O Espiritismo seja através
das chamadas obras básicas, seja através de manifestações posteriores reunidas
em livros, oferece importantes elementos para reflexão sobre o tema
doenças/cura. Compulsando, por exemplo, O
EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, encontramos que “as doenças
pertencem às provas e às vicissitudes da vida terrena. São inerentes à
grosseria da nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos.
As paixões e excessos de toda espécie, por sua vez, criam em nossos organismos
condições malsãs, frequentemente transmissíveis pela hereditariedade”. A respeito das “doenças de nascença,
sobretudo aquelas que tiram aos infelizes a possibilidade de ganhar a vida pelo
trabalho: as deformidades, a idiotia, a imbecilidade, são efeitos que devem ter
uma causa, em virtude do axioma de que todo efeito tem uma causa, e desde que
se admita a existência de um Deus justo, essa causa deve ser justa. A causa
sendo sempre anterior ao efeito e, desde que não se encontra na vida atual, é
que pertence a uma existência precedente”. Já através do médium Chico
Xavier, o Benfeitor Espiritual Emmanuel no livro
RELIGIÃO DOS ESPÍRITOS diz que “a criatura, durante a reencarnação, elege, automaticamente,
para si mesma, grande parte das doenças que se lhe incorporam às preocupações”.
Mais tarde, em mensagem inserida no
livro AMOR E SABEDORIA DE
EMMANUEL, explica que “os estados
mórbidos são reflexos ou resultantes de
nossas vibrações mais íntimas
(...). Essas DOENÇAS-AVISO
se verificam por causas de ordem moral. Quando
as advertências não prevalecem, surgem as úlceras, as nefrites, os reumatismos, as obstruções, as enxaquecas (...).
As moléstias dificilmente curáveis, como a tuberculose, a lepra, a cegueira, a
paralisia, a loucura, o câncer são escoadouros das imperfeições. A epidemia é uma provação coletiva (...)”. Já na obra PENSAMENTO E VIDA, comentando a relação
mente/doença, diz que “toda emoção violenta sobre o corpo é semelhante a martelada forte sobre a engrenagem da máquina
sensível, e toda aflição amimalhada é
como ferrugem destruidora, prejudicando lhe o funcionamento. Sabe hoje a
Medicina que toda tensão mental
acarreta distúrbios de importância no corpo físico. Estabelecido o
conflito espiritual, quase sempre as
glândulas salivares paralisam suas secreções, e o estomago, entrando em
espasmo, nega-se à produção do ácido clorídrico, provocando perturbações
digestivas a se expressarem na chamada colite
mucosa. Atingido esse fenômeno primário que, muita vez, abre a porta a
temíveis calamidades orgânicas, os desajustamentos gastrintestinais repetidos
acabam arruinando os processos de nutrição que interessam o estímulo nervoso,
determinando variados sintomas, desde a mais leve irritação da membrana
gástrica até a loucura de abordagem complexa. O pensamento sombrio adoece o corpo são e agrava os males do corpo enfermo”. Lá também poderá ser lido que “se não ultrapassássemos os limites
do necessário, na satisfação das nossas exigências vitais, não sofreríamos as
doenças que são provocadas pelos excessos, e as vicissitudes decorrentes dessas
doenças”. Noutra oportunidade, escreveu que “se não é aconselhável envenenar o aparelho fisiológico pela
ingestão de substâncias que o aprisionem ao vício, é imperioso evitar os
desregramentos da alma que lhe impõem desequilíbrios aviltantes, quais sejam
aqueles hauridos nas decepções e
nos dissabores que adotamos por
flagelo constante do campo íntimo. Cultivar
melindres e desgostos, irritação e mágoa é o mesmo que semear espinheiros magnéticos e adubá-los no solo
emotivo de nossa existência, é
intoxicar, por conta própria, a tessitura da vestimenta corpórea, estragando os
centros de nossa vida profunda e arrasando, consequentemente, sangue e
nervos, glândulas e vísceras do corpo que a Providência Divina nos concede
entre os homens, com vistas ao desenvolvimento de nossas faculdades para a Vida
Eterna”. Por fim, o Espírito André Luiz, considera que “as depressões criadas em
nós por nós mesmos, nos domínios do abuso de nossas forças, seja rendição ao
desequilíbrio, seja estabelecendo perturbações em prejuízo dos outros, plasmam,
nos tecidos fisiopsicossomáticos que nos constituem o veículo de expressão,
determinados campos de ruptura na harmonia celular. Verificada a disfunção,
toda a zona atingida pelo desajustamento se torna passível de invasão
microbiana (...). Desarticulado, pois, o trabalho sinérgico das células nesse
ou naquele tecido, aí se interpõem as unidades mórbidas, quais as do câncer,
que, nesta doença, imprimem acelerado ritmo de crescimento a certos
agrupamentos celulares, entre as células sãs do órgão em que se instalem,
causando tumorações invasoras e metastásicas, compreendendo-se, porém, que a
mutação, no início, obedeceu a determinada distonia, originária da mente, cujas
vibrações sobre as células desorganizadas tiveram o efeito das projeções de
raios X ou de irradiações ultravioleta, em aplicações impróprias”.
Como podemos avaliar as consequências espirituais de uma pessoa, que se vale de um cargo público, para tirar vantagens em seu favor?
Na lei humana – mais
precisamente, no Código Penal, que estabelece penas aos condenados – o
corrupção aparece como um crime contra a sociedade. Sabemos, porém, que a lei dos homens pode ser bem ou mal aplicada
e, dependendo do autor do crime, este pode driblar a lei, provando inocência.
De qualquer forma, mesmo que condenado, os efeitos penais são sempre relativos,
uma vez que a justiça humana não dispõe de instrumentos que possam detectar o
espírito do réu.
Perante a lei de Deus, porém, a situação é outra, os mecanismos da
justiça são outros. A nossa consciência moral é o instrumento mais eficaz para
detectar nossos verdadeiros sentimentos ou a verdade que permanece viva no
espírito de cada um. É ela que, em última instância, vai funcionar para nos
absolver ou condenar, pois essa consciência é dotada de um dispositivo perfeito
para verificar a relação entre aquilo que fazemos e o que realmente sabemos a
respeito do que fazemos.
Diante da lei humana, o criminoso pode alegar ignorância e, se
ninguém provar o contrário, um crime doloroso pode se converter em crime
culposo – ou seja, será atenuada a gravidade da falta, diminuída sua pena ou,
simplesmente, descaracterizado o crime. Mas, diante da lei divina, aquela que
está escrita na sua consciência, o julgamento não é tão simples assim e se
realiza por outras vias.
Como a consciência moral é sustentada pela percepção que a pessoa
tem das leis da vida, essa consciência vai se modificando na medida em que o
Espírito vai amadurecendo. Isso quer dizer, em última instância, que quanto
maior a vivência do Espírito, mais consciência ele adquire do bem e,
consequentemente, mais se afasta do mal. Logo, um ato que cometeu hoje pode não
lhe estar trazendo efeitos danosos neste momento, mas o trará certamente no
futuro, quando estiver mais amadurecido.
É esse mecanismo da consciência moral – que faz o confronto entre
a evolução espiritual do indivíduo e a prática de sua vida – que vai
desencadear, mais cedo ou mais tarde, o remorso no Espírito culpado. E dessa
consciência ele não terá como fugir. A única apelação que poderá fazer é buscar
uma forma mais amena de resolver seu conflito interior, através das
reencarnações. É a isso que chamamos de misericórdia divina, o perdão de Deus.
Aquele ou aquela que comete um crime contra a sociedade – como são
os casos de corrupção – certamente responderá por isso com um pouco mais de
profundidade do que a lei humana exige. É claro que o fato de a pessoa ter
consciência ou não do que está fazendo pode ser um fator agravante ou
atenuante, mas jamais a exime do crime. Espíritos que abusaram do poder, que
utilizaram a máquina pública para benefício próprio, , com toda certeza,
responderão por isso.
Não temos como saber quando e como isso vai acontecer, porque cada
um percorre o próprio caminho nesta e nas vidas futuras. Mas, sendo ou não
condenado pela lei humana, resta saber quando se defrontará com o julgamento de
sua própria consciência. A duração da pena não sabemos, nem quando começa e nem
quando termina. Pode ser maior ou menor, mais branda ou mais sofrida, no mundo
espiritual e em outras encarnações, até que o Espírito se encontre apto a
perdoar a si mesmo, libertando-se por fim da carga de aflição que o acompanhou
por certo tempo.
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