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segunda-feira, 3 de agosto de 2020

DUROS DE CORAÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR


Procedimento terapêutico como Constelação Familiar desenvolvido pelo alemão Bert Hellinger demonstra o acerto da revelação apresentada pelo Espiritismo ainda no século 19 sobre o fato de que “um indivíduo renasce na mesma família, ou, pelo menos, os membros de uma família renascem juntos para constituir uma família nova noutra posição social, a fim de apertarem os laços de afeição entre si, ou reparar agravos recíprocos”. Por sinal, a informação de Allan Kardec, vai além, dizendo que embora compromissos assumidos por famílias, não são resgatados por descendentes, visto que ninguém paga pelos erros de outrem, mas, sim, reencarnando no mesmo grupo familiar, o infrator ressurge como, por exemplo, bisneto de si mesmo, no sentido de retificar insensatas ações.  O desconhecimento dessa visão da família resulta, porém, em muitos fracassos nos programas evolutivos cumpridos em nossa Dimensão, bem como, na morosidade com que o Ser avança mais alguns passos no caminho do progresso espiritual. Prova disso nos é oferecido no excelente livro FILHOS DA DOR (inteLitera, 2010), do professor e Mestre em Direito Penal, além de Delegado de Polícia Vilson Disposti e que sensibilizado pelos casos que observava no exercício de uma de suas atividades em prol da garantia de Lei, fundou uma instituição denominada Casa do Caminho Ave Cristo, na cidade  de Birigui, interior de São Paulo.  A obra prefaciada pelo médium Divaldo Pereira Franco, constitui-se num dos mais bem escritos trabalhos a respeito de um dos avassaladores e crescentes problemas – na verdade, um sintoma -, enfrentado pela sociedade contemporânea: a dependência química. Expõem não só o fato da sua origem ser repercussão do modelo familiar vivenciado por parte da sociedade desde o final do século XX, mas, também a dureza de corações nele reunidos. Isso fica patente, sobretudo, nalguns dos exemplos selecionados pra ilustrar os argumentos do inspirado e experiente escritor. Num deles, “os pais de um rapaz de 25 anos, que lutavam para afastar o filho da dependência, crendo que a retirada do mesmo do meio social em que vivia solucionaria o problema, decidiram enviá-lo a outro país, e tendo adotado as providências necessárias, inclusive do emprego garantido, às vésperas da viagem, viram o filho desaparecer por duas semanas com o dinheiro reservado e o único carro da família, após o que o impediram de entrar em casa, decidindo que deveria ser excluído da família, o que o levou a morar na rua, disputando com outros viciados, a guarda de carros estacionados, e, mesmo convencido por amigos a internar-se no Centro Ave Cristo, abandonou a terapia, preferindo a condição de morador de rua, recusando-se a qualquer tratamento”. Noutro, repete a resposta de um dos assistidos da instituição que “indagado se saberia dizer o que o teria levado às drogas explicou ter sofrido muito com a separação de seus pais, que seu genitor constitui nova família, não lhe dando mais atenção, limitando-se ao pagamento obrigatório da pensão alimentícia. Executivo de uma das maiores construtoras do país, quando comunicado de sua dependência química aos 15 anos, ignorou, pedindo para não ser aborrecido com esse assunto, dizendo que só vai para a droga quem quer. A razão de ter procurado a clínica era sair das drogas para mostrar a ele ser capaz, na esperança que o pai ainda sinta orgulho dele”. Três meses após a internação demonstrando evidentes sinais de sua recuperação, questionado sobre o que de tristeza em seu semblante, desabafou dizendo de sua ansiedade por uma carta ou ligação telefônica de seu pai, infelizmente frustrada, indagando se ele havia feito contato com a clínica. Procurado, agradecendo pela tentativa de ampará-lo, o genitor declarou ser o filho maior de idade, nada mais podendo fazer por ele. Quanto à mãe, às vésperas da liberação do moço dos oito meses do bem sucedido tratamento, antecipando-se à manifestação do filho em tenso diálogo que mantinham, declarou: - “Desejaria deixar claro uma coisa: eu não vou abrir mão da minha cervejinha diária. Em minha geladeira, sempre guardo algumas de reserva e agora esse menino vem com essa conversa de que tem medo de não se segurar por causa disso. Assim, ele não poderá voltar a morar comigo”. Como dito pelo psicanalista Eduardo Kalina, várias vezes citado pelo Dr Vilson Disposti, “o desejo tóxico é induzido socialmente, para diminuir as ansiedades geradas pelas frustrações afetivas”. O livro é permeado por outros impactantes exemplos, constituindo-se em importante instrumento de avaliação do grave problema social, não só no seu enfrentamento, mas quem sabe também da sua prevenção.

 Como que o Espiritismo explica a morte do ator Domingos Montagner? Ela estava prevista no seu plano de vida? Neste caso, seria um destino?

O Espiritismo não acredita que exista um destino irrevogável para a vida humana, no sentido vulgar que se dá a essa palavra, destino, como um fato que ninguém pode evitar. Devemos sempre levar em conta a Lei de Causa e Efeito, segundo as qual nada acontece por acaso. No entanto, essa lei é muito ampla. Ela tanto pode se referir ao passado remoto do Espírito (ou seja, a encarnações passadas), como pode estar relacionada com fatos desta mesma vida ou com ambas as situações.
N’O LIVRO DOS ESPÍRITOS há um estudo a respeito do tema “livre arbítrio e fatalidade”( a partir da questão 843 ), que serve de base ao que vamos dizer sobre os acontecimentos de nossa vida. Mas o bom senso nos leva a concluir que, não existindo duas almas iguais e duas vidas iguais, também não existem dois destinos iguais. Cada caso é um caso, cada vida é uma construção e uma experiência própria na escalada evolutiva do Espírito.
 O conceito de livre-arbítrio - ou seja, capacidade de o Espírito decidir sobre sua vida -  e que a Doutrina Espírita adota, derruba a ideia de um destino irrevogável, uma vez que tudo o que o individuo fizer (seja para destruir sua vida, seja para protegê-la), sempre pode mudar alguma coisa na sua trajetória, pode evitar, provocar, atenuar ou agravar uma situação. N’O LIVRO DOS ESPÍRITOS fica claro que, se podemos usar a palavra “fatalidade”, seria apenas e tão somente no caso em que o resultado da ação não depende da vontade ou decisão da pessoa.
 Logo, utilizando os conceitos de fatalidade e de livre-arbítrio de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, podemos dizer que uma morte acidental – como foi o caso do ator mencionado – era uma probabilidade que se configurou quando ele contemplou o rio e perguntou a si mesmo se devia ou não mergulhar naquele trecho perigoso. Não podemos desconsiderar o fato do ator ter ou não ter consciência do perigo que corria. Isto porque, ao reencarnar, o Espírito sabe a que riscos será exposto e, por isso mesmo, deve acautelar-se em relação à possibilidade de uma morte prematura. A vida na Terra é sempre uma oportunidade preciosa para todo Espírito.
  Como nada acontece por acaso, um conjunto de causas deve ter concorrido para que esse ator estivesse lá, naquele dia e fosse convidado a tomar uma decisão, como de fato tomou Evidentemente – alguém poderia objetar – ele poderia não ter morrido, mesmo mergulhando naquele trecho do rio. Isso, de fato, poderia acontecer. No entanto, alguns fatores ligados a fatos de sua trajetória espiritual concorriam muito para que aquele fosse o momento fatal. E neste caso não poderíamos sequer descartar a possibilidade de alguma influência espiritual.
 Desse modo, não podemos dizer nada com certeza, pois, como dissemos, tudo se dá dentro de uma faixa de probabilidades, ligadas ao caráter e ao caminho que esse Espírito veio fazendo, desde outras encarnações. Quando, no plano espiritual, ele vier a tomar consciência do fato, certamente , descobrirá quais foram as verdadeiras causas da morte acidental e tomará isso como mais uma experiência na sua trajetória espiritual
















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