Sobre
a queda do avião alemão nos Alpes franceses, Roberto Silva, de Vila Rebelo,
levanta a seguinte questão. “Segundo o Espiritismo, a morte das 150 pessoas nesse
desastre pavoroso não foi por mero acaso. Eu pergunto: as pessoas, que estavam naquele avião, ali
foram colocadas por Deus para cumprir a lei? E o copiloto que jogou o avião
contra a montanha? Será que Deus deu a esse homem o papel de carrasco para
executar toda aquela gente, inclusive ele mesmo? E, se ele era uma pessoa
mentalmente doente, será que teve culpa pelo que fez? Por esses dois motivos:
porque ajudou no cumprimento da Justiça Divina e por ser um doente mental, ele
não está isento de culpa perante Deus?”
Quando, nas questões 963 e 964 de O LIVRO DOS
ESPÍRITOS, Kardec pergunta aos mentores espirituais se Deus se ocupa
pessoalmente com cada um de nós, eles respondem : ”Deus tem suas leis que regulam
todas as vossas ações; se as violais, o erro é vosso.” E exemplificam
dizendo: “Quando um homem pratica um abuso, Deus não pronuncia um julgamento
contra ele dizendo, ‘foste guloso e vou te punir’. Mas ele traçou um limite. As
doenças e, frequentemente, a morte são a consequência dos excessos: eis a
punição. Ela é o resultado da infração à lei. Assim em tudo.”
Diante
de uma tragédia como mais esta que comoveu o mundo – e de acordo com estes
princípios, só temos uma única certeza: na Lei de Deus nada acontece por
acaso. Nós, seres humanos, dentro de nossas limitações e parcos
conhecimentos, vamos procurar causas e vamos querer achar culpados, até porque
a lei humana não pode se omitir em relação às graves questões de segurança e
defesa da vida, que são da competência da sociedade. No entanto, mesmo com a
ajuda do Espiritismo, nós temos consciência de que não vamos encontrar respostas
para todas as perguntas.
Podemos especular com as poucas informações
que temos: é o que estamos fazendo. Podemos procurar entender o que aconteceu e
por que aconteceu, pois essas tragédias – que abalam o mundo – servem
justamente para que tiremos lições da vida e nos melhoremos espiritualmente.
Com certeza, as vítimas desse desastre não estavam naquele avião por acaso. De
uma maneira geral, podemos afirmar que algo no passado de cada uma delas - ou mesmo
de todas elas, solidariamente – levou-as a esta situação, como efeito
decorrente das Leis da Vida. Geralmente, as mortes coletivas, ou são casos de
expiação ou são provas pelas quais os Espíritos precisam passar.
Como
nada acontece por acaso, esse avião não poderia cair sem que houvesse uma causa
geradora do acidente. Essa causa poderia
ser um defeito técnico, poderia decorrer de algum fenômeno atmosférico, poderia
até mesmo provir de um ato de terrorismo; mas, pelo que sabemos, não foi. Mas
desconhecemos se o copiloto, ainda que passando por um transtorno mental, tem a
ver com experiências de vidas passadas dos demais ocupantes da nave. Possivelmente,
sim. Não sabemos, também. se todos os
ocupantes – ou alguns deles – perderam a vida pela mesma causa.
Não
sabemos, nem mesmo, quem os levou a essa viagem; se foi a iniciativa cada um ao
buscar no mais íntimo da alma a concretização de seu destino nesta vida, ou se
houve alguma interferência espiritual nesse sentido. O fato é que lá estavam
aqueles que deveriam estar, pois a Lei de Deus tem mecanismos singulares muito
complexos, cuja realização muitas vezes foge à nossa capacidade de compreensão.
O copiloto, a quem se atribui a provocação do desastre, como você diz, teria
sido exercido o papel de carrasco de toda essa gente.
Diante da a lei humana, se acaso sobrevivesse, talvez nem fosse condenado
por causa da sua condição de doente mental. Mas, perante a Lei Divina, a realidade
é mais ampla do que podemos constatar, pois é preciso considerar a trajetória
desse Espírito, para se verificar como ele veio se conduzindo ao longo das
encarnações anteriores. Nem todo doente mental é dado a comportamentos
destrutivos. Logo, algo mais profundo esconde-se no passado nebuloso desse
Espírito. Daí não sabermos qual a sua real condição perante a Lei Divina.
As
estatísticas demonstram que, diariamente, morrem centenas de milhares de
pessoas nas rodovias de todo o mundo. Só em 2012, tivemos mais de 46 mil
vítimas fatais nas estradas do Brasil. Acidentes
de veículos terrestres é o que mais existem – ceifando a vida centenas de vezes
mais do que as vítimas de acidentes aéreos. E nós nem tomamos conhecimento da
extensão dolorosa dessas tragédias, pois um acidente que mata duas ou três pessoas
não tem a mesma repercussão que um outro que tira dezenas ou centenas de vidas
de uma só vez. Todos esses casos, porém, caro ouvinte, estão enquadrados na
mesma Lei da Vida, com suas causas e com os seus culpados. Mas quanto ao que
cabe de culpa e/ou responsabilidade de cada um, não sabemos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário