Esta questão foi colhida em uma de nossas reuniões doutrinárias no Caminho de Damasco: “Por que existe gente que tem medo do Espiritismo? Vejo isso na reação de pessoas que até julgo inteligentes, mas quando ouvem falar de Espiritismo ficam assustadas. “
A primeira
explicação para essa reação negativa ante o Espiritismo se deve ao fato de
essas pessoas não conhecerem a Doutrina Espírita. Geralmente, o que elas sabem
de Espiritismo é o que ouviram falar, primeiramente em casa e depois de outras
pessoas que também não conhecem o Espiritismo, mas que costumam fazer
julgamento do que não conhecem. A par dessa irresponsabilidade, sabemos que
sempre há uma campanha difamatória por trás, particularmente dos líderes
religiosos preocupados em perder adeptos.
O problema tem uma abrangência maior,
justamente porque costumamos falar e dar a nossa opinião sobre o que desconhecemos.
Allan Kardec dizia mais ou menos assim: “ respeito a opinião de um químico
quando ele fala sobre Química, de um físico quando fala sobre Física, de um
matemático ao referir-se à Matemática, porque em cada um desses casos as
pessoas estão opinando sobre o campo que elas estudam e trabalham, mas não
posso respeitar a opinião que alguém que venha falar do Espiritismo, sem nada
conhecer de espiritismo.”
No entanto, muitas pessoas, como dissemos, só
sabem do Espiritismo o que ouviram falar. Nunca leram nada, tampouco se preocuparam
em estudar mais a fundo a matéria e, mesmo assim, acham que sabem tudo, que já
podem dar sua opinião e, o pior, que podem julgar e condenar o Espiritismo,
quando muitas vezes não dominam nem seu
próprio campo de conhecimento – no caso, a religião a que pertencem.
Evidentemente, para que possamos ser críticos de alguma coisa, precisamos ter
um domínio sobre esta coisa, caso contrário nossa opinião não tem valor algum.
Essas
mesmas pessoas, muitas vezes assumindo lideranças religiosas, acabam por fazer
a cabeça de seus seguidores, fazendo afirmações absurdas e incompatíveis com a
realidade. Tempos atrás, uma ouvinte deste programa ficou assustada quando
ouviu alguém dizer que Kardec se suicidou e, por isso, veio perguntar se
confirmávamos essa informação. É claro que se trata de uma difamação, na medida
em que o informante queria dizer que Kardec estava assediado pelo demônio,
porque isso pensava em condenar o Espiritismo.
Tais
opiniões não têm qualquer base racional e muito menos moral. Os espíritas, que
conhecem a sua doutrina, sabem do que estamos falando, pois se os difamadores
falam do que não conhecem, o Espiritismo, ao contrário, procura conhecer os
princípios de fé de todas as religiões, combatendo todo preconceito. Kardec
recomendou que o espírita lesse de tudo e não ficasse restrito apenas às obras
espíritas, a fim de que, conhecendo outras formas de crer, ele pudesse avaliar
melhor a sua própria crença e cientificar-se se realmente está no caminho
certo. Quem ama a verdade não tem o que temer.
Por
isso mesmo, o Espiritismo respeita todas as religiões, desde que elas ensinem o
bom caminho, preguem o amor ao próximo e estimule seus seguidores a se tornarem
pessoas cada vez melhores – porque esse deve ser o papel de toda religião que
se preze e que esteja disposta a servir à causa da humanidade. A verdade, como
dizia Kardec, não está aqui ou ali, está em todo lugar, pode vir inclusive de
onde menos esperamos. Daí concluir: quem somos nós para julgar?
Quem
está familiarizado com obras espíritas, quem assiste suas palestras,
sabe muito bem que os escritores e expositores espíritas, quando pretendem
mostrar o caminho do bem e da verdade,
não citam apenas autores espíritas. Eles citam pessoas de todas as
religiões e até mesmo aquelas que não têm religião alguma, pois, para o
Espiritismo ( do mesmo modo que Jesus entendia), ninguém é dono do bem ou da
verdade. O bem e a verdade estão em toda parte: onde haja um sentimento honesto
e um esforço para a realização de uma boa obra, há algo a ensinar para toda a
humanidade.
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