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quarta-feira, 10 de junho de 2020

UMA DAS UTILIDADES DO ESPIRITISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR


Não existe sofrimento maior do que a dor de perder um filho” comentou certa ocasião, Chico Xavier, acrescentando que “como médium, essa tarefa das cartas de consolação aos familiares em desespero na Terra foi o que sempre mais me gratificou”. Na edição de junho de 1861 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec apresenta interessante artigo de sua autoria intitulado EFEITOS DE DESESPERO em que expõe seu ponto de vista sobre o problema, demonstrando a utilidade que tem as ideias espíritas diante do problema.  Começa considerando que “seriam necessários volumes, para registar, de todos os trágicos acidentes causados pelo desespero, só aqueles que chegam ao conhecimento do público. Quantos suicídios, doenças, mortes involuntárias, casos de loucura, atos de vingança e, até, crimes, não produz ele todos os dias! Uma estatística muito instrutiva seria a das causas primeiras que levaram aos desarranjos do cérebro; e ver-se-ia que nela entra o desespero ao menos com oitenta por cento”. Lista para exemplificar três fatos ocorridos meses antes, dois dos quais noticiados pelo conceituado jornal Siècle. O primeiro na edição de 17 de fevereiro comunicando a morte de um homem chamado Laferrière, Inspetor Geral das faculdades de Direito da França e que, apesar de ter sentimentos religiosos, mergulhou em profunda dor pela morte de sua única filha de 21 anos, poucos dias após ser acometida por arrebatadora doença; o segundo, objeto de matéria em 1º de março, falando da morte por suicídio do empresário do ramo de transportes Sr Léon L., de 25 anos, após o falecimento de sua esposa a quem amava apaixonadamente e com quem se casara dois anos antes. O terceiro, enviado por um correspondente da REVISTA, relata o caso de uma mulher que perdeu o marido, morte atribuída à imperícia do médico que o tratara. A viúva tomou-se de tal ressentimento contra ele, que o perseguia incessantemente com ameaças, dizendo-lhe, por toda parte onde o encontrava: - “Carrasco, não morrerás senão por minha mão!”. O conceito de ser muito piedosa e religiosa não a impedia de agir de forma tão perturbada, o que levou o médico a dirigir-se às autoridades, para sua própria segurança. Moradora de cidade que contava com numerosos adeptos do Espiritismo, ouviu de um de seus amigos que era espírita a pergunta: - “Que pensaríeis se um dia pudésseis conversar com vosso marido?”, ouvindo dela que “se tivesse a certeza de não o haver perdido para sempre, consolar-me-ia e esperaria”. Em breve lhe deram a prova. Seu próprio marido lhe veio dar conselhos e consolo e por sua linguagem ela não pôde conservar nenhuma dúvida quanto à sua presença ao seu lado. Desde então uma revolução completa operou-se em seu espírito: a calma sucedeu ao desespero e as ideias de vingança deram lugar à resignação, fazendo com que ela, oito dias depois, fosse à casa do médico, desculpando-se e se reconciliado com ele. Finalizando a matéria escreve Kardec:- “Inútil dizer que o médico aceitou bem a retratação apressando-se em saber a causa misteriosa a que daí em diante devia a sua tranquilidade. Assim, sem o Espiritismo, essa senhora talvez houvesse cometido um crime, apesar de tão religiosa. Isso prova a inutilidade da religião? De modo algum; mas apenas a insuficiência das ideias que ela dá do futuro, apresentando-o tão vago que em muitos deixa uma espécie de incerteza, ao passo que o Espiritismo, fazendo que, por assim dizer, se o toque com o dedo faz nascer na alma uma confiança e uma segurança mais completas. Ao pai que perdeu sua filha, que perdeu seu pai, ao marido que perdeu a esposa adorada, que consolação dá o materialista? Diz ele: Tudo acabou. Do Ser que vos era tão caro nada resta, absolutamente nada além desse corpo que em pouco estará dissolvido. Mas de sua inteligência, de suas qualidades morais, da instrução adquirida, nada; tudo isto é o nada; vós o perdestes para sempre. Diz o Espírita: De tudo isto nada é perdido; tudo existe; só há de menos o invólucro perecível; mas o Espírito desprendido de sua prisão é radiante; está aí, junto de vós, vendo-vos, escutando e esperando. Oh! Quanto mal faz os materialistas, inoculando por seus sofismas o veneno da incredulidade! Jamais amaram. Do contrário poderiam ver com sangue frio os objetos de suas afeições reduzidas a um monte de pó? Assim, parece que para eles é que Deus reservou seus maiores rigores, pois nós os vemos todos reduzidos à mais deplorável posição no Mundo dos Espíritos, e Deus é tanto menos indulgente para com eles quanto mais perto estiveram de se esclarecer”.

 Paulinha Assunção, pergunta o seguinte: “ Jesus contou que dois homens foram orar no templo, um fariseu e outro publicano. O fariseu, que era religioso, mas também orgulhoso, não foi ouvido por Deus, enquanto que o publicano, que era um homem do mundo, fez uma oração com humildade e fervor e foi atendido. Isso significa o quê? De fato o fariseu era arrogante, mas ele pode não ter prejudicado os outros, enquanto que o publicano pode ter explorado, roubado e enganado muita gente. A parábola não entra nesses detalhes, mas, se foi assim, como é que ficam essas orações?”

A -  Ao que tudo indica, quando Jesus contou essa parábola, ela estava se referindo à qualidade da prece. Não se referiu à vida daqueles homens, embora o fariseu, na sua oração, tenha manifestado sua condenação ao publicano. Na verdade, não sabemos quem era esse fariseu e tampouco o publicano, mas Jesus não estava preocupado, nesse momento, com o que tinha se passado na vida de cada um deles.
B -  Se ele próprio disse que “a cada um segundo as suas obras”, é claro que o que tem maior peso em nossa vida é a ação e menos a adoração, embora a adoração, feita com sinceridade, possa nos favorecer nesse sentido. A adoração teria o papel de melhorar nossos sentimentos, redirecionar nossa vida nos estimulando à prática de boas ações, pois se trata de um ato íntimo de aproximação com Deus. Através da prece podemos exercitar um pouco de humildade, refletindo melhor sobre nossa conduta.
A – A oração do publicano parece ter contribuído para isso, pois, pela narrativa de Jesus, ele se sentiu envergonhado de si mesmo, ou seja, reconheceu o quanto havia errado. Isso não aconteceu com o fariseu – que só viu as próprias virtudes, mas destacou os defeitos do outro. Jesus quer mostrar, por essa parábola, que a prece é um ato de humildade, que não devemos levar para a prece nossas mágoas, nossos ressentimentos, nossos julgamentos maldosos, nossos preconceitos, pois, se assim fizermos, anularemos por completo seus efeitos.
B -  De outra feita, Jesus já tinha recomendado ao povo que, antes de depositar a oferta diante do altar, viesse primeiro reconciliar com o adversário – o que é a mesma coisa. Jesus insiste nisso, quando quer mostrar o poder da oração. É por isso que no Pai Nosso, ele enfatiza o fato de que só obteremos o perdão de Deus se soubermos perdoar aqueles que nos ofendem. Muita gente reza o Pai Nosso e não presta atenção nisso, de modo que sua prece fica invalidada.
A – Ao que tudo indica, na maioria das vezes, ainda agimos como crianças, espiritualmente imaturos. A criança, ingênua e despreparada, não entende as atitudes dos pais e, por isso, repete erros com muita facilidade, buscando tão somente seu bem estar imediato. Mas isso é por causa da sua ingenuidade. Nós, se ainda formos crianças espirituais, também tendemos a agir assim: queremos tudo para nós (aqui e agora) e nada para os outros, cultivamos inveja e ciúme, queremos ser mais do que somos (se possível, o melhor), achamos que o errado são os outros, e ainda queremos exigir que Deus faça a nossa vontade.
B – Para concluir, caro ouvinte, voltando à parábola, Jesus quis apenas enfatizar o sentido da prece, como uma ato de humildade, de sinceridade e se submissão às leis de Deus, momento em que qualquer sentimento menos digno pode anular completamente seus efeitos. A oração, como Jesus ensinou, incluindo o Pai Nosso, deve ser um ato livre e espontâneo, e só tem valor se feita com humildade e sinceridade


















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