Por que, quando a pessoa morre, vira santo, todo mundo passa a falar bem dela. Será porque nós queremos que todos se salvem?
Também por isso, não há
dúvida. Quando alguém parte desta vida – um ente querido, um familiar por
exemplo, e principalmente aquele com quem tivemos tantos desentendimentos
- sentimo-nos de certa forma aliviados.
Ou seja, essa pessoa já não é mais um problema em nossa vida e, por isso, ainda
que forma inconsciente, podemos ver na sua morte uma espécie de solução. É
claro que não queremos admitir isso, especialmente se alguém nos perguntar.
Mas isso é apenas uma parte
da explicação, porque, no fundo, não queremos ter problemas com ninguém, queremos
nos amar, sentimos que precisamos nos aceitar e nos amar uns aos outros. Por
isso, quando alguém ( que com quem nos sentimos tão incomodados) parte desta
vida, passamos experimentar uma espécie de culpa, por não tê-lo compreendido,
por não tê-lo tratado melhor. E aí nos resta, agora, enaltecer suas qualidades.
Daí porque a morte deve ser uma grande lição em nossa vida. Ela
nos mostra o lado que não queremos reconhecer nas pessoas, quando essas pessoas
estão aqui vivendo ao nosso lado. A morte nos convida a refletir melhor sobre
nossas atitudes no dia a dia, principalmente dentro da família, que é onde
surgem os maiores conflitos. Esta pessoa, que está aqui conosco, amanhã pode
não estar mais. Por isso, tanto quanto nós, ele precisa de compreensão e de
ajuda.
Nas sessões mediúnicas são comuns comunicações de Espíritos que
demonstram arrependimento por não terem sido mais pacientes, mais tolerantes,
mais compreensivos, mais atenciosos com aqueles que ficaram: pais que se
arrependem de não terem dado tanta atenção aos filhos, filhos que não souberam
valorizar os sacrifício dos pais, esposas que não foram tão devotadas aos
maridos, maridos que desprezaram e até traíram suas esposas.
Pois, os que partem desta
vida– tanto quanto os que ficam – também partem com os mesmos problemas – por terem
sabido conviver bem, por traírem os imperativos da própria consciência. Desse
modo, tanto para uns como para os outros, os que se afastam da sua convivência
passam a ser valorizados pelo bem que fizeram, pelas qualidades que demonstraram,
esquecendo-se seus defeitos e deslizes.
Desse modo, quase sempre
passamos a valorizar mais as pessoas quando as perdemos. Antes, incomodados,
apontávamos seus defeitos. Agora, aliviados, reconhecemos suas virtudes.
Aliando tudo isso ao sentimento de culpa, por não termos sido melhores
companheiros, passamos a elogiar sua conduta e até a exagerá-la, num tipo de
compensação pelo mal que achamos ter causado a ela.
Essa reação, portanto, é
perfeitamente natural. Mas deveríamos saber aproveitar melhor a lição da morte,
quando ouvimos tantas referências elogiosas aos que se foram. Isso, certamente,
vai acontecer com cada um de nós, porque sem dúvida, se temos defeitos, temos
também qualidades que deverão marcar a nossa vida depois que partirmos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário