Procedimento terapêutico como
Constelação
Familiar desenvolvido pelo alemão Bert Hellinger demonstra o acerto da
revelação apresentada pelo Espiritismo ainda no século 19 sobre o fato de que “um
indivíduo renasce na mesma família, ou, pelo menos, os membros de uma família
renascem juntos para constituir uma família nova noutra posição social, a fim
de apertarem os laços de afeição entre si, ou reparar agravos recíprocos”.
Por sinal, a informação de Allan Kardec, vai além, dizendo que
embora compromissos assumidos por famílias, não são resgatados por
descendentes, visto que ninguém paga pelos erros de outrem, mas, sim, reencarnando
no mesmo grupo familiar, o infrator ressurge como, por exemplo, bisneto de si
mesmo, no sentido de retificar insensatas ações. O desconhecimento dessa visão da família
resulta, porém, em muitos fracassos nos programas evolutivos cumpridos em nossa
Dimensão, bem como, na morosidade com que o Ser avança mais alguns passos no
caminho do progresso espiritual. Prova disso nos é oferecido no excelente livro
FILHOS DA DOR (inteLitera, 2010), do
professor e Mestre em Direito Penal, além de Delegado de Polícia Vilson
Disposti e que sensibilizado pelos casos que observava no exercício de
uma de suas atividades em prol da garantia de Lei, fundou uma instituição
denominada Casa do Caminho Ave Cristo, na cidade de Birigui, interior de São Paulo. A obra prefaciada pelo médium Divaldo
Pereira Franco, constitui-se num dos mais bem escritos trabalhos a
respeito de um dos avassaladores e crescentes problemas – na verdade, um
sintoma -, enfrentado pela sociedade contemporânea: a dependência química.
Expõem não só o fato da sua origem ser repercussão do modelo familiar
vivenciado por parte da sociedade desde o final do século XX, mas, também a
dureza de corações nele reunidos. Isso fica patente, sobretudo, nalguns dos
exemplos selecionados pra ilustrar os argumentos do inspirado e experiente
escritor. Num deles, “os pais de um rapaz de 25 anos, que lutavam
para afastar o filho da dependência, crendo que a retirada do mesmo do meio
social em que vivia solucionaria o problema, decidiram enviá-lo a outro país, e
tendo adotado as providências necessárias, inclusive do emprego garantido, às
vésperas da viagem, viram o filho desaparecer por duas semanas com o dinheiro
reservado e o único carro da família, após o que o impediram de entrar em casa,
decidindo que deveria ser excluído da família, o que o levou a morar na rua,
disputando com outros viciados, a guarda de carros estacionados, e, mesmo
convencido por amigos a internar-se no Centro Ave Cristo, abandonou a terapia,
preferindo a condição de morador de rua, recusando-se a qualquer tratamento”.
Noutro, repete a resposta de um dos assistidos da instituição que “indagado
se saberia dizer o que o teria levado às drogas explicou ter sofrido muito com
a separação de seus pais, que seu genitor constitui nova família, não lhe dando
mais atenção, limitando-se ao pagamento obrigatório da pensão alimentícia. Executivo
de uma das maiores construtoras do país, quando comunicado de sua dependência
química aos 15 anos, ignorou, pedindo para não ser aborrecido com esse assunto,
dizendo que só vai para a droga quem quer. A razão de ter procurado a clínica
era sair das drogas para mostrar a ele ser capaz, na esperança que o pai ainda
sinta orgulho dele”. Três meses após a internação demonstrando
evidentes sinais de sua recuperação, questionado sobre o que de tristeza em seu
semblante, desabafou dizendo de sua ansiedade por uma carta ou ligação
telefônica de seu pai, infelizmente frustrada, indagando se ele havia feito
contato com a clínica. Procurado, agradecendo pela tentativa de ampará-lo, o
genitor declarou ser o filho maior de idade, nada mais podendo fazer por ele.
Quanto à mãe, às vésperas da liberação do moço dos oito meses do bem sucedido
tratamento, antecipando-se à manifestação do filho em tenso diálogo que
mantinham, declarou: - “Desejaria deixar claro uma coisa: eu não vou
abrir mão da minha cervejinha diária. Em minha geladeira, sempre guardo algumas
de reserva e agora esse menino vem com essa conversa de que tem medo de não se
segurar por causa disso. Assim, ele não poderá voltar a morar comigo”. Como
dito pelo psicanalista Eduardo Kalina, várias vezes citado
pelo Dr Vilson Disposti, “o desejo tóxico é induzido socialmente, para
diminuir as ansiedades geradas pelas frustrações afetivas”. O livro é
permeado por outros impactantes exemplos, constituindo-se em importante
instrumento de avaliação do grave problema social, não só no seu enfrentamento,
mas quem sabe também da sua prevenção.
Como que o Espiritismo explica a morte do ator Domingos Montagner? Ela estava prevista no seu plano de vida? Neste caso, seria um destino?
O Espiritismo não acredita que exista um destino irrevogável para
a vida humana, no sentido vulgar que se dá a essa palavra, destino, como um
fato que ninguém pode evitar. Devemos sempre levar em conta a Lei de Causa e
Efeito, segundo as qual nada acontece por acaso. No entanto, essa lei é muito
ampla. Ela tanto pode se referir ao passado remoto do Espírito (ou seja, a encarnações
passadas), como pode estar relacionada com fatos desta mesma vida ou com ambas
as situações.
N’O LIVRO DOS ESPÍRITOS há um estudo a respeito do tema “livre
arbítrio e fatalidade”( a partir da questão 843 ), que serve de base ao que
vamos dizer sobre os acontecimentos de nossa vida. Mas o bom senso nos leva a
concluir que, não existindo duas almas iguais e duas vidas iguais, também não
existem dois destinos iguais. Cada caso é um caso, cada vida é uma construção e
uma experiência própria na escalada evolutiva do Espírito.
O conceito de
livre-arbítrio - ou seja, capacidade de o Espírito decidir sobre sua vida
- e que a Doutrina Espírita adota,
derruba a ideia de um destino irrevogável, uma vez que tudo o que o individuo
fizer (seja para destruir sua vida, seja para protegê-la), sempre pode mudar
alguma coisa na sua trajetória, pode evitar, provocar, atenuar ou agravar uma
situação. N’O LIVRO DOS ESPÍRITOS fica claro que, se podemos usar a palavra
“fatalidade”, seria apenas e tão somente no caso em que o resultado da ação não
depende da vontade ou decisão da pessoa.
Logo, utilizando os
conceitos de fatalidade e de livre-arbítrio de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, podemos
dizer que uma morte acidental – como foi o caso do ator mencionado – era uma
probabilidade que se configurou quando ele contemplou o rio e perguntou a si
mesmo se devia ou não mergulhar naquele trecho perigoso. Não podemos
desconsiderar o fato do ator ter ou não ter consciência do perigo que corria. Isto
porque, ao reencarnar, o Espírito sabe a que riscos será exposto e, por isso
mesmo, deve acautelar-se em relação à possibilidade de uma morte prematura. A
vida na Terra é sempre uma oportunidade preciosa para todo Espírito.
Como nada acontece por acaso, um conjunto de
causas deve ter concorrido para que esse ator estivesse lá, naquele dia e fosse
convidado a tomar uma decisão, como de fato tomou Evidentemente – alguém
poderia objetar – ele poderia não ter morrido, mesmo mergulhando naquele trecho
do rio. Isso, de fato, poderia acontecer. No entanto, alguns fatores ligados a
fatos de sua trajetória espiritual concorriam muito para que aquele fosse o
momento fatal. E neste caso não poderíamos sequer descartar a possibilidade de
alguma influência espiritual.
Desse modo, não podemos dizer
nada com certeza, pois, como dissemos, tudo se dá dentro de uma faixa de
probabilidades, ligadas ao caráter e ao caminho que esse Espírito veio fazendo,
desde outras encarnações. Quando, no plano espiritual, ele vier a tomar
consciência do fato, certamente , descobrirá quais foram as verdadeiras causas
da morte acidental e tomará isso como mais uma experiência na sua trajetória
espiritual
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