faça sua pesquisa

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

TEMA POLEMICO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

A consulta foi objeto de matéria na REVISTA ESPÍRITA, edição de maio de 1858. Um assinante da mesma expôs duvida originada na comunicação espiritual do Espírito de sua esposa com que manteve harmônico relacionamento ao longo de vários anos, com o qual tivera seis filhos. Aproximando-se de grupo praticante das comunicações interdimensionais, descobrira que sua querida esposa encontrava-se feliz no Plano Espiritual, trabalhando pela felicidade dos que deixara em nossa Dimensão. Ocorre que num dos contatos estabelecidos, ouvira da esposa que a bondade e a honestidade que os caracterizava tinha sido a responsável pela convivência equilibrada, visto nem sempre terem o mesmo ponto de vista nas diversas circunstâncias da vida em comum, não sendo, todavia, metades eternas, união rara na Terra, embora pudessem ser encontradas. Indagada sobre se via sua metade eterna, respondeu que sim, estando encarnado como um pobre diabo na Ásia, devendo se reunir novamente na Terra mesmo, só daí a 175 anos, segundo o calendário terreno. Sugeriu então ouvisse duas entidades de nome Abelardo e Heloísa sobre a questão que afirmaram estar ligados desde Eras remotas, amando-se profundamente, embora conservando sua individualidade, unindo-se pela Lei da Afinidade, sem conotações sexuais, visto que na essência essa característica não existe. Em seus esclarecimentos informaram ainda que não existem almas criadas duplas; ser impossível duas almas reunir-se na Eternidade formando um todo; que ambos desde sua origem eram duas almas perfeitamente distintas, embora sempre unidas; que as criaturas humanas acham-se nas mesmas condições conforme sejam mais ou menos perfeitos; sobre as almas serem destinadas a um dia se unirem a uma outra, que cada Espírito tem a tendência para procurar um outro Espírito que lhe seja semelhante, fenômeno denominado simpatia. O desejo do missivista por maiores esclarecimentos sobre a Teoria das Metades Eternas foi submetido por Allan Kardec ao dirigente espiritual das reuniões da Sociedade Espírita de Paris, através de sete perguntas, respondidas da seguinte forma: 1- Inexiste a figura da metade predestinada desde sua origem a se unir fatalmente. Não existe uma união particular, mas em graus diferentes, segundo a posição que ocupam, isto é, segundo a perfeição adquirida: quanto mais perfeitos, mais unidos. Da discórdia brotam todos os males humanos; da concórdia, a felicidade completa. 2- A expressão metade é inexata. Se um Espírito fosse metade de outro e dele separado, seria incompleto. 3- Todos os Espíritos que chegaram à perfeição, estão unidos entre si. Nas Esferas Inferiores, quando um Espírito se eleva não é mais simpático àqueles que deixou. 4- A simpatia que atrai um Espírito para outro resulta da perfeita concordância de suas inclinações e de seus instintos. Se um devesse completar o outro, perderia sua individualidade. 5- A identidade necessária à simpatia perfeita não consiste na similitude de pensamentos e de sentimentos nem na uniformidade de conhecimentos adquiridos, mas na igualdade do grau de elevação. 6- Os Espíritos que hoje não são simpáticos poderão sê-lo mais tarde. Todos, o serão. Assim, o Espírito que hoje se acha em tal Esfera inferior alcançará, pelo aperfeiçoamento, a Esfera onde reside o outro. Seu encontro dar-se-á mais prontamente se o Espírito mais elevado, suportando mal as provas a que se submeteu, demorou-se no mesmo estado. 7- Dois Espíritos simpáticos poderão deixar de o ser, se um deles for preguiçoso. Comentando o apurado, Allan Kardec acrescenta: -“A Teoria das Metades Eternas é uma figura referente à união de dois Espíritos simpáticos; é uma expressão usada mesmo na linguagem comum, tratando-se dos esposos, e que não se deve tomar ao pé da letra. Os Espíritos que dela se serviram certamente não pertencem a mais alta ordem: a Esfera de seus conhecimentos é necessariamente limitada e eles exprimiram o pensamento em termos de que teriam se servido na vida corpórea. É, pois, necessário rejeitar esta ideia de que dois Espíritos, criados um para o outro, um dia deverão unir-se na Eternidade, depois de terem estado separados durante um lapso de tempo mais ou menos longo”. O resultado obtido com a consulta, está incluído da edição definitiva d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, das questões 291 a 303a, publicado em 1860. Como se vê, a tese das chamadas “almas gêmeas”, encontra objeção não só nos argumentos apresentados pelos Espíritos Abelardo e Heloísa, como nos de São Luiz, sensata e sobriamente comentados por Allan Kardec. A sustentação de tal teoria naturalmente resulta da falta de um estudo mais aprofundado e meditado do conteúdo do Espiritismo sobre a questão evolutiva do Ser.



   “Após a morte, o que acontece com uma pessoa que matou uma criança?” – pergunta formulada pela ouvinte Carmen Scarparo Marion.
  Evidentemente, a sensação de quem assassinou uma criança e adentra o mundo espiritual, deve ser muito desagradável, Carmen. Contudo, cada caso se reveste de características próprias e não nos cabe julgar. O problema de um crime dessa natureza, principalmente se revestido de requintes de crueldade, é o sentimento de culpa que deve aflorar da consciência do assassino, e isso pode acontecer aqui na Terra, antes mesmo de sua desencarnação.
 Essa culpa deverá tortura-lo e será tanto maior quanto mais exigente sua consciência. Nenhum de nós, na sua plena capacidade de raciocínio, se sentiria bem consigo mesmo, após ter prejudicado um ser indefeso como a criança, quanto mais pelo fato de ter-lhe roubado a vida. No mínimo, quando não fôssemos muito exigentes em termos morais, ficaríamos incomodados com um grito interior, pois, bem lá no fundo da consciência, temos a noção do que é certo e do que é errado, do que fizemos de bem e do que fizemos de mal.
 Os Espíritos disseram a Kardec que as leis de Deus estão em nossa consciência. Natural, portanto, que os criminosos infanticidas procurem driblar sua consciência moral para não terem que encará-la, pois a culpa tende a se agravar com o tempo. Para isso, eles procuram se esconder de si mesmos, disfarçando bem-estar, e procurando se convencer que seu ato não foi tão grave assim. Pura ilusão. No fundo, esse grito de consciência não se cala e, ainda que momentaneamente abafado, ecoa de sua casa mental como um elemento perturbador de sua paz interior. Podemos fugir da justiça humana, mas não engamos a Justiça Divina.
 A morte do corpo deixa livre o Espírito para uma novo tipo de experiência no mundo espiritual. Não estando mais preso às necessidades físicas e nem diretamente envolvido com os problemas terrenos, cada um se depara com uma realidade consciencial mais viva e mais atuante, como se colocasse à sua frente um espelho onde ele vai ficar contemplando a própria alma. Mas, assim mesmo, depende de quanto o Espírito já amadureceu para a realidade da vida. Quanto mais desperto, mais sofre: sofre a dor do arrependimento e sofre mais a necessidade de querer reparar o erro cometido.
 Estamos falando em termos teóricos, Carmen, pois cada caso é um caso, cada consciência uma consciência, cada dor uma dor A verdade é que, quanto mais o Espírito vai crescendo em compreensão das leis da vida, mais ele sofre o remorso pelos erros que não conseguiu evitar. Desse modo quem não sofre agora vai sofrer depois, quem não suporta o peso da culpa nesta vida, deverá suportá-lo na vida espiritual ou em outra existência. Só a oportunidade de nova encarnação é que vai lhe propiciar a oportunidade de tentar reparar o erro que cometeu e isso pode acontecer nas mais variadas condições.
















Nenhum comentário:

Postar um comentário