Lançado em 1857, ampliado em 1860, O LIVRO DOS ESPÍRITOS, inclui na
abordagem sobre a Lei da Liberdade, o tópico Escravidão, sistema que contava com
crescente movimento desde o início do século 19 para sua extinção. Em quatro
respostas, a Espiritualidade Superior esclarece que “toda sujeição absoluta de um
homem a outro é contrária à lei de Deus, sendo a escravidão um abuso de força
que desaparecerá com o progresso, como, pouco a pouco, desaparecerão todos os
abusos”. Disseram ainda que mesmo pertencente aos costumes do povo, “o
mal é sempre o mal” e “nem todos os sofismas farão que uma ação má
se torne boa. Salientam que a desigualdade natural das aptidões de
certas raças dependentes das raças mais inteligentes, existe “para
que essas elevem as inferiores e não as embruteça ainda mais na escravidão”,
sendo “culpados também aqueles que tratam seus escravos com humanidade, pois atendem
melhor seus interesses, como o fazem com seus bois, cavalos, a fim de tirar
mais proveito, usando seres humanos como mercadorias, privando-os do direito de
se pertencerem a si mesmos”. Comentário publicado em jornal paulista de
grande circulação (25/0/14), chama a atenção para o livro UM CRIME TÃO MONSTRUOSO
publicado pelo jornalista norte-americano Benjamin Skinner. Centrado em expor
um problema social ignorado pela maioria das pessoas, a obra chega a assustar
pelos números surpreendentes que revela. Objetiva revelar a escravização de
seres humanos na atualidade. No Brasil, vez ou outra, é denunciada o uso desse
tipo de mão de obra por grupos imigrantes latino-americanos ou asiáticos, especialmente
em oficinas de costura ou propriedades rurais. Telenovela recentemente
apresentada em horário nobre pela maior e mais influente rede de televisão do
País, chamou a atenção para o aliciamento de mulheres para a prostituição,
inclusive internacional. Há a prostituição infantil motivada pela fome no norte/nordeste,
ignorada pelo sudeste/sul. Publicamente são ignorados dados estatísticos que
permitam uma ideia mais precisa da dimensão do problema, mas Skinner
diz que no Brasil, anualmente, perto de 5 mil escravos são resgatados
pela ação das autoridades. Skinner, contudo, leva-nos a um
cenário dantesco ao redor do mundo, mostrando a
exploração braçal e brutal de milhares ou milhões de seres humanos trabalhando
em plantações ou pedreiras ao som do chicote. E os números demonstram que a
escravidão até o século 19 envolvia muito menos seres humanos que atualmente. A
emissora alemã Deutsche Welle, a décima maior emissora do mundo, com transmissões
em 30 idiomas, entrevistou Benjamin
Skinner que entre
outras inacreditáveis informações diz que “escravos hoje são muito mais baratos do que
em qualquer outro momento da história da Humanidade”. Considera que “a
escravização de seres humanos, apesar dos mais de trezentos tratados
internacionais e convenções exigindo o fim da escravidão e do comércio de
escravos, ainda é um desafio do mundo moderno”. Estima haverem entre
12,3 e 27 milhões de pessoas nessa condição atualmente. Define como
característica de escravo, “pessoas forçadas a prestar um serviço,
mantidas ilegalmente e ameaçadas com violência, sem pagamento, em esquema de
subsistência que não podem fugir de seu trabalho”. Falando do seu
perfil, diz serem “oriundos de comunidades profundamente empobrecidas, socialmente
isoladas, tendem a ser jovens, do sexo feminino, com acesso restrito a educação
e saúde, enquanto outras vivem em áreas onde o domínio da lei é fraco e
criminosos podem tirar vantagem de sua vulnerabilidade e isolamento para lucrar”.
Informa que “são usados em todos os ramos da indústria, da agricultura e do setor
de serviço, a maioria forçada a trabalhar para quitar uma dívida, em muitos
casos herdada de um ancestral”. Buscando dados em quatro continentes,
diz ter “recebido, em Porto Príncipe, no Haiti, a oferta de um menino de 12
anos por 50 dólares, tendo presenciado ofertas de 45 dólares na África do Sul.
Salienta que com “1,1 bilhão de pessoas subsistindo com menos de um dólar por dia, a oferta
de potenciais escravos é ilimitada”. Aponta “o sul da Ásia e a Índia em
particular como a região onde existe a maior concentração deles Nos Estados
Unidos, a maior parte vem do – ou através - do México, sendo usadas na execução
de trabalhos manuais e domésticos”. Em outras regiões “crianças
são obrigadas a lutar em guerras civis brutais, enquanto homens e mulheres,
espoliados, são obrigados a produzir componentes de produtos de consumo que
você talvez tenha em casa”. Concluindo lembramos comentário de Allan
Kardec sobre a questão 803 d’ O
LIVRO DOS ESPÍRITOS: -“Todos os homens são submetidos às mesmas
leis naturais, nascem com a mesma fragilidade, sujeitos às mesmas dores, o
corpo do rico se destruindo como o do pobre”. Todos iguais diante de
Deus.
São
várias as pessoas que estão fazendo perguntas, como esta: “Na situação como a que estamos vivendo neste momento, o mundo todo está
com medo do coronavirus, muita gente doente, outros morrendo, como que os bons
Espíritos podem nos ajudar?”
Há dois pontos
que podemos destacar nesta questão. O primeiro é que nada acontece por acaso e
que, portanto, esse surpreendente aparecimento do novo vírus – seja qual for a
sua origem – deve ter acontecido num momento em que a humanidade está
precisando refazer seus planos e sua forma de se conduzir. Em todo fato natural
há dois lados: aquele que traz sofrimento e aquele que ensina. Preferimos valorizar
mais o que ensina, até porque tudo que é bom exige esforço e até sacrifício de
nossa parte.
Os Espíritos
responsáveis pelo avanço da humanidade, certamente liderados por Jesus, devem
saber o porquê estamos passando por esta dificuldade neste momento. E eles veem
o lado útil do fato, embora entendendo o nosso desconforto. Como bons
professores que se interessam pelos alunos, o que eles querem do homem?... discernimento, seriedade, trabalho, ação. Mas eles querem, sobretudo, que essa
experiência ajude o homem a se transformar, tornando-se mais fraterno e mais
solidário com seus irmãos de humanidade.
Os Espíritos Superiores estão interessados,
agora, em que o ser humano aprenda a lutar (principalmente contra o orgulho e o
comodismo) e a romper a barreira do ódio e do preconceito. Logo, o ponto de
vista da Espiritualidade difere do nosso ponto de vista, porque os Espíritos
benfeitores veem a necessidade do nosso progresso moral e nós, por aqui,
queremos apenas sair do sufoco. Oxalá saibamos aproveitar esta oportunidade
para crescer moral e intelectualmente, mas, sobretudo, para compreender que
nós, humanidade, somos uma família e precisamos aprender a nos tratar uns aos
outros como irmãos.
O segundo
ponto, que podemos destacar, é que os Benfeitores da Humanidade sabem de nossas
necessidades muito mais do que nós e, mesmo reconhecendo que precisamos passar
por esta difícil experiência, eles nos ajudam. Eles fazem o papel do professor,
quando dá um problema difícil para o aluno resolver, mas, ao mesmo tempo,
coloca-se ao seu lado para ajudá-lo a descobrir o caminho da solução, no
entanto, o professor não faz para o
aluno o que só o aluno deve fazer.
Logo, auxílio espiritual não falta, e ele é
tanto mais eficaz quanto mais consciente estivermos na realização daquilo que
nos compete. Os governos devem estar à frente para as grandes decisões. Os
técnicos devem atuar com a maior responsabilidade na busca de soluções. A
sociedade, atingida e atônita, precisa se organizar. E o povo deve estar atento e dar o melhor de
si nessa batalha. Enfim, todos e cada um de nós, face à exigência da luta,
devemos estar prontos a fazer rigorosamente a parte que nos compete, observando
regras, mudando hábitos e, por fim, descobrindo novas formas de viver e conviver.
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