Uma
ouvinte anônima faz a seguinte colocação:
“Gostaria de saber o que o Espiritismo pensa sobre o marido trair a mulher. Ela
deve exigir a separação ou deve perdoar e continuar com ele assim mesmo? O que
vocês acham?”
O papel do Espiritismo, cara ouvinte, não é
dar respostas prontas ou soluções aos nossos problemas, mas ajudar-nos a
encontrar nossas próprias respostas e soluções. Cada caso tem suas
peculiaridades, cada pessoa é uma pessoa, cada casal ou cada relação é um caso único e exclusivo.
Qualquer resposta, num caso como esse, seria imprudente e insensato, pois para
o Espiritismo nenhum problema nos atinge por acaso. Os problemas acontecem exatamente para
desafiar a nossa capacidade de solução.
Quando levamos em conta que não somos apenas
seres humanos, mas somos sobretudo Espíritos imortais, que a vida não termina
com a morte e nem nossas relações com a separação ou divórcio, que viemos de
experiências anteriores a esta vida e retornaremos a ela em outras circunstâncias,
o leque das possibilidades se ampliam e aí veremos os problemas de outro
ângulo. A Doutrina Espírita, dando uma ampla visão do que é verdadeiramente a
vida, coloca-nos nas mãos ferramentas
próprias para que, com elas, possamos construir melhor o nosso destino.
Qual é a moral que o Espiritismo ensina? Sem
dúvida, a moral de Jesus que recomenda o perdão. Mas só falar em perdão não
basta: é preciso ver como isso acontece e de que forma esse perdão se dá dentro
de cada um de nós. Muitos que afirmam perdoar, na verdade, continuam
alimentando ódio contra o ofensor nos recônditos da alma; muitos, que se
esforçam por perdoar de verdade, ainda não conseguem perdoar nem a si mesmos.
Desse modo, o mais importante não é que dizemos ou parecemos, mas o que vai de
fato vai dentro de nós, ou seja, em nossas intenções. Ninguém valorizou tanto
as nossas intenções quanto Jesus.
Logo,
simplesmente decidir pela continuidade do casamento pode nada ter a ver com o
perdão. Às vezes, essa continuidade se dá apenas por conveniência, para manter
as aparências; de outras, se a falta é do marido e a mulher não quer a
separação, ela pode apenas estar tolerando uma incômoda convivência, mas não se
esforça o suficiente para melhorar seus sentimentos em relação a ele. O
problema, portanto, não é apenas decidir ou não pela separação, mas é o
sentimento que permanece além das aparências.
Contudo,
como dissemos, se o erro de um cônjuge acaba desencadeando uma crise conjugal,
embora esse erro – mais cedo ou mais tarde – tenha que ser reparado, ele não
acontece por acaso. Acontece conosco, seres humanos, porque ainda precisamos
passar por tais experiências. Por mais que a vítima ( no caso, a esposa) se
rebele contra a situação, ela está aprendendo com a experiência, a ponto de
exigir que também faça uma análise mais profunda de sua vida, para verificar se
não contribuiu para a existência do problema.
Logo, cara ouvinte, não há resposta simples e
objetiva para um problema complicado e cheio de obscuridade. O que o
Espiritismos nos oferece são os esclarecimentos sobre as leis da vida, sobre a
necessidade de nosso melhoramento moral em busca do verdadeiro amor, para que
cada um de nós se conscientize de que, se não pode mudar os outros, no máximo,
pode mudar a si mesmo, lembrando sempre da forma como Jesus se comportou diante
da multidão e da mulher que estava sendo acusada de adultério.
No mais,
para sermos mais práticos, sugerimos que essa esposa não se precipite em tomar
decisões apressadas, ainda sob o impacto emocional do problema que está
vivendo. Toda vez que decidimos no calor das emoções corremos o risco de tomar
decisões de que mais tarde vamos nos arrepender. Deve procurar ajuda de pessoas
ponderadas e amigas. Pode, por exemplo, ir ao centro espírita conversar sobre
isso, a fim de colher outros pontos de vista e aclarar melhor a sua mente. Há
mensagens e livros que podem ser indicados para dar um norte mais seguro e
prudente que, com certeza, a ajudarão a superar esse momento da forma mais
equilibrada possível.
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