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sexta-feira, 22 de maio de 2020

SOBRE A GUERRA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR


O dia 4 de junho de 1859 marcou a História da França como o da Batalha de Magenta em que o envolvimento do País através da sua Legião Estrangeira foi decisivo na Segunda Guerra de Independência da Itália contra o  domínio austríaco, questão definitivamente resolvida no dia 24 do mesmo mês, após o confronto conhecido como Batalha de Solferino envolvendo perto de 200 mil soldados durante mais de nove horas, o que resultou em 2492 mortes, 12512 feridos e 2922 capturados ou desaparecidos. No número da REVISTA ESPÍRITA de julho de 1859, Allan Kardec, na seção Palestras Familiares de Além-Túmulo apresenta matéria intitulada NOTÍCIA DA GUERRA revelando, entre outras coisas, um dado curioso: a permissão do governo francês para os jornais apolíticos darem notícias da guerra. A partir de nota da fonte oficial Moniteur, pensa em interrogar algumas das gloriosas vítimas da vitória, presumindo pudessem ministrar algumas indicações úteis. Não conhecendo nenhum dos participantes da batalha mais recente, pede aos Espíritos responsáveis pelas reuniões da Sociedade Espírita de Paris, a princípio na sessão de 10 de junho, providenciassem alguém, considerando ser preferível a presença de um estranho a de amigos ou parentes, dominados pela emoção. Na ocasião, 36 perguntas foram propostas ao comunicante que se identificou como Joseph Midard, soldado de Infantaria, morto, na verdade por envenenamento após ingerir uma ameixa concentrada, provisão calórica fornecida aos combatentes. Da curiosa entrevista, destacamos algumas das informações fornecidas por Mirrard: 1- Não se reconheceu no momento da morte, por estar tão atordoado que não chegava a acreditar;  2- Por não se julgar morto, seguiu combatendo durante a batalha que se travava; 3- Sentia-se apenas muito leve; 4- Por não acreditar na morte, não via os Espíritos dos que morriam na batalha; 5- Acredita que a multidão de Espíritos dos que tombavam no conflito, tinham a mesma reação que ele; 6- A reunião nesse mundo dos Espíritos, não impedia que continuassem lutando durante algum tempo, conforme seu caráter; (Nota de Kardec observa que “isto concorda com o que temos registrado nos casos de morte violenta em aquele que assim  se desliga do corpo físico não se dá conta imediatamente de sua situação, não se julgando morto. Acrescenta que tal fenômeno é entendido facilmente quando se pensa nos sonâmbulos que não acreditam que estão dormindo por não haver suspensão de suas faculdades intelectuais e, pensando, pensa que não dorme, só mais tarde se convencendo, quando familiarizado com o sentido ligado a este vocábulo. Entende dar-se o mesmo com um Espírito surpreendido pela morte súbita, quando nada havia preparado para a separação do corpo, já que para ele a morte é sinônimo de destruição, de aniquilamento. Ora, desde que vive, sente e tem ideias, não se julga morto, sendo necessário algum tempo a fim de se reconhecer.) 7- Grande quantidade dos que morreram há mais tempo se mostravam interessados no resultado da batalha, visto que tais combates são preparados com muita antecedência e que os adversários não se manchariam nos crimes, como se mancharam, se a isto não tivessem sido empurrados, em vista das consequências futuras; 8- Havia, portanto, interessados na vitória dos dois lados, exercendo influência muito considerável sobre os combatentes, da mesma maneira por que tal influência é exercida pelos Espíritos desencarnados sobre os encarnados; 9- Indagado se como Espírito assistindo a um combate, poderia proteger um de seus companheiros, desviando-lhe um golpe fatal, respondeu não estar em suas possibilidades, visto que a hora da morte é fatal, nada a impedindo àquele que por ela tiver de passar, do mesmo modo que ninguém pode atingir aquele para o qual a hora não tiver soado.  Na semana seguinte, reunião de 17 de junho, nova evocação, resultando em outros interessantes esclarecimentos: 1- Apresentava-se envergando na reunião o uniforme que o identificava no batalhão a que servia, sem saber explicar como, apenas que era roupa fornecida por outro Espírito; (O Espírito São Luiz, tratando da realidade do Mundo Espiritual diz que “o Espírito age sobre a matéria, tirando da matéria primitiva – o Fluido Cósmico Universal – os elementos necessários para, à vontade, formar objetos com a aparência dos diversos corpos existentes na Terra. Também pode sobre a matéria elementar, e por sua vontade, operar uma transformação íntima, que lhe dá determinadas propriedades. Esta faculdade é inerente à natureza do Espírito – os inferiores a possuem – muitas vezes a exercendo, quando necessário, como um ato instintivo, do qual não se dá conta”). 2- Revira o corpo abandonado no campo de batalha, experimentando tristeza ante essa visão; 3- Tivera conhecimento de existência anterior na qual fora simples negociante de peles indígenas. 

  Questão proposta pelo Cristiano, residente na cidade de Vera Cruz: “Qual a relação entre a frase “o amor cobre a multidão de pecados” com a Lei de Ação e Reação?”

Na verdade, Cristiano, quando Pedro proferiu essa frase, “o amor cobre a multidão de pecados”, ele quis dizer que todos podemos compensar nossos erros com o amor, e isso, sem dúvida, decorre da Lei de Ação e Reação, também conhecida como Lei de Causa e Efeito ou Lei da Causalidade.
Essa questão é quase matemática, pois nesse caso, os pecados, significam dividas e os atos de amor significam pagamentos. Por maior a dívida contraída, quando começamos a pagá-la, mesmo que seja em suaves prestações, automaticamente vamos amortizando o montante a pagar, até a cobertura total da dívida, o que certamente vai exigir algum tempo. Quanto tempo? Isso depende do ritmo de crescimento espiritual de cada um.
Do ponto de vista moral, Cristiano, pecar quer dizer “errar contra alguém, causar-lhe prejuízo, moral ou material”. Segundo o Espiritismo, por maior o prejuízo que causamos, por maior a dor que provocamos no outro, sempre haverá oportunidade de cobri-los, ainda que seja em longas e suaves parcelas de amor. Amor aqui, no sentido que Jesus usou esta palavra , é o amor fraterno, incondicional. Portanto, não é amor contemplação ou simplesmente amor declaração, mas o amor-ação que, no Espiritismo, damos o nome de caridade.
  Muita gente ainda pensa que caridade é apenas dar esmola ou socorrer alguém num momento de necessidade. Isso também é caridade, mas está longe de ser toda a caridade a que Jesus se referiu, quando falou do amor fraterno, do amor que respeita, que compreende, que se solidariza e até que se sacrifica em favor do próximo, como o samaritano da parábola.  Só a reiterada prática desse amor é capaz de anular os efeitos do pecado, à medida que vai amortizando e, portanto, diminuindo a dívida moral.
 No Espiritismo dá para entender bem esse mecanismo de amortização ou quitação gradativa da dívida pela lei da reencarnação. Isso porque não é possível alguém se redimir de seus erros e cobrir tudo que deve a todos numa única existência. Quase sempre levamos para a outra vida problemas não resolvidos, pendências não satisfeitas, em face do mal causado. Mas, reencarnando, passamos a ter oportunidade de ir cobrindo essas dívidas através da prática do bem, que é a única forma de manifestar o amor fraterno.
Fica clara, portanto, a frase de Pedro, quando fala que o amor cobre a multidão de pecados, pois isso acontece, não apenas numa existência – que, por sinal, pode ser muito curta – mas ao longo das existências sucessivas pelas quais o Espírito endividado vai passando. À medida que ele vai se despertando para os valores espirituais, fazendo o bem e evitando o mal ( ou seja, amando), ele vai se sentindo liberto da opressão que tanto suas vítimas, como sua própria consciência, exercem sobre ele.
Em última análise, Pedro quis dizer que o amor é o único caminho da felicidade ou da bem aventurança. Logo, todos os ensinamentos de Jesus  se resumem no amor fraterno, incondicional e sobretudo ativo, realizador, que é a caridade.  “Fora caridade não há salvação” – eis o lema da Doutrina Espírita,  Por isso o mandamento maior,  amai-vos uns aos outros, pois somente amando o próximo, que é filho de Deus, podemos amar a Deus.




























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