A notícia da morte do ator Robin
Willians impactou negativamente não só aqueles que privaram de sua
amizade como a legião dos admiradores que se emocionaram com suas performances
como protagonista nos filmes de que participou. Várias são as possíveis causas cogitadas para entender ou justificar a
ação infeliz com que interrompeu sua
vida em nossa Dimensão. Homem sensível – fator que certamente o auxiliava a
compor os personagens que viveu nas telas –, teve no filme AMOR ALÉM DA VIDA uma ideia dos desdobramentos do suicídio no plano
de vida imediatamente após este em que nos encontramos. Além dos transtornos
mentais e físicos aventados como hipótese para sua decisão de sair pela porta
falsa do palco desta vida, outro pode ser incluído nas avaliações feitas.
Talvez o determinante dos demais. Exemplo disso encontramos na REVISTA ESPÍRITA, edição de janeiro
de 1869, em que Allan Kardec inclui interessante
mensagem recebida por um médium chamado Sr Nivard, num grupo de estudos chamado
Délliens, de Paris. Referia-se a matéria veiculada pelo jornal local DROIT,
noticiando fato testemunhado pelo senhor Jean Baptiste Sadoux, em que um
jovem que depois de ter vagado durante algum tempo sobre uma ponte, subiu no
parapeito e se atirou no Rio Marne. Apesar das tentativas imediatas de
socorrê-lo, ao cabo de sete minutos, retirou-o, todavia a asfixia já era
completa não sendo possível reanimá-lo. Uma carta encontrada com ele, o
identificou como o Sr Paul D..., e, dirigia-se ao seu pai,
pedindo perdão por abandoná-lo, afirmando-se “há dois anos dominado por uma
ideia terrível, por uma irresistível vontade de se destruir. Acrescentava que
lhe parecia ouvir fora da vida uma voz que o chamava sem descanso e, a despeito
de todos os esforços, nada o impedia de ir à ela. Encontraram, também, no bolso
do paletó uma corda nova, na qual tinha sido feito um laço corredio”.
Comenta Allan Kardec, que “a obsessão está bem evidente, explicação que
só o Espiritismo dá”, acrescentando que “se fosse esclarecido pela
Doutrina Espírita, com mais vontade, seu livre-arbítrio poderia ter resistido,
sabedor que a voz que o assediava não poderia ser senão de um mau Espírito”,
bem como, “das consequências terríveis que adviriam de um instante de fraqueza”.
A comunicação obtida por via mediúnica era assinada pelo Espírito Louis
Nivard esclarece: -“A voz dizia: Vem! Vem! Mas teria sido
ineficaz essa voz do tentador, se a ação direta do Espírito não se tivesse
feito sentir. Por quê? Seu passado era a causa da situação dolorosa em que se
achava; apegava-se à vida e temia a morte. Mas nesse apelo incessante que
ouvia, pergunto eu, encontrou força? Não; encontrou a fraqueza que o derrotou.
Venceu os temores, porque esperava no fim encontrar do outro lado da vida o
repouso que o lado de cá lhe negava. Foi enganado: o repouso não veio. As
trevas o cercam, a consciência lhe censura o ato de fraqueza e o Espírito que o
arrastou gargalha ao seu redor e o criva de motejos constantes. O cego não vê,
mas escuta a voz que repete: Vem! Vem! E depois zomba de suas tortura. A causa
deste caso de obsessão está no passado, como acabo de dizer. O próprio obsessor
foi impelido ao suicídio por esse que que acaba de fazer cair no abismo. Era
sua mulher na existência precedente e tinha sofrido consideravelmente com o
deboche e as brutalidades do marido. Muito fraca para aceitar a situação que
lhe era dada com resignação e coragem, buscou na morte um refúgio contra os
seus males. Ela vingou-se depois: sabeis como. Entretanto o ato desse infeliz
não era fatal; tinha aceito os riscos da tentação; esta era necessária ao seu
propósito, porque só ela poderia fazer desaparecer a mancha que havia sujado
sua existência anterior. Ele tinha aceito os seus riscos, com a esperança de
ser mais forte e se havia enganado; sucumbiu. Recomeçará mais tarde? Resistirá?
Dele dependerá. Rogai a Deus por ele, a fim de que lhe dê calma e a resignação
de que tanto necessita, a coragem e a força para não falir nas provas que tiver
de suportar mais tarde”. A propósito, Chico Xavier conta
curiosa passagem em que procurado por uma mãe buscando orientação carregando
nos braços um filhinho surdo, mudo, cego e sem os dois braços, apresentando uma
doença nas pernas que exigia para salvar-lhe a vida, segundo os médicos, a
amputação das duas, ouviu do Espírito Emmanuel: -“Chico, explique à nossa irmã
que este nosso irmão em seus braços suicidou-se nas dez últimas encarnações e
pediu, antes de nascer, que lhe fossem retiradas todas as possibilidades de se
matar novamente. Mas, agora que está aproximadamente com cinco anos, procura um
rio, um precipício para se atirar. Avise nossa irmã que os médicos amigos estão
com a razão. As duas pernas dele vão ser amputadas, em seu próprio benefício,
para que ele fique mais algum tempo na Terra, a fim de que diminua a ideia do
suicídio”.
Vejam o drama que uma
jovem nos contou e tomamos a liberdade de trazê-lo, sem identificar pessoas,
por se tratar de um tema muito importante. Ela nos disse, mais ou menos, o
seguinte: “ Em casa meu é o único materialista e nos ofende
com suas atitudes. Ele critica porque rezamos, porque pedimos a proteção de
Deus, dizendo que, se Deus é tão poderoso, por que ele não nos fez perfeitos?
Por que Ele deixa as pessoas sofrerem? Isso não é uma covardia? Porque vamos
rezar, então, se ele só faz o que quer, sem perguntar nada a ninguém?”
Este é
um grito de revolta, prezada jovem, vindo de uma pessoa a quem você deve muito
amor – seu pai. Precisamos entender que
há pessoas completamente frustradas em suas pretensões, que nunca conseguiram o
que queriam – e como perderam a esperança de ter seus sonhos realizados (às
vezes, elas sonham muito alto)– voltam-se contra Deus, quando não se voltam
contra si mesmas - o que seria pior ainda. No seu caso, você tem o direito de discordar
de seu pai, mas deve tomar cuidado para não agir como ele, ou seja, para não se
revoltar.
Você e
os demais familiares precisam ter paciência com seu pai e deixar de se
aborrecer com as críticas que ele faz, pelo fato de vocês orarem e confiarem em
Deus. Talvez vocês precisem ir mais longe, mudando a maneira de tratá-lo e de
receber suas críticas. Para que vocês possam demonstrar fé em Deus, devem se
esforçar por manter uma atitude serena diante do que ele diz, sem se abalarem
com isso, pois a verdadeira fé, como diz Kardec, é calma, tranquila, segura e
sobretudo pacífica.
Leia
n’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, o capítulo “A fé remove montanhas”. Ali
você vai encontrar elementos que vão ajudar você e seus familiares a fortalecer a fé diante das críticas do seu
pai e, ao mesmo tempo, mostrar para ele no que consiste a verdadeira fé. Os que se dizem ateus, cara jovem, também
cultivam a sua fé: eles acreditam que Deus não existe – e isso também não deixa
de ser uma crença. Contudo, conforme o teor desse texto que estamos lhe
recomendando, a fé agressiva, violenta, perturbadora, demonstra mais dúvida do
que certeza, mais insegurança do que convicção.
Não exijam de seu pai mais do que ele pode
dar. Tratem-no com respeito, com bondade, com compreensão – evitando discussões
e atritos, e vocês perceberão que, como o tempo, ele vai se aproximar aos
poucos de vocês. Neste momento, não fiquem preocupados em rebater suas
críticas, que isso vai mais prejudicar do que melhorar suas relações. Hoje, aqui,
não estamos preocupados com argumentos lógicos ou filosóficos para contestá-lo,
mas em passar a você a recomendação de Jesus, que é o exercício do perdão no
seio da família.
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