Entrevistado em julho de
1976 pelo jornalista gaúcho Fernando
Worm, questionado se Nostradamus devia ser levado a sério, o Espírito Emmanuel recomenda – o que faria em
outras ocasiões – a leitura O LIVRO DE
JONAS, o menor dos Livros do ANTIGO
TESTAMENTO. Na ocasião, Chico Xavier
toma da Bíblia ao lado de sua mesa e lê o
texto inteiro, acrescentando que se vê que o futuro de um povo pode ser modificado por suas ações e propósitos,
vaticínio válido para todos os tempos.
Surpreendentemente 46 anos antes, um pioneiro do Espiritismo, Cairbar de Souza Schutel revelava num de seus livros aspectos
certamente não observados pelos espíritas de gerações anteriores e posteriores
a ele: JESUS refere-se ao mesmo
texto para repassar-nos orientações. Cairbar,
descendente de suíços imigrados para o Brasil, renasceu na cidade do Rio de
Janeiro – então capital do País - em 1868, desencarnando em Matão, estado de
São Paulo, 70 anos depois. Órfão de pai aos 10 anos, de mãe, seis meses depois,
criado pelo avô, aprendendo o ofício de Pratico de Farmácia, entregou se a uma
vida de boemia e dissipações típicas da localidade, fortemente influenciada
pela cultura francesa, batendo às portas da Tuberculose, o que o fez decidir
por radical mudança aos 23 anos embarcando no trem da Central rumo à capital
paulista e dali na direção da ultima estação da linha cumprida pela Estrada de
Ferro da Companhia que instalara e explorava esse meio de transporte:
Araraquara. Desembarcando procura saber o endereço da melhor farmácia ali trabalhando
por dois anos, demitindo-se por não aceitar repreensão do patrão, mudando-se
para Piracicaba, onde católico, testemunha fenômenos mediúnicos praticados sob
a influência do Espiritismo; retorna a Piracicaba, faz rápida passagem por
Itápolis, fixando-se, por fim em Matão onde, em 1905, funda com amigos o Centro Espírita Amantes da Pobreza, no
mesmo ano o jornal O CLARIM com o
objetivo de levar aos mais simples os conhecimentos da Nova Revelação, enfrenta
perseguições movidas por representantes da Igreja Católica, envolver-se em
polemicas publicas; envolve-se na politica local, fundando em 1925 a REVISTA INTERNACIONAL DO ESPIRITISMO -
a RIE – propondo-se a atingir um
publico mais intelectualizado. Autor de 20 livros, entre os quais O ESPÍRITO DO CRISTIANISMO, continuação
de PARABOLAS E ENSINOS DE JESUS. No décimo
oitavo capítulo do primeiro intitulado O
SINAL DE JONAS, o grande líder destaca por sinal numa sequência as
referências de JESUS ao livro do
Profeta quase desconhecido. A primeira citação pertence ao EVANGELHO de LUCAS, em seu capítulo XI, versículos 29-32: - “Como afluíssem as multidões, começou a
dizer: Esta é uma geração perversa; pede um sinal, e nenhum sinal se lhe dará,
senão o de Jonas. Pois assim como Jonas foi
um sinal para os ninivitas, assim também o Filho do homem o será para esta
geração. A rainha do Sul se levantará no juízo, juntamente com os desta
geração, e os condenará; pois veio dos confins da Terra para ouvir a sabedoria
de Salomão. Os ninivitas se levantarão no juízo juntamente com esta geração, e
a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas e aqui está quem é
maior do que Jonas”.
A
segunda referência é do EVANGELHO de MATEUS,
capítulo XVI, versículos 1-4: - Chegaram os fariseus e
saduceus e pediram um sinal do Céu a Jesus, para o experimentar. Mas ele
respondeu: - À tarde dizeis: teremos bom tempo porque o céu está avermelhado; e
pela manhã: hoje teremos tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio.
Sabeis, na verdade discernir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais
dos tempos? Uma geração má e adúltera pede um
sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o de Jonas. E deixando-os se retirou”. Cairbar destaca ainda do EVANGELHO de MARCOS, o capítulo VII, versículos 11-13:
"Saíram
os fariseus e começaram a discutir com ele, procurando obter dele um sinal do
Céu, para o experimentarem. Ele, dando um profundo suspiro em espírito, disse:
Porque pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta geração
nenhum sinal será dado. E deixando-os, tornou a embarcar e foi para o outro
lado”. O próprio Cairbar resume a estória de
Jonas: Depois da morte de Elizeu, os dons
proféticos explodiram em Jonas, e foi ele enviado pelo Espírito chefe de Israel
a Nínive, onde o povo vivia em grande dissolução, a fim de fazer que aquela
gente se arrependesse e mudasse sua norma de proceder. Nínive, capital do
Império da Assíria, vivia, de fato, mergulhada, como se observa hoje em nosso
País, na impiedade e na idolatria.
Jonas tinha conhecimento de tudo e desejava mesmo, segundo se
depreende do seu livro, ver Nínive arrasada. O profeta não se conformou,
primeiramente, com as ordens que recebera do Alto; muito aborrecido da missão
de que fora revestido, saiu de sua cidade para Tarshih, comprou passagem e
embarcou.. Em alto-mar fez-se um grande vento e caiu uma tempestade. Todos
atribuíam aquele fenômeno a uma ação superior que tinha por motivo algum dos
tripulantes ou passageiros, do barco. Lançaram sortes para ver quem era
causador daquele mal e a sorte indicou Jonas. Este, arrependido de haver
contrariado as ordens que receberas disse que desejava ser lançado ao mar. A
ordem foi executada e a tempestade cessou, como por encanto. Três dias depois
Jonas era atirado às praias de Nínive. Não se sabe como, mas o profeta dizia
que viera no ventre de um grande peixe; quem sabe algum bote o levou à praia?
Jonas rende, então, uma sentida ação de graças pelo seu
salvamento, faz uma prece muito tocante, e, novamente, ouve a voz que lhe
ordena entrar em Nínive, que da praia ainda distava três dias de viagem.
Novamente Jonas quer recusar obediência á Voz que lhe fala, mas a Voz é
imperiosa e afinal o profeta cede, percorrendo as ruas e batendo em todas as
portas clamando: "Arrependei-vos
e fazei penitência porque daqui a 40 dias Nínive será arrasada; cada um deixe
os seus maus caminhos; quem sabe se o Senhor não vos perdoará ainda e não vos
salvará da morte?"
O povo, como era costume daquele tempo, cobriu-se de cinza,
cingiu-se de cilícios e retrocedeu do caminho mau em que ia. Até o rei
estremeceu, fez penitência e lançou um édito para que o povo deixasse os maus
caminhos.
De fato, em vista da nova atitude dos ninivitas, nada aconteceu.
Jonas, que havia apregoado o arrasamento da cidade, julgando ter sido vítima de
um espírito mentiroso, ficou muito triste, saiu da cidade e ficou sob uma palhoça
que levantou, e clamava pedindo a morte. Nesse ínterim, nasceu uma mamoneira da
noite para o dia, com ramaria já extensa e cheia de folhas, mas um bicho
ataca-a e ela morre imediatamente! A situação melancólica de Jonas se agrava
porque aquela mamoneira era a sua joia, digamos mais, o produto de seus dons
mediúnicos de materialização, pois uma mamoneira em uma só noite não nasce e
lança folhas a ponto de ultrapassar a altura de um homem, Jonas irrita-se,
blasfema, e a voz lhe responde: "Crês correto te apaixonares por causa da aboboreira que não
trataste e na qual não trabalhaste, nem fizeste crescer, que nasceu numa noite,
e numa noite pereceu?" Pensas
que eu não havia de ter compaixão de Nínive, na qual se acham mais de cento e
vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão esquerda e a mão
direita, e ainda onde há muitos animais?(Jonas,
IV, 9-11.)
O SIMBOLISMO
Mensagem de Iavé – Sintese proposta
por Jesus dos 10 Mandamentos: AMAR A DEUS SOBRE
TODAS AS COISAS E AO PRÓXIMO COMO A SI MESMO
NINIVE, capital da Assíria - a Humanidade
Jonas – qualquer
um de nós
A recusa e o desvio para Tarsis – inconformação e fuga aos compromissos, bem
como, o medo de expormos nossos pontos de vista aos que agem e não pensam como
nós
Barco – Campo
de lutas através da reencarnação
Sono –
Exaltação dos Sentidos e nossa tendência a fugir das coisas espirituais, de
DEUS e não tomar conhecimento de advertência alguma.
Medo diante do Perigo – Conflito resultante da sensação de duvida quanto a decisão
tomada de mudarmos o curso
A Baleia –
Encontro conosco mesmos.
A prece – O
reconhecimento de um PODER SUPREMO
A praia e a atribuição da Missão – oportunidade renovada
O contrariado cumprimento da tarefa – rebeldia
O discurso da destruição prometida caso não mudassem de vida – a presunção de que nossa verdade é superior
a do DEUS em que nos escoramos e apoiamos na ânsia de superioridade
A frustração pela não ocorrência da destruição – egoísmo, lembrando a informação do
capítulo XVIII de A GÊNESE sobre haver muitos ‘maria vai com as outras’
Saída da cidade improvisando
abrigo exposto ao causticante Sol para observar eventuais desdobramentos: 1- DUVIDA DE TER SIDO ENGANADO 2-
AUSÊNCIA DE FÉ no procedente do Mundo Espiritual crendo-se vitima de um
Espírito Mistificador 3- INCAPACIDADE DE ACEITAR que outros mereçam
atenção de DEUS. 4- OPORTUNIDADE DE SE CONFRONTAR E QUESTIONAR diante
do próprio egoísmo
Causticante Sol representa
nossa exposição ao ambiente conturbado de um MUNDO DE EXPIAÇÃO E PROVAS
Aparecimento e desaparecimento da Mamoneira simboliza - apesar de nossa presunção e
ilusão - quanto a relatividade da nossa participação na Obra de DEUS visto que
o tempo se incumbirá de ir apagando os vestígios do que tivermos feito.
O desejo de morrer manifestado sempre que contrariados nos nossos anseios,
representa nossa resistência em lutar e buscar a vitória sobre nos mesmos
Anderson Lima, a participação de hoje. O Anderson pergunta o seguinte: “Quando a gente se arrepende de um erro que cometeu e nunca mais vem a cometer esse mesmo erro mas, ao contrário, procuramos corrigir esse defeito, essa mudança já não é suficiente para merecer o perdão de Deus?”
A Lei de Deus é perfeita e,
assim sendo, ela abarca cada um de nossos atos de uma forma plena,
considerando-o de todos os ângulos possíveis, e isso já não acontece com a lei
humana. Vamos dar um exemplo: Um homem agride violentamente outro homem e é
flagrado pela lei. Indiciado, julgado, a justiça o condena à a uma pena que ele
acaba cumprindo. Independente da pena sofrida, a vítima resolve processá-lo
judicialmente e ele terá que pagar uma soma em dinheiro pelo prejuízo causado.
Vamos supor que o autor do
delito realmente cumpra a pena que lhe foi imposta e pague a indenização que a
lei estabeleceu. Diante disso, ele fica quite com a lei humana e não tem mais o
que pagar. No entanto, o homem, que foi
vítima da agressão, apesar da aplicação da justiça humana, permanece odiando
seu agressor. Mesmo depois da morte, ele leva esse ódio consigo, pois não
consegue o esquecer o mal que o adversário lhe causou, por causa da dor moral
que atormenta sua alma. Mais cedo ou
mais tarde, ele resolver vingar-se ou fazer justiça com as próprias mãos.
Neste caso, embora tudo
tenha se revolvido à luz da justiça humana com o cumprimento da pena e o
pagamento da indenização, ainda restou muita coisa para ser resolvida ante a
Justiça Divina. Isso quer dizer que, no campo do sentimento, o caso não ficou
resolvido. Ainda há algo a fazer para que ocorra a chamada reconciliação entre
adversários. Foi por isso que Jesus recomendou que nos reconciliássemos com o
nosso desafeto enquanto estamos a caminho com ele. Assim, é possível que o
agressor venha a se arrepender do que fez, mas, ao que tudo indica, ele não
resolveu o principal da questão, não se reconciliou com aquele a quem ofendeu e
não recebeu seu perdão.
Portanto, Anderson, em
Doutrina Espírita aprendemos que a solução definitiva de um problema dessa
ordem requer não só o arrependimento, mas também a reparação e, por último, a
reconciliação que necessariamente deverá ocorrer um dia. E, no exemplo citado,
embora tivesse havido uma tentativa de reparação material com o pagamento da
indenização, a maior das reparações não é reparação dos prejuízos materiais,
mas é a reparação moral, que é bem mais complicada. A vítima tornou-se um
inimigo ameaçador e o agressor passou a ser perseguido pelo seu ódio.
A reparação e a
reconciliação vêm depois do arrependimento. Ela serve para reaproximar agressor
e vítima em termos de sentimento. Se isso não for possível numa existência e o
ofendido relutante desencarnar antes do ofensor, ele poderá vir a obsidiá-lo,
na tentativa de prejudicá-lo, simplesmente porque se sente ferido em seu
orgulho e que não aceita perdoá-lo. Se mais essa tentativa ainda não der certo,
vítima e réu ainda poderão se encontrar numa próxima encarnação, muitas vezes
dentro da mesma família, como pai e filho por exemplo, a fim de, esquecendo o
passado, tenham chance de refazer suas relações.
Desse modo, Anderson, a
principal questão não é tanto a de ordem material, mas a de ordem espiritual. É
aqui que entram as duas questões: a da culpa do agressor e a da mágoa do
agredido. Talvez, o fato de se encontrarem numa situação de conflito possa
ajudá-los a se reencontrar consigo mesmos e um com o outro, procurando desfazer
a contenda para que ela se transforme em conciliação e aceitação fraterna. Logo,
embora o arrependimento seja importante, ele não basta por si só. Sem a
reparação moral, na verdade, o problema não fica resolvido.
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