Gostaria de saber o que vocês pensam sobre pessoas que acreditam facilmente em promessas de pregações religiosas? Por que não questionam, por que não vão a fundo para descobrir o que pode estar atrás dessas promessas? Se tivessem mais bem preparadas, não haveria tanto charlatão? (Diogo)
Esta
questão não é tão simples, Diogo, porque todos têm necessidade de acreditar em
algo ou em alguém. A fé é uma condição inerente ao ser humano. Todo mundo tem
fé. Até o ateu tem sua crença: ele acredita que Deus não existe, mas assim
mesmo é uma crença e é, ao mesmo tempo,
um direito que ele tem. O problema é saber como acreditar ou em que base vamos
assentar a nossa crença.
Por
outro lado, num país democrático, todos têm o direito de acreditar em que
quiser e em quem quiser. E a não ser que se prove que uma pessoa está
explorando a boa fé de outra – porque, então, seria crime – todos podem pregar
o que quiser, falar o que lhes convém, anunciar o impossível, como é o caso de
milagres, fim do mundo e promessas de salvação.
A lei
existe para regular o comportamento da coletividade. Se alguém for denunciado
por estelionato – que é o crime dos que exploram os menos avisados – as
autoridades devem tomar providências junto à segurança e à justiça. Mas o
charlatanismo nem sempre é fácil de se comprovar, pois existem manobras muito
bem montadas, muito bem esquematizadas e que, muitas vezes, não são percebidas
ou não são descobertas.
O
mais importante na vida de qualquer sociedade é o caráter das pessoas. Não
importa sua religião ou seu partido político, sua origem ou sua posição social.
O que vale mesmo é o seu caráter, porque se elas forem honestas e bem
intencionadas jamais se proporão a tirar vantagens em prejuízo de seus
concidadãos.
Por outro lado, cada um de nós deve estar
atento para não ser enganado, tomar as devidas cautelas, usar do pensamento
crítico, não se deixar iludir por promessas absurdas. Na religião é muito comum
as pessoas se fascinarem com verdades que, para a maioria, seriam absurdas, mas
elas, num momento de necessidade ou de fragilidade espiritual deixam-se
envolver. Quando a pessoa entra numa fase de desespero, ela se entrega com facilidade a qualquer que se proponha a
resolver seu problema.
A
única maneira de coibir esse tipo de exploração é educar nossas crianças e
jovens para pensar de forma racional e emocionalmente equilibrada. Por isso a
Doutrina Espírita tem como um de seus princípios fundamentais a fé raciocinada,
até porque ela não quer que ninguém venha ao Espiritismo se não estiver
consciente de que a fé deve caminhar ao lado da razão e que cada um deve aprender
a pensar pela própria cabeça, sem deixar de iludir por falsas promessas.
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