Gostaria de saber se o Espiritismo é religião?
Vamos
responder sua pergunta com outra pergunta, caro ouvinte: o que você entende por
religião? Se você entende religião como um
conjunto de artigos de fé em que as pessoas têm que acreditar cegamente e não
podem questionar, então o Espiritismo não é religião. Se você entende que
religião é uma organização humana dirigida por sacerdotes ou iniciados, que tem
chefes e uma escala hierárquica de pessoas que determinam o que os fiéis devem
acreditar ou não, neste sentido o Espiritismo não é religião.
Se
você entende religião como uma instituição que dirige uma multidão de fiéis,
que devem seguir certos rituais, orar em templos e observar determinadas
práticas consagradas, sacramentos e atos solenes de adoração, caso contrário
estarão condenadas à perdição eterna, nesse sentido o Espiritismo não pode ser
uma religião. Se você entende religião como uma intermediária exclusiva de Deus,
único caminho de salvação, fora da qual não há bem nem verdade e tampouco Deus,
neste sentido o Espiritismo não é religião.
Se
você entende religião como um repositório de verdades eternas, que determina o
que é e o que não é sagrado, que exige total e perfeita obediência aos seus
princípios, preocupada exclusivamente em aumentar o número de seus adeptos e
aumentar seu rebanho para que sejam conduzidos ao céu, mas sem se preocupar em
melhorar ou aperfeiçoar o caráter dessas pessoas, sem se empenhar para que elas
se tornem melhores, que respeitem todas
as crenças e todas as formas de pensar, também neste sentido o Espiritismo não
é religião.
Quando, certa vez, perguntaram a Allan Kardec
se o Espiritismo é religião, ele respondeu que sim, apenas no sentido
filosófico da palavra religião, pois a principal finalidade do Espiritismo é
religar o homem a Deus; não apenas pela palavra ou pela frequência a templos,
não somente pela forma de adorá-lo ou por práticas religiosas festivas e convencionais,
mas pela sua boa conduta diante do próximo, pelos atos de respeito ao
semelhante, pela prática efetiva do bem - ou seja, pela melhoria de suas qualidades
morais, de conformidade com as recomendações de Jesus.
Logo,
caro ouvinte, podemos dizer que o Espiritismo é religião sim, mas somente no
sentido ético-moral ( ou seja, no sentido de que se tornem pessoas melhores),
pois para o espírita Deus é uma realidade presente, com que todo ser humano –
seja ele qual for, esteja onde estiver – como seu filho, pode se comunicar a
qualquer momento, não apenas com palavras e gestos de adoração e louvores, mas mediante
o exercício do amor ao próximo ou de compromisso com o outros, meta que está ao
alcance de qualquer pessoa.
Entretanto, mais que uma religião, o
Espiritismo é uma doutrina de uma abrangência ampla – desde a filosofia à
ciência (abrangendo todas as áreas do conhecimento humano), pois é uma doutrina
que está interessada em que seus seguidores compreendam aquilo que devem crer e
não aceitem cegamente qualquer verdade que lhe queiram impor. Insiste, portanto, em que não aceitemos
verdades que não compreendemos, submetendo tudo ao crivo da razão e bom senso,
razão pela qual o entendimento das leis da vida é fundamental para a formação
da verdadeira fé espírita.
Para o
Espiritismo, considerar-se espírita ou de qualquer religião, crente ou ateu, não
tem valor para o seu progresso espiritual, se a pessoa não se esforçar o
bastante para seguir no dia a dia de sua vida – quer no âmbito de sua família,
no seu local trabalho ou nas suas
relações sociais - as lições ensinadas
por Jesus de Nazaré, que se resumem no “amai-vos uns aos outros” para fazer a
vontade de Deus. Leia, para começar,
FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, de José Benevides Cavalcante; depois estude
as obras de Allan Kardec.
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