Por que Deus permite que Espíritos maldosos venham nos perturbar? Se nós temos protetores, como é que eles não conseguem expulsar aqueles Espíritos? (Isaura Regina Berro)
Em primeiro lugar, Isaura – apenas para
esclarecer melhor os conceitos -
precisamos tomar cuidado ao nos referir a Espíritos Inferiores ou
maldosos, como se eles fossem uma categoria de Espíritos destinados eternamente
ao mal. Nada disso. Segundo a Doutrina Espírita, todos os Espíritos são filhos
de Deus e, de uma forma ou de outra, eles chegarão ao Pai. Inferior é todo
Espírito que ainda cultiva más tendências e, neste particular, todos nós,
habitantes deste planeta, ainda somos Espíritos Inferiores.
O que chamamos de obsessão não é senão uma
maneira de perseguir, de agredir ou de se vingar, e essa condição ( de quem
persegue, de quem agride e de quem se viga) é própria da nossa condição humana.
Desse modo, em nosso atual estágio de desenvolvimento espiritual, podemos
invariavelmente nos encontrar em tal situação: quando desejamos o mal ao
próximo, quando o perseguimos ou quando o agredimos.
Logo, quem é o obsessor? É todo aquele que age
contra seu próximo. Qualquer um de nós pode fazer isso. Se estiver encarnado passa a ser um inimigo
encarnado; se estiver desencarnado passa a ser um Espírito obsessor. É claro
que tais comportamentos contrariam a lei de Deus, porque ferem o princípio de
amor, mas inegavelmente têm a resposta da própria lei – que é o que chamamos de
lei da ação e da reação. Deus não impede que o agricultor plante uma má
semente, mas se ele plantar, só poderá colher maus frutos.
Por outro lado – e isto aqui é o mais
importante – temos os protetores, os amigos, os Espíritos simpáticos. E os
temos não só na Espiritualidade, mas também encarnados. O que eles podem fazer?
Podem nos ajudar e frequentemente nos ajudam. Mas essa ajuda tem limites,
porque os bons respeitam o nosso livre-arbítrio, não interferem em nossa
vontade, apenas nos inspiram e nos aconselham.
Sendo assim, Isaura, para que um Espírito
consiga prejudicar um encarnado ele precisa encontrar caminho aberto e quem
abre esse caminho é o próprio encarnado. Eis porque fica difícil ao protetor
impedir que o obsessor entre por uma porta aberta. O máximo que o protetor pode
fazer é inspirar o encarnado para não se expor ao perigo e isso custaria
convencê-lo de que deve praticar o bem e evitar o mal. Mas isso ele nem sempre
consegue.
Imagine, Isaura, um médico recomendando ao
seu paciente que não fume mais, pois o cigarro está comprometendo seriamente
seus pulmões. Além de lhe prescrever algum medicamento, isso é o máximo que o
médico pode fazer, pois abandonar o cigarro é da competência exclusiva do
paciente; só ele pode tomar Se ele não fizer isso, o que o médico poderá fazer
mais? O médico não tem capacidade para expulsar a doença sozinho.
É assim que funciona o processo obsessivo,
Isaura. Por maior o empenho do protetor, sua ação fica reduzida à atuação de
seu protegido, que precisa fazer a sua parte. Por isso é que podemos concluir
que o nosso maior inimigo somos nós mesmos, quando não fazemos o que devemos,
quando negligenciamos nossos deveres, quando nos entregamos ao abuso, pois,
contra a nossa conduta interna, ninguém pode, a não ser nós mesmos.
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