Quatro sessões foram
necessárias para que o Psiquiatra George Ritchie contasse ao seu
paciente a incrível experiência que teve aos 21 anos. Segue sua narrativa
lembrando que “ao constatar que o corpo coberto com os braços pendendo ao lado
do leito em que se encontrava era igual ao seu, confuso e assustado,
entregou-se a raciocínios sobre como conciliar as duas coisas: estar morto e
acordado. Preso ao conceito de que a morte era o “nada”, desesperado,
afundou na cama, literalmente, pois o corpo ali acomodado, não conseguiu
contatar sua própria substância, aumentando-lhe o receio. Sem ter qualquer
certeza, percebeu uma mudança na luminosidade do quarto em que estava. Uma luz
cada vez mais intensamente brilhante, que não poderia ser produzida pela
lâmpada de 15 watts acesa sobre a mesinha de cabeceira, claridade vinda de
parte nenhuma, definiu-se numa forma humana, um homem feito de luz. A
partir daí sua intensa e perturbadora vivência tornou-se mais impressionante.
Alguns dos aspectos mostrando uma face da vida nunca antes cogitada foram os
seguintes: 1- Telepaticamente, como
se as ideias e conceitos estruturarem-se dentro dele, o Ser iluminado, que, a
princípio pensou fosse Jesus, ordenou que levantasse, após
o que, ocorreu como que uma recapitulação de toda sua vida,
desde a infância, revendo em frações de tempo, detalhes
perdidos na memória. 2- Cada
pormenor dos 20 anos até ali vividos por ele foi recuperado nos seus pontos positivos,
negativos, no habitual e comum, surgindo um questionamento, pensou, originado,
como o efeito anterior, do Ser iluminado que tinha diante de
si: -“Que
fez Você da sua vida?”, pergunta que parecia dizer respeito a valores,
e, não a fatos, seguida de outra ante seu silêncio: -“Que
tem você para me mostrar daquilo que fez com sua vida?”. 3-
Em determinado momento, sentiu-se voar bem alto, sobre a Terra,
junto ao Ser iluminado, em direção a um longínquo ponto de luz,
impressão diferente da viagem em desdobramento que fizera anos antes, ponto que
ganhou as dimensões de uma grande cidade, em que se sentiu descer, em meio à
noite. 4-
Testemunhou uma população invisível interagindo com outra visível a qual
influenciava ou usava, na ânsia, muitas vezes, desesperada de ter acesso àquilo
que a ausência do corpo não possibilitava. 5-
Com a rapidez do pensamento, viajou com o Ser iluminado de cidade a cidade,
por lugares aparentemente familiares, dos Estados Unidos e, possivelmente, do
Canadá, regiões que conhecidas, exceto pelos milhares de seres não físicos
que, agora, observava ocupando também aquele espaço “normal”. 6- Viu um moço dentro de uma casa,
seguindo homem mais velho, repetindo “desculpe, pai! Eu não sabia o que aquilo ia
causar à mamãe. Eu não compreendia”; um rapaz que pelos corredores de
um colégio, dizendo a uma adolescente “desculpe, Nancy!”; uma mulher de
meia idade dirigindo a um homem de cabelos grisalhos, súplicas de perdão; fatos
explicados mentalmente pelo Ser iluminado como sendo,
“suicidas agrilhoados a cada consequência do ato cometido”. 7- Aos poucos, começou a reparar que todas
as pessoas vivas que observava, traziam em torno de si mesmas uma pálida
luminescência, semelhante a um campo elétrico que sobrepairava à
superfície de seus corpos, acompanhando-as em seus movimentos, como
se fosse uma segunda pele, uma luz pálida, quase imperceptível. 8- Num bar-churrascaria sujo para o
qual foi conduzido, observou que uma parte dos homens que estavam de
pé, eram incapazes de levar os drinques até os lábios, seguidamente, tentando
agarrar as doses ao alcance da mão que passava através das canecas, do
balcão de madeira e, até dos braços e corpos dos beberrões à
volta deles. As descrições do registrado por George na Dimensão em que
se via se sucedem compondo uma singular história, surpreendendo a cada linha o
leitor da obra VOLTAR DO AMANHÃ (nórdica,1980),
escrito em 1978. Por fim, deslocando-se velozmente - sempre
acompanhado da Presença luminosa -, se viu de volta ao quarto onde localizara
seu corpo, com o anel semelhante ao que carregava num dos dedos da mão. A muito
custo, moveu os braços, o que lhe pareceu semelhante a tentar içar barras de chumbo,
entrelaçando os dedos, de forma que conseguiu com os da mão direita, tocar o
aro com a pedra oval, que estava no anular da mão esquerda, girando-o devagar
várias vezes. Descobriu mais tarde que na manhã do dia 21, teve sua morte clinicamente
confirmada, após diagnóstico de pneumonia dupla, retornando à vida
quando já se iniciavam os preparativos para envio do corpo ao necrotério do
Hospital. Para surpresa de todos, nove minutos haviam se passado.
A questão, que vamos comentar agora, veio da Aline, que frequenta a nossa casa espírita e que apresentou o seguinte problema. Preste bem atenção. “Tenho dúvida sobre a lei de causa e efeito. Por exemplo: se alguém me ofende, é porque já ofendi alguém. Então, essa pessoa, que me ofendeu agora, ela está apenas cumprindo a lei de causa e efeito. Mas, ela também não está fazendo um mal e por isso vai ter que responder pelo que fez? Na outra vida, quando ela for ofendida por outro, não vai acontecer a mesma coisa com esse outro que a ofender? Eu pergunto: quando vai terminar isso? Nunca?”
Inteligente e direta sua pergunta, Aline.
Acontece que, dentro das leis naturais, as coisas não caminham de maneira tão
simples assim. Se os fatos da vida se dessem em sequência linear – seguindo uma
única linha de acontecimentos - teríamos
um moto perpétuo e os problemas jamais seriam resolvidos. Precisamos ver a
evolução sob uma abordagem mais ampla e mais rica.
Vamos
tentar um exemplo, que fica mais fácil entender. Primeiro: o fato de você ser
ofendida por alguém não quer dizer, necessariamente, que você ofendeu esta ou
aquela pessoa em outra oportunidade.
Isso pode acontecer, mas não é regra geral. Você pode estar sendo
simplesmente testada, para aprender a vivenciar uma situação de ofensa, sem
sofrer muito e para aprender a perdoar e desenvolver seu autodomínio.
Você
já ouviu falar em “prova”. Prova é isso. Você mesma pede um problema para
aprender a resolvê-lo. Muitas situações desagradáveis, que enfrentamos na vida,
são provas – principalmente se já atingimos um certo nível de compreensão.
Quando o Espírito se encontra nesse nível, ele mesmo pede situações que o
ajudem a vencer seus próprios limites ou a dominar seus impulsos. Emmanuel chegou a afirmar que se nunca formos
ofendidos, nunca aprenderemos a perdoar, razão pela qual sofrer é uma condição
para o nosso crescimento.
Estamos
dando um exemplo apenas. Mas a situação pode ser outra. Você foi ofendida porque não soube como
comportar-se. Faltou conhecimento, faltou habilidade para lidar com os outros
e, por isso, você precisa aprender. Como é que aprendemos a conviver? Com certeza, convivendo. A grande parte das
pequenas contrariedades, que sofremos no dia a dia, decorre de nossa ignorância
ou falta de habilidade para viver. É o que André Luiz chama de dor-evolução. Você
sabia disso?
Logo,
Aline, não podemos concluir que todo sofrimento decorre apenas e tão somente de
erros de dívidas morais. Nem sempre. No entanto, a pessoa, que acaba de
ofendê-la, criou no seu caminho uma situação que, necessariamente, vai trazer para
ela algum desconforto futuro. Esse futuro pode ser agora ou pode ser depois. Ou
seja, de algum modo, ela vai responder por isso. Mas ela não precisará pagar,
necessariamente, com a mesma moeda. A Lei de Deus nos abre um leque de
oportunidade para saldar as próprias dívidas morais.
O
ofensor poderá responder de variadas formas, até mesmo através da dor do
arrependimento e do remorso, sem contar que o descontrole emocional – que o
levou à agressão – terá um peso negativo em sua saúde e, mais cedo ou mais
tarde, ela terá consciência disso. Desse modo, Aline, o caminho da evolução não
é uma reta, onde as coisas vão sucedendo automaticamente umas após às outras.
Esse caminho tem muitas variantes, que vão acontecendo ao mesmo tempo,
concorrendo para que o Espírito sempre tenha novas oportunidades.
Não sabemos se a resposta a
convenceu, Aline. Mas se
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