Pronunciando-se sobre os
maiores percalços para a expansão da Doutrina Espírita em entrevista efetuada
pelo Espírito André Luiz, o também Espírito Gabriel Delanne, o menino
precoce filho de médiuns da Sociedade Espírita de Paris que se
tornou importante pesquisador e divulgador do Espiritismo, avalia que “os
maiores embaraços para o Espiritismo procedem da atuação daqueles que
reencarnam, prometendo servi-lo, seja através da mediunidade direta ou
indireta, no campo da inspiração e da inteligência, e se transviam nas seduções
da esfera física, convertendo-se em médiuns autênticos das esferas inferiores,
de vez que não negam as verdades do Espiritismo, mas estão prontos a
ridicularizá-las, através de escritos sarcásticos ou da arte histriônica, junto
dos quais encontramos as demonstrações improdutivas, as histórias fantásticas,
o anedotário deprimente e os filmes de terror”. O final do século 20 e
início do 21, confirmam isso. A quantidade de títulos disponíveis somente nos
catálogos de livros espíritas é espantosa. Os da área espiritualista, nem se
fale. As produções de livros e filmes tendo como personagens zumbis, vampiros,
figuras grotescas procedentes de outros universos, polarizam a atenção de
milhares de pessoas, sobretudo jovens, certamente, restabelecendo conexões com
regiões astrais, outrora frequentadas na condição de desencarnados. Embora a
culpa parcial pela não resistência ante “chamamentos”, a responsabilidade
maior recairá sobre os que canalizam tais imagens para nossa Dimensão. O
retorno destes para o ponto de partida antes da reencarnação atual, será, contudo, inevitável. Apossando-se,
proporcionalmente, de sua bagagem milenar, na medida em que amadurece
espiritualmente, o encontro do indivíduo com a própria consciência será
inevitável. Um relato do Espírito Augusto Cesar Neto ilustra uma das
múltiplas possibilidades. Augusto não conheceu o Espiritismo
em sua última reencarnação, em 1968, aos 28 anos, após uma parada cardíaca ao
dar um mergulho em praia do litoral paulista. Confirmaria sua sobrevivência,
cinco anos depois, através da mediunidade de Chico Xavier, escrevendo
ao longo dos anos seguintes, centenas de cartas à mãe, algumas transformadas em
livro, outras, distribuídas em várias obras compilando mensagens psicografadas
pelo médium mineiro a partir de JOVENS
NO ALÉM (geem,1974), que foi a primeira. Num deles, FOTOS DA VIDA ( geem,1988), conta que levado a conhecer um
sanatório destinado a abrigar portadores de complexos de culpa no Mundo
Espiritual, pelo Benfeitor Batuíra, acompanhando o diálogo
deste com o dirigente da instituição, de quando em quando, ouvia exclamações do
grande pátio confraternização dos
doentes ali abrigados, do tipo: -‘por que não fiz’; ‘não suporto este
inferno!’; ‘como adquiri tanta dor de consciência?’; ‘porque sou maldito, qual
me vejo’. Autorizado a formular perguntas ao anfitrião, indagou: -“Os
alienados mentais, cujo tratamento o senhor superintende, procedem de lugares
ou situações determinadas? Se enfermaram o cérebro com estados de culpa, teriam
sido grandes criminosos do gênero humano? Neste milênio, em vias de terminar,
chefes insensíveis, religiosos sem amor, políticos que fomentaram a guerra,
inteligências que se transviaram para seduzir as próprias vítimas e
massacrá-las”? Mostrando
paternal sorriso, o dirigente explicou: -“Meu filho, sua indagação é oportuna. Devo,
no entanto, esclarecer que nosso sanatório, um dos muitos que funcionam com os
mesmos objetivos, nestas regiões, acolhe especialmente aqueles companheiros que
conheciam as lições de Jesus, que as ouviram com aparaente piedade, que não
guardavam qualquer dúvida quanto a legitimidade dos ensinamentos do Divino
Mestre e que até mesmo sustentavam ardentes discussões com os outros, de modo a
defender-lhe o prestígio; eram faladores exímios mas não moveram sequer uma
palha para auxiliara ninguém. Acreditavam e aceitavam Jesus, no entanto viviam
exclusivamente para si, confinados ao círculo doméstico, sem despenderem uma
hora para aliviarem um doente e nunca sacaram do bolso um só vintém em auxílio
a boas obras. Viveram no mundo como entendiam, sem a mínima disposição para
servir e chegam à Vida Espiritual em que nos achamos, desorientados com o
espírito de posse a lhes atanazar a cabeça e com a força da culpa a lhes
pressionar os pensamentos. A PRINCÍPIO, CHORAM ARREPENDIDOS, recordando
o tempo que perderam, do qual nunca retiram a mais ligeira parcela, a fim de
prestarem apoio a quem quer que seja. CRIAM, EM SEGUIDA, UMA ESPÉCIE DE
DOENÇA MENTAL DE ETIOLOGIA OBSCURA e estamos investigando caso a caso, para
descobrir a terapia mais adequada ao respectivo tratamento. Abraçavam as ideias
e exemplos de Jesus, entretanto, andavam no mundo qual se o desconhecessem.
Depois de reconquistarem o equilíbrio espiritual, passaremos a analisar-lhes a
personalidade com as respectivas conexões sobre as pessoas, terras e haveres
que deixaram na Terra”.
(Laura Beatriz Bancchieri) Se Somos iguais, por que uns cometem crimes e outros não? Por que cada povo vive de seu jeito? Por que existe fome num lugar e fartura em outro? Por que há seca num lugar e abundância de água em outro?
Voltamos à velha questão, Laura. Cremos que a
sua dúvida é esta: se dizemos que todos somos iguais perante Deus, como se
justifica que a vida seja tão diferente para cada um de nós? É justamente aí
que está a Sabedoria Divina: dos diferentes faz iguais e dos iguais diferentes?
Como assim? – você questiona. Não temos apenas uma vida, Laura – eis a chave da
questão - e, em cada uma delas, não
passamos pelas mesmas experiências, mas fazemos de cada nova experiência um
degrau de crescimento para a perfeição.
Somos
iguais na essência, ou seja, no espírito.
Perante Deus, não há melhor nem pior, nem mais nem menos importante, nem
mais amado nem menos amado. Veja, por exemplo, os dedos da mão: qual o mais
importante? Não há: cada um tem um papel diferente e insubstituível, e todos
concorrem para que a mão exerça plenamente sua função. Veja os órgãos do corpo.
Será o coração mais que o cérebro, o fígado mais que o intestino ou os pulmões
mais que os rins? É o mesmo caso: cada órgão tem a sua própria importância no
conjunto do corpo, e todos são igualmente necessários. Aí está a essência da
igualdade.
Todos
fomos todos criados para um destino glorioso e estamos em busca dessa meta.
Partimos de um mesmo ponto, mas vamos nos divergindo porque temos inteligência
e vontade – temos um grande potencial, que é o livre arbítrio. As diferenças
fazem parte do processo de crescimento. Se todos os dedos fossem polegares ou
indicadores, por exemplo, a mão não poderia fazer o que faz. Se todos os homens
– que são iguais na essência – também fossem iguais na posição que ocupam, na
atividade que realizam e nas demais características pessoais, as comunidades não
conseguiriam sobreviver.
Você
já pensou como a vida seria monótona se todos pensassem, agissem e acreditassem
exatamente como você pensa, age e acredita? Se todas a pessoas tivessem as mesmas tendências, a mesma aparência e só realizassem um tipo de
trabalho? Se todos os povos falassem a mesma língua, tivessem as mesmas idéias,
professassem a mesma religião, e produzissem a mesma arte? O progresso se
realiza, Laura, no confronto dos diferentes, onde todos se encontram e cada um tem
a oferecer o que nenhum outro oferece.
Pela mesma razão, habitamos
regiões diferentes, pertencemos a povos diferentes, sofremos diferentes
influências de diferentes culturas, passamos pelas mais diferentes
experiências, aprendendo com todas elas e nos completamos uns aos outros. É
essa gama infinita de situações que oferece a cada espírito e a cada nação
oportunidade de exercitar sua inteligência e desenvolver seus sentimentos em
busca de sua felicidade. Ao final, também não seremos iguais; pelo contrário,
cada um vai alcançar a sua própria perfeição nos planos divinos, firmando-se
plenamente na sua individualidade inigualável como filho de Deus
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