mistério ou de misticismo às suas sessões.
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