Pergunta: “Por que o Espiritismo não admite a existência do demônio, se ele é citado muitas vezes na Bíblia?”
Por várias razões o
Espiritismo não pode concordar com a existência de um ser destinado eternamente
ao mal. Siga o nosso raciocínio. Se Deus é perfeito, Deus tudo cria, Deus tudo
sabe e Deus tudo pode. Se existisse o demônio, ele seria criatura de Deus, pois
nada existe que não tenha saído dele. Se Deus criou esse Espírito que mais
tarde seria a personificação do mal, no exato momento em que o criou, Deus já
sabia qual seria o seu destino, a perdição. Ora, como que Deus – que o Pai de
Amor e Bondade, segundo Jesus – criaria um filho para se perder!...
Um contrassenso, não é?
Nenhum pai – mesmo sendo humano como nós -
quereria um filho para se perder. Ora, se nós que somos humanos e
imperfeitos, amamos nossos filhos, a ponto de nos sacrificarmos por eles
(principalmente aqueles que estão no mal caminho), quanto mais Deus, que é o
Pai Perfeito e bom, cujo amor é infinito e nos envolve a todos,
indistintamente!...
A concepção do demônio, tão antiga quanto os mais antigos povos do
mundo, surgiu da ideia de que Deus não pode fazer o mal, justamente porque é
bom e perfeito. Então, dentro da estreiteza do pensamento dos antigos, a
solução que encontraram foi criar um tipo de “deus do mal”, que seria
responsável por todos os males que existem no mundo. Mas é porque os homens
daquele tempo não pensaram que o mal é apenas criação do homem, deriva de suas
imperfeições e dos seus próprios erros.
Por falar nisso, há uma
passagem nos evangelhos em que Jesus chama Pedro de diabo, aplicando justamente
essa ideia de que todos nós somos diabos ou demônios, quando fazemos o mal
contra o próximo. Ao praticar uma ação deliberada, que prejudica o próximo,
estamos investidos de um sentimento demoníaco ou diabólico. Mas isso não quer
dizer, absolutamente, que estaremos perdidos para sempre.
Isso porque, no imenso
universo de Deus, nada se perde, tudo se transforma. Os maus de hoje serão os
bons de amanhã, tanto quanto muitos dos bons de hoje foram maus no passado,
porque tudo obedece à lei da evolução. Todos estamos destinados ao bem, da
mesma forma que a semente está destinada a ser planta. É que uma questão de
tempo e oportunidade apenas, mas todos chegam lá.
Quando Jesus se deparava
com alguém endemoninhado – segundo a expressão da época, tomado pelo maligno –
na verdade, ele se via diante de um Espírito investido de maldade que, ao perceber
a luminosidade espiritual de Jesus, logo se afastava. Para a Doutrina Espírita
só existe um único poder e um único governo no mundo, Deus. Tudo que ele criou
se encaminha para perfeição, mas nunca sai de seus domínios. Assim como dele
tudo saiu, para ele tudo volta.
Portanto, caro ouvinte,
crer num Espírito Diabólico (demônio, diabo ou satanás), eternamente voltado
para o mal, disputando as almas dos homens, é acreditar que existem dois
poderes no mundo, um lutando permanentemente entre si para ver quem vai levar
vantagem. E acreditar nisso é negar as leis da natureza e o poder soberano de
Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário