O Espiritismo revela que o Espírito em grande parte
de sua caminhada evolutiva se reveste de um corpo sutil denominado por Allan
Kardec períspirito. Na verdade, o mesmo corpo espiritual citado por Paulo
de Tarso em suas cartas ou corpo astral das tradições hindus. Segundo a
Doutrina Espírita, não apenas mero veículo de manifestação, mas, intermediário
de impressões do Espírito e do corpo físico através de complexo de comunicação que
se serve do sistema endócrino no corpo físico e os chamados centros de força - ou
chackras -, no perispirito. Serve para a constatação da individualidade do
Espírito sem o corpo material, fazendo dele um Ser distinto dos outros, como
explicado n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Acrescentando informações sobre as
linhas morfológicas dos desencarnados, o Espírito André Luiz informa no livro EVOLUÇÃO
EM DOIS MUNDOS (1958, feb), serem “comumente aquelas que trouxeram do
mundo, a evoluírem, contudo, constantemente para melhor apresentação, toda vez que
esse conjunto social se demore em esfera de sentimentos elevados”.
Acrescenta que “a forma individual em si obedece ao reflexo mental
dominante”, visto
que “fora do arcabouço físico, a mente se exterioriza no veículo
espiritual com admirável precisão de controle espontâneo sobre as células sutis
que o constituem”. Ressalva que “se o progresso mental não é
positivamente acentuado, mantém a personalidade desencarnada, nos planos
inferiores, por tempo indefinível, a plástica que lhe era própria entre os
homens, sofrendo nos planos relativamente superiores, processos de metamorfose,
mais lentos ou mais rápidos, conforme suas disposições íntimas”.
Exemplifica citando o “caso da alma desenleada do envoltório físico
transferida para a moradia espiritual, em adiantada senectude, a qual gastará
algum tempo para desfazer-se dos sinais de ancianidade corpórea, desejosa de
remoçar o próprio aspecto, que deverá esperar o auxílio do tempo - caso da
maioria esmagadora de Espíritos desencarnados -, por não disporem ainda de
bastante aperfeiçoamento moral e intelectual, condição imprescindível para
revelar o poder plástico sobre as células que lhes entretecem o instrumento de
manifestação”. Sabemos através de Allan Kardec que “conforme
o Espírito for mais ou menos puro e liberto das atrações materiais, o meio em
que estiver, o aspecto das coisas, as sensações que experimentar, as percepções
que possuir, determinará não apenas infinitas possibilidades de seu estado
feliz ou infeliz no Plano Espiritual situando-o em diferentes
moradas, não localizadas nem circunscritas”,
sabe-se hoje, agrupadas segundo os impositivos da afinidade, consoante a
onda mental ou frequência vibratória, em que se encontram, conforme
explicações do Espírito Abel Gomes, através do médium Chico
Xavier, que aduz “existirem milhões de Espíritos, apaixonados
pela forma, que se obstinam em colônias, por muito tempo, até que abalos
afetivos ou conscienciais os constranjam à frente ou ao renascimento no campo
físico já que cada mente vive na Dimensão com que se harmonize”. Tais
comentários tornam compreensíveis
imagens oferecidas pelo Espírito Luiz Sérgio no livro MAIS
ALÉM DO MEU OLHAR (2001, recanto), psicografado pela médium Irene
Pacheco Machado, relatadas no capítulo seis descrevendo incursão pelo Vale
dos Tatuados, situado em faixas espirituais sombrias existentes ao redor do
Planeta Terra. Cita contato com jovem desencarnado ostentando uma “tatuagem
de Jesus, com lenço amarrado na boca, amordaçado para que não o
convertesse”, dizendo ser visitante frequente do Plano físico por “gostar
demais de ficar intuindo caras que fazem tatuagens, para que sejam mais
criativos”. Viu jovens mulheres com o corpo todo marcado por tatuagens,
uma das quais não adepta dos “piercings” que considerava uma agressão ao
corpo, indicando alguém que morreu de “câncer na língua, tantos
“piercings” colocou nela”. Descreve cenas impactantes do que vê
acompanhando a equipe em transito por aquele quase surreal Vale, tendo sua
atenção atraída, em dado instante, para “várias mulheres com “piercings”
nos lugares mais estranhos, exibidos em meio a gargalhadas, tendo a língua
caída até o busto, pelo peso dos adornos nela implantadas quando encarnadas”.
Afastando-se daquele cenário dantesco, foi seguro pelas pernas por jovem
implorando lhe fosse removida de seu corpo perispiritual tatuagem em que se via
a figura de Satanás batendo no Cristo, imagem, segundo ela,
escolhida para chamar a atenção do grupo em que se enturmara, o que lhe valeu a
liderança do mesmo. Ponderando sobre o assunto, Luiz
Sérgio lembra que “antes a tatuagem era usada somente por
presidiários e marinheiros, tornou-se modismo, pelo desejo de muitos Espíritos de
agredir a sociedade, por sinal, em sua maioria, oriundos de lares desajustados”.
Por representar opção assumida no exercício consciente do livre arbítrio,
e no uso
da mente na definição das imagens gravadas no próprio
corpo, entende-se por que após a morte, tais inscrições conservam-se no corpo
espiritual.
Sei que o
Espiritismo é contra a pena de morte. Mas será que devemos apoiar uma lei que
não pune os criminosos, que favorece mais o criminoso do que o homem honesto e
trabalhador. Será que isso é Deus? Parece que o mundo está cada vez pior, com
tanta liberdade a quem descumpre a lei e tão pouca proteção ao cidadão que
cumpre seus deveres. Gostaria de ouvir um comentário sobre isso. (J.L.O.F.)
Para suas afirmações,
o Espiritismo parte de três importantes concepções: primeiro, a lei de Deus; em
segundo lugar, o livre arbítrio e, finalmente, a lei de evolução. Lei de Deus: tudo que acontece no
mundo é regulado por leis naturais ou, se preferirmos, pela Lei de Deus,
inclusive a nossa vida. Se não nos fosse dado a liberdade de pensar, decidir e agir,
seríamos como robôs (ou seja, bonecos eletrônicos) teleguiados pelas mãos
divinas e nenhum de nós teria nem culpa e nem mérito por suas ações, porque
cada passo, cada ato que praticasse, não dependeria apenas de uma vontade
superior. Neste caso, não haveria vida moral – quer dizer, não seria coerente
castigar um robô porque ele errou e nem premiá-lo porque acertou.
André Luiz, no livro
EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS, recebido pelos médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira,
afirma que, a partir do momento em que o homem encarnou neste planeta, a ele
foi dada a responsabilidade por tudo que aqui acontece; é claro, além do que
acontece a ele mesmo. Sendo imperfeito – quer dizer, não tendo como acertar
sempre e, portanto, sujeito a erro – ele veio tomando decisões e agindo,
errando e acertando ao longo dos milênios, mas sempre com vistas a uma vida
melhor. Essa tendência de melhorar e de procurar fazer da Terra um mundo feliz
está no Espírito e, porto, bem ou mal, ela é sempre perseguida.
Houve um momento nas
eras mais remotas em que o homem que, antes andava com quatro patas, se
levantou e contemplou em pé o horizonte.
Remontando à sua história mais antiga, vamos deparar com múltiplas experiências em que ele vem tentando
se levantar espiritualmente, mas, em todas as épocas, ainda imaturo para
compreender mais profundamente o sentido da vida, sempre se deparou com os
limites do orgulho e do egoísmo. Já fez tudo para se descobrir, para saber quem
ele é e para alcançar a meta ainda tão nebulosa da felicidade: oprimiu, escravizou, conquistou territórios,
criou religiões, formulou filosofias, criou a ciência, inventou a tecnologia.
Hoje, século XXI,
podemos contemplar abismado a evolução de seus conhecimentos através das
façanhas tecnológicas. Mas, em termos de conduta, ele ainda está com o pé no
passado, fazendo do panorama do mundo atual uma mescla de intelectualismo e
primitivismo. Esta parte resta para ser resolvida e é certamente a mais
difícil. Infelizmente para nós uma ameaça, um perigo à solta, num mundo em que
os instintos parecem se rebelar contra a razão, querendo impor-se a todo custo.
Ainda falta muito.
Se o Espiritismo é
contra a pena de morte, não é por mero sentimentalismo em relação aos
condenados, mas por uma questão mais significativa: é que tirar o homem do
mundo não resolve, agrava mais a sua condição, pois o Espírito não morre.