De fato, a narrativa do Gênesis não deve ser interpretada
ao pé da letra e, portanto, não deve ser vista como um fato histórico ou real.
Desde o mundo mais antigo, o homem procurou explicação para tudo, queria saber
como o mundo começou, de onde veio e para onde vai. Daí surgiram os mitos e as
lendas de cada povo, que procuravam conformar a história com valores morais e
espirituais da época. Isso aconteceu também entre os hebreus, e a história da
criação foi elaborada para atender às necessidades daquele momento, em que se
acreditava muito e se raciocinava pouco.
Mas,
no fundo, as lendas e os mitos de cada povo são importantes para compreendermos
o caminhar da humanidade. Eles trazem um significado moral elevado, pois se
baseiam – como dissemos – em valores espirituais. Adão e Eva no paraíso
simbolizam o ser humano– mas o homem e a mulher de todos os tempos, que têm
tudo para serem bons e não são, que sabem das leis mas não as seguem, que
conhecem os próprios limites mas querem ser mais do que realmente são. A queda
representa o seu fracasso diante do bem. Quando eles poderiam ter uma vida mais
simples e mais próxima da natureza (como o paraíso bíblico), escolhem um caminho
tentador e muito complicado.
No
livro “A GÊNESE, OS MILAGRES E AS PREDIÇÕES”, o último de Kardec, editado em
1868, há um estudo muito interessante sobre a criação, mostrando que a narrativa
bíblica é uma figura, uma alegoria, e que o Espiritismo abraça as descobertas
da ciência, pois acredita na lei da evolução. É claro, mais do que nunca, a
ciência vem desvendando novas verdades sobre a trajetória do homem ao longo dos
milênios. E o Espiritismo, por sua vez, estabelece uma relação direta entre a
evolução da vida na Terra e a evolução do Espírito, ao longo de milhões de
anos.
Se
você tiver curiosidade e quiser conhecer mais sobre o assunto, leia este EVOLUÇÃO
EM DOIS MUNDOS. Autor espiritual: André Luiz. Psicografia de Francisco Cândido
Xavier e Waldo Vieira. Essa obra data de 1958 – tem, portanto, 62 anos. Nela
você vai encontrar um paralelo entre os dois lados da evolução, mostrando que a
criação é eterna, que tudo está em constante transformação (inclusive nós), a
caminho da perfeição. Eis porque reencarnamos. Na verdade, viemos do passado e
caminhamos em direção ao futuro, buscando novas formas de aperfeiçoamento, pois
a obra de Deus é muito mais complexa do que podemos imaginar.
O
importante é que compreendamos que não dá para explicar o universo sem Deus –
ou seja, sem uma inteligência perfeita, causadora de tudo, presente em tudo,
que regula cada fenômeno, que se manifesta em cada expressão da imensidade do
cosmos (seja numa explosão de nebulosa, seja no brilho de um minúsculo grão de
areia ao contato com um raio de sol) , mas que está também em cada um de nós,
em nosso coração, como expressão suprema
do amor que devemos uns aos outros.
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