faça sua pesquisa

segunda-feira, 20 de julho de 2020

PORQUE ESQUECEMOS O PASSADO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Se vivi outras vidas, sofro em consequência das decisões e ações insensatas delas e essas pessoas às quais estou ligado fazem parte de experiências mal sucedidas delas, por que não lembro de nada? Argumento comum entre aqueles que preferem a lei do mínimo esforço, presos à filosofia do “achismo”. Em artigo do número de agosto de 1863, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec ressalta alguns pontos importantes da questão: -“A lembrança precisa dessas faltas teria inconvenientes extremamente graves, pois isso nos perturbaria, nos humilharia aos nossos próprios olhos e aos do próximo; trariam uma perturbação nas relações sociais e, por isto mesmo, travaria nosso livre arbítrio. Por outro lado, o esquecimento não é tão absoluto quanto o supõem. Ele só se dá na vida exterior de relação, no interesse da Humanidade; mas, a vida espiritual não sofre solução de continuidade. Tanto como desencarnados, quanto nos momentos de emancipação, o Espírito se lembra perfeitamente e essa lembrança lhe deixa uma intuição que se traduz na voz da consciência, que o adverte do que deve, ou não deve fazer. Se não a escuta, então é culpa sua. Além disso, o Espiritismo dá ao homem um meio de remontar ao seu passado, se não aos atos precisos, ao menos aos caracteres gerais desses atos que ficaram mais ou menos desbotados na sua vida atual. Das tribulações que suporta, das expiações e provas deve concluir que foi culpado; da natureza dessas tribulações, ajudado pelo estudo de suas tendências instintivas, apoiando-se no princípio que a mais justa punição é a consequência da falta, pode deduzir seu passado moral. Suas tendências más lhe ensinam o que resta de imperfeito a corrigir em si. A vida atual é para ele um novo ponto de partida: aí chega rico ou pobre de boas qualidades; basta-lhe, pois, estudar-se a si mesmo para ver o que lhe falta e dizer: -‘Se sou punido, é porque pequei’. E a mesma punição lhe dirá o que fez. Citemos uma comparação. Suponhamos um homem condenado a tantos anos de prisão, sofrendo um castigo especial, mais ou menos rigoroso conforme sua falta: suponhamos, ainda, que ao entrar na prisão perca a lembrança dos atos que para lá o conduziram. Poderá dizer: -‘Se estou nesta prisão, é que fui culpado, pois não se condena gente virtuosa. Tratemos, pois, de nos tornarmos bons, para não voltarmos quando daqui sairmos’. Quer ele saber o que fêz? Estudando a lei penal, saberá quais os crimes que para ali conduzem, porque não se é posto a ferros por uma maluquice; da duração e severidade da pena, concluirá o gênero do que deve ter cometido. Para ter uma ideia mais exata, terá apenas que estudar os artigos para os quais irá sentir-se instintivamente arrastado. Saberá, então, o que daí em diante deverá evitar para conservar a liberdade e a isso será ainda excitado pelas exortações dos homens de Bem, encarregados de o dirigir e instruir no bom caminho. Se não aproveitar, sofrerá as consequências. Tal a situação do homem na Terra onde, como condenado, não pode ter sido posto por suas perfeições, desde que é infeliz e obrigado a trabalhar. Deus lhe multiplica os ensinamentos proporcionais ao seu adiantamento. Adverte-o incessantemente e o fere, até, para o despertar de seu torpor; e o que permanece no endurecimento não pode desculpar-se com a arrogância”. Através do médium Chico Xavier, o Espírito André Luiz registrou importantes apontamentos sobre o tema: 1: -“O obscurecimento das memórias pregressas, não é senão um fenômeno temporário, mais ou menos curto ou longo, conforme o grau de evolução que tenhamos atingido. Até certo ponto, uma dilatada hipnose. A passagem pelo claustro materno, o novo nome escolhido pelos familiares, os sete anos de semi-inconsciência no ambiente fluídico dos pais, a recapitulação da meninice, o retorno à juventude e os problemas da madureza, com as responsabilidades e compromissos consequentes, estruturam em nós – a individualidade eterna -, uma personalidade nova que incorporamos ao nosso patrimônio de experiências”. 2- Os Espíritos encarnados, tão logo se realize a consolidação dos laços físicos, ficam submetidos a imperiosas leis dominantes na Crosta (...). Sem a obliteração temporária da memória, não se renovaria a oportunidade”. 3 – “Sem o esquecimento transitório, não saberíamos receber no coração o adversário de ontem para regenerar-nos, regenerando-o”. 4 - Imaginemos a mente como sendo um lago. Se as águas se acham pacificadas e límpidas, a luz do firmamento pode retratar-se nele com segurança. Mas  se as águas vivem revoltas, as imagens se perdem ante o movimento das ondas móveis, principalmente quando o lodo acumulado no fundo aparece à superfície”

 A questão que vamos tratar agora surgiu numa entrevista com um cientista brasileiro. Segundo ele, se os Espíritos podem revelar coisas que a ciência ainda não descobriu, a ciência não serviria para nada, pois bastava consultar os Espíritos e eles dariam a resposta para qualquer pergunta e solução para todo problema.
 Aqui recaímos naquele velho problema das pessoas que dão sua opinião sobre um tema que não conhecem. Allan Kardec, no primeiro capítulo de “A GÊNESE”, isso em 1868, já afirmava que os Espíritos (referindo-se aos Espíritos Superiores) não revelam aos homens aquilo que os homens podem descobrir por si mesmos. Eles não poupam o trabalho do homem, pois através de seu esforço e de suas realizações, que ele evolui como Espírito. Não é difícil de entender isso. É a mesma filosofia do ensino que é dado nas escolas. O professor não antecipa a resposta ao aluno; caso contrário, o aluno só vai copiar a resposta, mas não vai aprender a resolver o problema.
Além do mais, em toda sua obra, Allan Kardec deixa claro que os Espíritos não sabem tudo, pois eles são apenas as almas de homens que viveram na Terra, imperfeitos como nós,  e que agora se acham na espiritualidade. Mesmo que se trate de Espíritos elevados, eles não estão distantes do homem mais sábio e inteligente. O Espiritismo segue, passo a passo, ao lado da ciência. A ele cabe revelar as coisas do mundo espiritual, enquanto a ciência, as do mundo material, razão pela qual Kardec acentuou bem que o Espiritismo e a ciência se completam.
 Enganam-se aqueles que pensam que os Espíritos têm resposta para tudo. Sempre que se fala em revelações, as pessoas em geral tendem a interpretar essas revelações como fatos sobrenaturais, miraculosos  ou mágicos, apelando para a imaginação e para a fantasia. Mas as revelações nada mais são do que a descoberta de fatos ou de leis que, até então, eram desconhecidos do ser humano. Logo, a ciência, tanto quanto o Espiritismo, são fontes de revelação, que seguem a ordem natural das coisas. Aliás, o Espiritismo só surgiu depois que a ciência passou a fazer grandes descobertas.
 Mas, os Espíritos não anteciparam algumas descobertas da ciência? – você pode perguntar. Sim, de certa forma sim - mas de uma forma muito superficial e discreta. Evidentemente, algumas revelações funcionaram apenas como um farol apontado para um caminho escuro. Ele apenas faz entrever alguma coisa logo à frente, mas não revela detalhes sobre isso, porque essa parte depende do trabalho e do esforço do homem.
 O mesmo aconteceu com grandes visionários, como escritores e poetas, filósofos e pensadores, que viveram num passado distante e que, enquanto encarnados, puderam fazer algumas predições interessantes, que depois, de certa forma, se confirmaram. Entretanto, essas previsões eram muito discretas e superficiais, como dissemos. Elas só foram confirmadas quando os cientistas já podiam dispor de instrumentos e condições para estudar e descobrir as leis naturais que regulam os fenômenos.
 A Doutrina Espírita esclarece que as revelações – sejam elas  da ciência ou do Espiritismo – só acontecem quando a humanidade atinge um determinado nível de desenvolvimento. Assim, ao tempo de Jesus, por exemplo, não era possível descobrir a eletricidade e nem no século de Kardec, inventar um aparelho como a televisão, pois nem rádio existia. Cada coisa vem a seu tempo, assim como, no desenvolvimento do ser humano, cada idade corresponde um nível de compreensão sobre a vida.
 Aliás, Jesus já utilizava este argumento, quando disse aos discípulos, conforme o Evangelho de João, que ele não poderia revelar mais coisas, porque o povo não estava preparado para compreender, mas que enviaria um Consolador, o Espírito da Verdade que, no futuro, viria relembrar seus ensinamentos e revelar outras coisas ao homem.

















Nenhum comentário:

Postar um comentário