Uma leitora nos passou o seguinte recado. “Quando eu me queixava de uma separação de muitos anos, que até hoje não me conformei, uma pessoa me disse que tenho dois grandes defeitos: um é ser franca demais e outro é que me elogio muito. Ela disse que isso pode ter agravado as relações em casa. Depois que comecei a ler livros espíritas passei a perceber que ela pode ter razão, mas assim mesmo não sei como ser diferente”.
Todos estamos a caminho da perfeição, mas como já pôde observar
pela Doutrina Espírita, esse caminhar através das reencarnações é longo e
sofrido. Assim, cada vez que reencarnamos vimos com uma programação para melhorar. É como um
profissional que passa a frequentar um curso para se aperfeiçoar e melhorar seu desempenho. Só que, para
o Espírito, cada curso é uma vida. Sendo assim, o Espiritismo nos convida a
fazer um autoexame, a descobrir em nós mesmos o que precisamos mudar de mais
urgente neste momento, até porque é impossível mudar tudo de uma vez e se tornar
perfeito numa só encarnação.
Lembre-se desta
frase de Jesus: “Sede perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito”. No
seu caso específico, se realmente você tem esses dois hábitos, o da franqueza
rude e o do autoelogio, é preciso atentar para esse lado e verificar como
começar. Na verdade, quando a pessoa se preocupa muito com a própria
imagem quando fica ansiosa para contar suas façanhas, suas vantagens
e realizações para mostrar que é melhor que os outros, é porque ela se sente pequena diante
de si mesma, ou seja, quando ela quer ser o que não é e, por isso, precisa
mobilizar seu orgulho para se tornar centro de atenção.
Logo, o autoelogio, além de
ser uma atitude deselegante diante dos outros, pode ser uma questão de
ansiedade e insegurança, alimentada pelo orgulho e pela vaidade, e, ao mesmo
tempo, a necessidade de buscar aprovação ou admiração das pessoas que a cercam,
para se fazer respeitada e admirada. No fundo, é orgulho, sim, disfarçado em
franqueza ou mania de só querer dizer a verdade, embora seja a sua verdade.
A franqueza pode advir do
mesmo problema, porque há pessoas que não sabem controlar seus impulsos e logo
põem pra fora o que trazem dentro de si, esquecendo que pode estar
agredindo ou machucando os outros. É também insegurança e falta de maturidade.
Ser educado e gentil, quando por trás queremos ajudar ou poupar as pessoas de
nossa inquietações, pode ser uma forma de caridade. Afinal, há várias maneiras
de dizer a mesma coisa, com a possibilidade de colher um resultado melhor e sem
precisar ficar com sentimento de culpa.
Todavia, cara ouvinte,
todos precisamos melhorar, e melhorar muito as nossas atitudes e o nosso
comportamento, uns diante dos outros. O primeiro passo é ouvir quem nos
critica; por incrível que pareça, nossos melhores críticos não são os nossos
amigos, pois eles sempre querem nos poupar de decepções e acabam contribuindo
para que criemos uma imagem falsa de nós mesmos. Nossos melhores críticos são
os que se antipatizam conosco, porque eles não têm receio de dizer o que pensam e
tampouco de nos machucar. E muito do que eles dizem pode ser verdade.
Um segundo passo para mudar
é fazer um
autoexame. Precisamos ser mais críticos e sinceros conosco, sem correr o risco de estarmos nos enganando.
Examinar-nos regularmente, para verificar onde acertamos e onde erramos.
Procurarmos não repetir erros, mas se repetirmos não desanimar, não desistir,
porque melhorar é difícil, exige determinação, coragem e persistência, mas é
onde está o nosso maior mérito.
O terceiro passo é praticar boas ações, por pequeninas que sejam,
mas praticá-las sempre que estiverem ao nosso alcance, sem ficar adiando.
Mas não praticá-las de qualquer jeito, e sim se esforçar para pôr amor naquilo
que faz. Uma pequenina ação praticada com amor vale mais do que dez outras
feitas de má vontade e por simples obrigação. Agir por obrigação é uma coisa, agir
por amor é outra.
Um quarto passo para nos melhorar é
a oração. Precisamos de Deus sempre, não para pedir coisas (como comumente as
pessoas fazem),mas para pedir ajuda a fim de encontrarmos paz dentro de nós, equilíbrio em nossas decisões, harmonia em
nossas palavras, bondade em nossos atos. A prece renova nosso campo interior de
força, higieniza nossa mente e abre caminhos para que nossos protetores espirituais
encontrem condições de nos ajudar. Contudo, a prece sincera se concretiza sempre através da ação.
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