Entre as dezenove experiências de regressão de memória a encarnações passadas, inseridas pelo engenheiro frances Albert De Rochas no livro VIDAS SUCESSIVAS, publicado em 1911 (no Brasil em 2005, pela Lachâtre, chama a atenção a de número 8. Na verdade, foi desenvolvida por um amigo de nome Bouvier que testemunhara algumas de suas inusitadas investigações no inconsciente profundo de alguns voluntários entre 1892 e 1910. Identifica, por razões compreensíveis, apenas pela inicial J. a pessoa estudada, informando ter ela formação certificada de ensino secundário; ser casada com um militar; mãe de uma menina de 4 anos; de saúde delicada. Quanto aos critérios por ele adotados e observações feitas, Bouvier explica: 1- a cada pergunta, permanecia sempre a personalidade do momento, sem hesitações.2- Frequência: vários dias, com várias semanas de intervalo, sem respostas contraditórias, revelando em certos casos detalhes, revivendo o momento preciso da existência acessada no passado. 3- Detalhes : ao atingir os dois anos de idade, a fala tornava-se mais difícil, com um ano, quase nada ou pouco falava; mais jovem, parecia mamar ou gemer; 4- no período pré-nascimento, no ventre materno, curvava-se sobre si mesma ao atingir o quinto mês; aos quatro uma leve descontração; aos três meses, o corpo inclinava-se muito para trás, os membros descansados numa completa inércia. 5- antes da concepção – no momento em que o Espírito ainda está no espaço, faz esforços para subtrair-se à força irresistível que parece atraí-lo; recuando ainda mais no tempo, responde sobre o que faz, qual seu modo de existência até o momento em que novamente retoma o corpo que anteriormente abandonou para entrar numa outra vida, assumindo a mesma atitude quando induzida a penetrar no ventre materno. 6 - fisionomia alterada de acordo com a personalidade, bem como a fala, o tom, procedimentos diferentes sensivelmente do tom e dos gestos de mulher; o mesmo ocorrendo quando passa pela fase da infância. Considerando a existência atual como “Primeira vida”, recua 18 anos, quando teria terminado o que chama de Segunda vida, personalidade feminina, chamando Marguerite Duchesne, filha de Louis Duschene, morta aos 25 anos, em 1860, por doença respiratória, iniciada quando da morte em Briaçon, do jovem soldado Louis-Jules Martin, por quem se apaixonara. Aprofunda-se mais, recuando 55 anos, onde se interrompe a Terceira vida – Jules Robert; morto aos 45 anos, em 1780, em Milão, Itália, onde trabalhava talhando mármore para um escultor chamado Paoli, especializado em reproduções de obras de arte para o Vaticano. Menos 35 anos, surge a Quarta Vida – Jenny Ludovic; desencarnada aos 30 anos, em 1702, casada com Auguste Ludovic, mãe de dois filhos, , moradora de Plouermel; dedicada a cuidar do lar. Voltando 157 anos, ressurge a Quinta Vida – Michel Berry; morto aos 22 anos, em 1515, em consequência de ferimento causado em batalha por golpe de lança, em luta pelo Rei da França, Francisco, contra os suíços. Menos 191 anos, a Sexta Vida – Mariette Martin; morta aos 20 anos, em 1302, em Vannes, onde atuava como professora, residindo na casa de seu futuro marido, Gaston, morto em acidente ao ser esmagado pelo próprio cavalo. Menos 272 anos, a Sétima Vida – Irmã Marthe – morta aos 87 anos, em 1010, sob o reinado de Roberto II, tendo exercido a função de Abadessa em Convento ligado à Companhia de Jesus. Menos 474 anos, a Oitava Vida – Carlomée, chefe guerreiro franco, cegado ao ser capturado por Átila, em Charles- Sur-Mane, por volta do ano 449, descrevendo ritos de adoração a Théos incluindo sacrifícios humanos. Menos 139 anos, a Nona Vida – Esius – Morto queimado aos 40 anos; no ano 279, tendo exercido a função de guardião do Imperador Probus, em Roma, ao qual servia na expectativa de mata-lo por ter-lhe tomado a filha Florina, ação impedida por ter sido descoberto antes. Avança e encontra a Décima Vida – Irisée – Viveu por volta do ano 100, num país chamado Imondo, ocupando-se, aos 26 anos, em colher flores para um padre de nome Ali dedicado a oferendas e sacrifícios a dois deuses consagrados à prece, de nome Abrahim e José. Décima Primeira Vida – Criança, morta aos 8 anos. Além das observações do Sr Bouvier, chama a atenção alguns detalhes: 1- Nos quase dois mil anos recuados, a pessoa que estava sendo submetida às regressões, teve apenas 11 encarnações. 2- Os intervalos entre elas, aparentemente eram maiores quanto mais recuada no tempo. 3- Alternaram-se a condição masculina e feminina, com predominância desta. 4- Apenas uma vez na sequência observada, a condição masculina foi subsequente. Os relatos das diferentes personalidades acessadas, preservados no livro são instigantes, oferecendo matéria para outras interessantes cogitações aos estudiosos do assunto.
Quando uma pessoa sofre muito
preconceito da sociedade – como é o caso de negros, pobres, mendigos,
deficientes e gays – isso quer dizer que foi o Espírito que escolheu essa vida
ou ele está pagando dívida do passado? (Maria Elisabete – por e-mail)
Podemos aventar hipóteses, Elisabete, para
explicar os casos em geral, mas devemos considerar que cada caso tem suas
particularidades; logo, não há uma explicação única para todos os casos. Na
verdade, segundo a classificação de Kardec, existem expiação e prova. Expiação
é quando o sofrimento do Espírito é consequência natural de erros que ele
cometeu no passado; prova é quando é o próprio Espírito que escolhe as
dificuldades pelas quais vai passar.
No
primeiro caso (na expiação, portanto), o Espírito não decide, apenas sofre as
consequências de seus atos; mas, no segundo caso, ele tem uma participação direta
no planeamento de sua vida. É quando ele pode perceber que é a dificuldade e
não a facilidade que mais vai contribuir para o seu progresso espiritual. A
prova funciona como um concurso para obter uma promoção: você precisa
sacrificar muitos de seus interesses e estudar o suficiente, se quiser ser
aprovado.
Em
qualquer agrupamento humano, Elisabete, há preconceitos e sofrimentos, e isso desde a mais
remota antiguidade. Cada sociedade, como cada momento histórico, assinala ondas
de preconceito e de intolerância, que
vão acontecer, quase sempre devido à ignorância ou à falta de maturidade de um
povo, que quer excluir alguns grupos de pessoas da sociedade. Felizmente, as
sociedades vêm mudando ao longo dos séculos, de forma minorar o preconceito,
embora, até hoje, o preconceito ainda tenha um efeito devastador.
O fato
de um Espírito nascer pobre, negro ou gay – por exemplo – pode contribuir para
que ele sofra os malefícios do preconceito, dependendo da sociedade onde venha
a encarnar. De qualquer forma, nascer em uma condição desfavorável do ponto de
vista social pode ser consequência de erros passados, pode ser tão somente uma
escolha que o Espirito fez para vencer determinadas barreiras. O fato é que,
sem sofrimento, não há progresso.
Todavia,
Elizabete, não podemos desconsiderar que, nos episódios de preconceito e
intolerância, a sociedade, tanto quanto o indivíduo, sofre. Muitas vezes, os
desentendimentos e conflitos que surgem nessas situações vão servir para que
muita gente desperte de seu orgulho e acabe compreendendo a necessidade de
mudar, de melhorar-se espiritualmente.
Há
muitos anos atrás, vimos um filme intitulado “CONRAC”. Esse filme se baseia num
fato real ocorrido nos Estados Unidos. Ele conta a história de um professor louro,
de família sueca, que escolheu uma ilha, habitado por negros, para dar aula. O
enredo do filme gira em torno das dificuldades que esse professor teve de
enfrentar para dar uma educação condigna àquela comunidade, e o preconceito que
sofreu porque escolheu alunos negros e pobres.
Como
se trata de uma história real, o final não é tão feliz quando se pode esperar
de um filme americano. Contudo, mostra a garra e o desprendimento desse
professor, apesar de todas as forças que concorreram para o seu fracasso. Ao
final, ele confessou que sua opção pelos negros servia para consertar um triste
erro que ele próprio cometera quando jovem, em prejuízo de pessoas negras,
trazendo consigo um profundo sentimento de culpa por ter cultivado o racismo.
A vida ensina, Elisabete. Muitas vezes, para
assimilar um conceito moral elevado precisamos vivenciar a condição oposta, a
fim de que a culpa ou o remorso, mais tarde, venha cobrar uma mudança. Desse
modo, mesmo numa sociedade preconceituosa, muita gente acaba amadurecendo suas
idéias para se tornar defensor da idéia que mais combatia. Foi o caso de Paulo
de Tarso em relação aos seguidores de Jesus.
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