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terça-feira, 7 de julho de 2020

A LEI DE QUE NINGUÉM ESCAPA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR


O número de janeiro de 1861 da REVISTA ESPÍRITA, inclui matéria destacando o caso de um jovem de dezesseis anos que desde quatro anos antes era o epicentro de uma série de fatos perturbadores. Descrito como um rapaz de inteligência excessivamente acanhada, analfabeto e que raramente saia de casa, sempre que começava a dormir, tinha o leito em que repousava balançado violentamente; era objeto de suspensão magnética (levitação); pancadas e arranhaduras de origem desconhecida no local em que repousava; assovios; ruído semelhante ao de uma lima ou serra; arremesso de pedaços de carvão procedentes de local ignorado no cômodo em que estava deitado. Durante o sono, fala ao Espírito causador da desordem com autoridade e toma o tom de comando de um oficial superior, dado surpreendente, visto jamais ter assistido exercícios militares. Simula um combate, comanda a manobra, conquista a vitória e se julga reconhecido general em campo de batalha. Quando ordenava ao Espírito que desse uma tantas pancadas, por vezes, contrariado, o menino, no transe do sono, pergunta: -“Como farás para tirar as pancadas que deste a mais? Então o Espírito se põe a raspar, como se apagasse. Quando o menino comanda, fica numa grande agitação, por vezes, gritando tão forte que a voz se extingue numa espécie de estertor. Sob comando o Espírito produz o som de todas as marchas francesas e estrangeiras, mesmo a chinesas. Frequentemente, acontecia do menino, dizer: -“Não é assim! Recomece. E o Espírito obedecia. Durante o sono e comandando, o menino mostrava-se muito grosseiro. Certa ocasião, após cinco horas de grande agitação do rapaz, tentou-se acalmá-lo por meio de passes magnéticos, o que o enfureceu, revolvendo toda cama. Longe de se atenuarem, os efeitos se agravavam mais e mais de modo aflitivo. Tentou-se conversar com o Espírito através de outro rapaz que lhe servia como médium falante (psicofônico). Em vão, obtendo como resposta que a prece de nada lhe servia; que experimentou aproximar-se de Deus, mas só encontrou obscuridade e gelo. Mesmo as orações mentais o enfureciam. Nem o próprio pai estava livre dos assaltos do Espírito obsessor que lhe interrompia o trabalho, agredia, puxava-lhe as roupas e o beliscava até sangrar. Na reunião da Sociedade Espírita de Paris, do dia 9 de novembro passado, foram dirigidas oito perguntas a São Luiz, o dirigente espiritual das atividades sobre o problema. Entre outras informações, disse que “por ser a inteligência do moço limitada, quando o Espirito desencarnado o envolvia, ficava completamente alucinado, especialmente quanto mais mergulhado no sono, o que o expunha à turbulenta obsessão; aconselhou que quando o jovem estivesse desperto, evocasse-se bons Espíritos, a fim de com estes o por em contato e, por tal meio, afastar os maus, que o assediavam durante o sono; disse que seriam ineficazes as tentativas de doutrinar o desencarnado por serem ele e o moço, muito materializados; enalteceu o valor da prece, enfatizando, contudo ser necessária a cooperação dos pais que, todavia, não demonstravam aquela fé que centuplica as forças, não tendo, por isso, muita razão ao queixar-se de um mal contra o qual nada fazer; por fim, revelou ser o moço pouco adiantado moralmente, mas mais do que se pensa em inteligência da qual abusou em outras existências, não a dirigindo para um fim moral, mas, ao contrário, para objetivos mais ambiciosos. Acrescentou ainda encontrar-se na existência atual num corpo que lhe não permite livre curso à inteligência e o mau Espírito que o assedia aproveita sua fraqueza: deixa-se comandar em coisas sem consequência, porque o sabe incapaz de lhe ordenar coisas sérias: e o diverte. Destaca o Orientador Espiritual que a Terra formiga de Espíritos assim, em punição, em corpos humanos, razão pela qual existem tantos males de tantos matizes. Em observação adicional, Allan Kardec diz que a “observação vem em apoio a esta explicação. Durante o sono, o menino mostra uma inteligência incontestavelmente superior à de seu estado normal, o que prova um desenvolvimento anterior, mas reduzido a estado latente sob esse novo corpo grosseiro. É só nos momentos de emancipação da alma, nos quais não sofre tanto a influência da matéria, que sua inteligência se expande, e no qual também exerce uma espécie de autoridade sobre o Ser que o subjuga. Mas, reduzido ao estado de vigília, suas faculdades se anulam sob o involucro material que a comprime. Não está aí um ensino moral prático?”.


Uma dúvida a respeito do funcionamento dos velórios, dizendo o seguinte: “Com todos os cuidados que estão tomando hoje para evitar o contágio do coronavirus, os velórios também foram atingidos para evitar aglomerações. Agora existem algumas regras que dificultam a presença das pessoas que vão aos velórios. Não pode ser mais toda aquela gente que comparecia, amigos, parentes e conhecidos.
B – “Ficou uma situação meio esquisita - continua; isso sem contar os casos em que nem pode haver velório por causa do perigo do contágio. Será que essas medidas, do ponto de vista espiritual, podem trazer prejuízo às pessoas que estão desencarnando neste período e que gostariam que seus velórios fossem visitados por todos seus amigos?  Essa restrição de horário não atrapalha a desencarnação do Espírito?”
A colocação nos leva a uma oportuna reflexão. Evidentemente não temos a pretensão de ter todas as respostas, mas podemos teorizar sobre a questão, já que contamos, nas obras espíritas, com várias considerações sobre o processo de desencarnação. A regra geral, que podemos aplicar a todos os Espíritos, é que, na passagem para o mundo espiritual, o que mais conta é a condição moral do desencarnante. Isso quer dizer em linhas gerais que, quanto mais desapegado das coisas materiais, mais fácil e rápido é o processo de desencarnação.
 Quando falamos de “desapego”, estamos nos referindo à postura da pessoa que já não valoriza tanto as condições que a prendem ao mundo material, seja na questão de dinheiro, propriedades, títulos, reputação ou qualquer privilégio social. Quem está muito preso a esses valores passageiros, quem dá mais valor aos seus bens materiais do que às pessoas, quem centraliza seus interesses no acúmulo de riquezas, buscando apenas vantagens e privilégios, é justamente quem mais faz questão de ser notado, e é quem mais sofre ao ter que deixa tudo isso, quando parte deste mundo.
 Por outro lado, aqueles que já conseguiram vencer essa dependência, que são capazes de pensar e agir em benefício do próximo, que se esforçam por amar seus familiares e principalmente por perdoar aqueles que os ofenderam, que sabem valorizar as pessoas pelo que elas são e não pelo que elas têm, que não se reconhecem superiores a ninguém, que procuram fazer bem e superar seus defeitos – ou seja, aqueles que já adquiriram maturidade espiritual para saber que o bem e o amor estão acima de tudo  - esses, com certeza, seja qual for gênero de morte que experimentarem, e qualquer que seja a condição de seu velório, terão uma desencarnação tranquila e partirão justificados deste mundo.
  O velório, na experiência do Espírito que atingiu um certo nível de compreensão da vida, é apenas rápido momento de despedida, que servirá mais à necessidade dos encarnados que o amam – sobretudo os familiares que aqui ficam – do que a ele mesmo, já que completou sua vida com um saldo positivo de sentimentos e realizações, e está sendo recebido por amigos espirituais. Contudo, caso se trate de uma pessoa que valorize excessivamente esse momento – ou melhor, alguém que ainda esteja muito preso aos privilégios, concessões e reconhecimento terrenos – o velório pode ser para ela uma decepção.

 No livro  OBREIROS DE VIDA ETERNA, de André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, encontramos cinco casos de desencarnação relatados pelo autor. É interessante ler essa obra – e, para os que já a leram, relê-la – pois ali encontramos importantes apontamentos a respeito dessa passagem a que todos seremos submetidos, mais cedo ou mais tarde. Os acontecimentos da vida, todos eles – mas, neste caso em particular,  as medidas impostas para a restrição dos velórios – têm sua razão de ser. Precisamos aprender com isso. Não devemos perder a oportunidade de observar melhor a marcha da sociedade e, sobretudo, de nos observar melhor, pois situações como esta sempre nos têm algo de muito importante a nos ensinar.
















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