É do Elias Domingues da Silva, a seguinte pergunta: “Será que o copiloto que derrubou o avião nas montanhas da França, embora seja um doente mental, tem culpa pelas mortes que causou e vai responder por isso perante a Lei de Deus?”
Elias, vamos tentar responder sua pergunta,
repetindo a questão 964 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, quando Kardec pergunta aos
seus mentores o seguinte: “Deus tem
necessidade de se ocupar com cada um de nossos atos para nos recompensar ou
punir, e a maioria desses atos não são insignificantes para ele?”
Veja
que Kardec está se referindo mais ao que ele chama de atos insignificantes – ou
seja, aqueles que geralmente não têm uma repercussão maior. No entanto, você se
refere a um ato, que foi decisivo na vida de 150 pessoas ( inclusive do próprio
que o provocou). Mas, ouvindo o que dizem os Espíritos, podemos tirar alguma
conclusão disso. E a resposta que eles deram
a Kardec foi a seguinte:
“Deus tem suas leis que regulam todas as
vossas ações; se as violais é vosso o erro. Sem dúvida, quando um homem comete
um excesso, Deus não pronuncia um julgamento contra ele para lhe dizer por
exemplo: ‘foste guloso e vou te punir’. Mas ele traçou um limite: as doenças e
frequentemente a morte são a consequência dos excessos. É a isso que as pessoas
chamam de punição. Mas ela é apenas o resultado da infração à lei. Assim em
tudo”.
Ora, Elias, a resposta é clara – ou seja, o
que funciona na lei natural – também chamada de Lei de Deus – é o princípio da
causa e efeito, da ação e reação. Toda ação tem efeito ( seja qual for), todo
ato que praticamos tem suas consequências. Então, você questionaria o seguinte:
‘Isso em entendo, mas quero saber se um ato danoso, praticado por um individuo
que estava fora de si, sofrendo um grande transtorno emocional, têm as mesmas
consequências para ele que o mesmo ato que cometesse tivesse no pleno gozo de
suas faculdades mentais’.
Evidentemente, não estamos aqui para julgar a
pessoa do copiloto que, segundo consta, teria sido ele o único causador das 150
mortes. Mas vamos considerar que, realmente, ele estava “fora de si”, em meio a
uma crise emocional. Não sabemos - e,
com certeza, nunca vamos saber - o que
ele pensou para fazer o que fez. Se o
caso fosse apenas de suicídio, ele poderia suicidar-se de outra maneira, sem
envolver outras pessoas. No entanto, ao tudo indica, embora aparentemente
contido, estava armado de fúria, tanto assim que não se satisfez apenas com a
sua morte, queria que toda aquela gente fosse com ele, como se todos fossem
culpados de seu problema.
Neste
caso, o que esse piloto fez é comparável aos atos daqueles que entram numa
escola, atirando em todo mundo e depois se suicidam. Veja que há um componente patológico nesse tipo de conduta – esse moço,
de fato, era um doente. Mas há também algo mais profundo nesse Espírito, que não
é possível entender com base nesta única encarnação. Queremos dizer que ele não
chegou a essa condição por acaso. O que será que existe no passado desse
Espírito?
Veja que esse piloto foi capaz de arquitetar
um plano de vingança contra a humanidade – sabemos lá quanto tempo ele vinha
fazendo isso - mas ele não foi capaz de
levar em conta o sofrimento daqueles que seriam as suas vítimas, nem das
centenas famílias que estariam chorando amargamente a perda de seus entes
queridos. Repare que a doença mental, Elias, tanto pode pôr para fora atos de submissão e
bondade, que revelam a fuga de si mesmo, como atos de extrema crueldade como
esse que gerou tamanha tragédia.,
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