Uma senhora nos procurou no Centro e contou o seguinte: “Dizem que a mágoa pode causar câncer, mas eu penso que muitas vezes a pessoa, por mais bem intencionada, não consegue superar a mágoa. Não porque ela não quer, mas porque não consegue. Tinha uma amiga que teve uma vida difícil com o marido. Ela gostava muito dele e não era de reclamar, mas não suportou a carga que sempre pesou sobre ela. Veio a falecer de câncer. É possível que seu marido nunca tenha tomado consciência disso; ele não é um homem mau, mas foi um marido ciumento e controlador. Eu sei que ela sofreu muito com ele e levou consigo esse sentimento que nunca conseguiu vencer. Como é que fica perante a lei de Deus?”
Por mais que sonhemos com a
felicidade, cara ouvinte, não vamos atravessar essa vida nadando num mar de
rosas. Para todos nós sempre haverá
momentos felizes mas, sem dúvida, também conheceremos momentos amargos – alguns
suficientes para comprometer nossa saúde e até para abreviar a nossa vida. Isso
é por causa da nossa condição espiritual – ou seja, do nosso passado, daquilo
que já trazemos de outras encarnações. No LIVRO DOS ESPÍRITOS há um estudo
sobre a felicidade, onde os Espíritos afirmam da relatividade da felicidade de
buscamos, enquanto estivermos aqui encarnados.
No entanto, nossos sonhos
são importantes, pois atrás desses sonhos ( nossos anseios e aspirações) está a
nossa disposição de lutar para vencer, inclusive, de lutar conosco mesmos,
porque muitas vezes nos equivocamos quanto à nossa felicidade e vamos busca-la
onde ela não está. No fundo, se seguirmos os ensinos de Jesus, vamos descobrir
que a felicidade está dentro de nós – ou não está. Daí os obstáculos, que a
existência nos impõe, para vencer o orgulho e o egoísmo que são as duas grandes
chagas da humanidade.
Quando Jesus veio à Terra
há dois mil anos atrás, mesmo sendo um Espírito Puro, ele teve que se submeter
à vida que levamos e sua grande lição é
que não devemos nos deixar vencer pelas conveniências do mundo, quando temos um
sonho maior – o de conquistar a paz em nosso coração, sentindo que cumprimentos
que a nossa parte e que só assim podemos nos sentir bem diante de Deus e da
própria consciência.. Por isso, Jesus não se importou em se submeter ao sofrimento,
querendo com isso nos ensinar que ninguém, que passe por esta vida com um bom
propósito, está livre de sofrer e de aprender.
Com certeza, essa sua amiga
era uma boa pessoa. Na verdade, um bom Espírito com uma missão específica. Não sabemos se teve alguma atuação fora do lar
e nem qual foi papel diante dos demais membros da família. Mas, pelo que você
disse, suportou quanto pôde sua carga de aflição, porque amava o marido, do
mesmo modo que uma mãe pode suportar um filho desajuizado quando o ama de
verdade. Quem pode avaliar o significado
desse sacrifício para o Espirito que ama? Considerando esta hipótese, essa
mulher se submeteu a um sacrifício para ter o marido ao seu lado (com certeza,
ela assumiu com ele esse compromisso na Espiritualidade, antes de reencarnar), e
acabou chamando a doença para si.
Veja que estamos
levantando uma hipótese, baseada no que você nos contou. Até que ponto é válido
esse sacrifício? Será que ela fez o que realmente deveria fazer? Ela não seria
mais feliz se se separasse dele e procurasse outro caminho? Não sabemos, pois
essas questões implicam em que tipo de compromisso esse Espírito assumiu. Existem Espíritos que estão prontos para
isso, enquanto outros não suportam a mínima contrariedade. Só ela, diante da sua
consciência, poderia responder essas perguntas.
Assim, é possível que a sua doença possa provir, pelo menos em
parte, do tipo de vida que levou e até dos sentimentos reprimidos que não
conseguiu administrar. Nesse caso, ela poderia ter alcançado pelo menos parte
de seu objetivo, a de permanecer ao lado do marido, mas pode não ter trabalhado
o suficiente para se ajudar a si mesma. Com certeza, reúne grandes méritos, mas ainda
tem algo a fazer por si própria – que não conseguiu nesta encarnação, mas poderá
conseguir mais tarde.
Se a vida fosse uma única, cara
ouvinte, essa sua amiga não teria mais chance de se refazer e até se sentiria
derrotada por si mesma pela incapacidade de superar certos obstáculos íntimos,
que acarretou seu sofrimento. No entanto, pela lei da reencarnação,
compreendemos que nada está perdido, que o sacrifício pode valer a pena e que,
de luta em luta, elas vai galgando através das vidas sucessivas uma condição
espiritual cada vez melhor.
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