“Após a morte, o que acontece com uma pessoa que matou uma criança?” – pergunta formulada pela ouvinte Carmen Scarparo Marion.
Evidentemente, a sensação de quem assassinou
uma criança e adentra o mundo espiritual, deve ser muito desagradável, Carmen.
Contudo, cada caso se reveste de características próprias e não nos cabe julgar.
O problema de um crime dessa natureza, principalmente se revestido de requintes
de crueldade, é o sentimento de culpa que deve aflorar da consciência do
assassino, e isso pode acontecer aqui na Terra, antes mesmo de sua
desencarnação.
Essa
culpa deverá tortura-lo e será tanto maior quanto mais exigente sua
consciência. Nenhum de nós, na sua plena capacidade de raciocínio, se sentiria
bem consigo mesmo, após ter prejudicado um ser indefeso como a criança, quanto
mais pelo fato de ter-lhe roubado a vida. No mínimo, quando não fôssemos muito
exigentes em termos morais, ficaríamos incomodados com um grito interior, pois,
bem lá no fundo da consciência, temos a noção do que é certo e do que é errado,
do que fizemos de bem e do que fizemos de mal.
Os
Espíritos disseram a Kardec que as leis de Deus estão em nossa consciência. Natural,
portanto, que os criminosos infanticidas procurem driblar sua consciência moral
para não terem que encará-la, pois a culpa tende a se agravar com o tempo. Para
isso, eles procuram se esconder de si mesmos, disfarçando bem-estar, e
procurando se convencer que seu ato não foi tão grave assim. Pura ilusão. No
fundo, esse grito de consciência não se cala e, ainda que momentaneamente abafado,
ecoa de sua casa mental como um elemento perturbador de sua paz interior.
Podemos fugir da justiça humana, mas não engamos a Justiça Divina.
A
morte do corpo deixa livre o Espírito para uma novo tipo de experiência no
mundo espiritual. Não estando mais preso às necessidades físicas e nem
diretamente envolvido com os problemas terrenos, cada um se depara com uma
realidade consciencial mais viva e mais atuante, como se colocasse à sua frente
um espelho onde ele vai ficar contemplando a própria alma. Mas, assim mesmo,
depende de quanto o Espírito já amadureceu para a realidade da vida. Quanto
mais desperto, mais sofre: sofre a dor do arrependimento e sofre mais a necessidade
de querer reparar o erro cometido.
Estamos falando em termos teóricos, Carmen,
pois cada caso é um caso, cada consciência uma consciência, cada dor uma dor A
verdade é que, quanto mais o Espírito vai crescendo em compreensão das leis da
vida, mais ele sofre o remorso pelos erros que não conseguiu evitar. Desse modo
quem não sofre agora vai sofrer depois, quem não suporta o peso da culpa nesta
vida, deverá suportá-lo na vida espiritual ou em outra existência. Só a
oportunidade de nova encarnação é que vai lhe propiciar a oportunidade de
tentar reparar o erro que cometeu e isso pode acontecer nas mais variadas
condições.
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