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terça-feira, 15 de setembro de 2020

SONHOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR




 (Laura Beatriz) Existe alguma prova de que Pedro foi o primeiro papa da Igreja?
 Que Pedro teria sido o primeiro papa é uma questão pacífica no meio católico, mas fora de suas fileiras a versão é outra, Laura. Não há dúvida quanto à importante atuação de Pedro, ao lado de Paulo de Tarso naturalmente, na condução do movimento que nasceu com as idéias e ensinamentos de Jesus de Nazaré. Foram eles, na verdade, que deram início ao Cristianismo, no sentido estrito da palavra e foi Paulo quem deu o nome de cristãos aos seguidores de Jesus que ele próprio perseguira no passado.
 O próprio Jesus teria confiado a Pedro, o mais velho e experiente de seus apóstolos, a missão de liderar o trabalho de propagação do evangelho, embora, mais tarde, já no plano espiritual, Jesus tivesse se manifestado para convocar Saulo de Tarso a essa grande, ousada  e perigosa missão. Saulo, que antes era um inimigo dos seguidores de Jesus, acabou se tornando o mais combativo e destacado divulgador do evangelho e, para isso, não prescindiu do apoio e cooperação de Pedro, que conhecera Jesus pessoalmente.
No entanto, uma coisa foi o cristianismo primitivo, outra a Igreja Católica.  Não são a mesma coisa, Laura. A Igreja somente se constituiu como instituição no século IV – ou seja, mais de 300 anos depois de Cristo. Assim mesmo por iniciativa daquele foi o maior inimigo e o maior perseguidor dos cristãos, o Império Romano. que se achava em decadência.  Esse foi um fato político muito conhecido. Presidindo o Concilio de Nicéia, ano 325, o imperador Constantino definiu o que queria do Cristianismo como religião oficial de Roma, para atender às conveniências do império.
 É bem verdade, há três séculos, as comunidades cristãs vieram se organizando através da ação de suas lideranças, mas na época de Pedro e de Paulo não havia Igreja Católica, Laura. Isso é tão claro na história como a luz do sol.  Aliás, o que havia entre os cristãos era uma diversidade de entendimento sobre vários pontos doutrinários, inclusive quanto à natureza de Jesus e ao destino da alma humana depois da morte.
 As diferentes linhas de pensamento dessas comunidades cristãs e a existências de clérigos que se confrontavam entre si com suas ideias levaram o Concilio de Nicéia a forçar a unificação do movimento, exigindo que houvesse um único posicionamento religioso. Desse ato político de unificação é que surgiu a Igreja como uma força poderosa e política sediada em Roma e intolerante a qualquer outra posição que não fosse a estabelecida pelo Concílio.
 Daí nasceu uma ação arrasadora contra as chamadas heresias. Isso fez com que os cristãos, antes perseguidos pelo Império, passassem agora a condição de perseguidores dos que não se enquadravam na forma oficial de pensar. A essa altura, o Cristianismo já estava muito distante de Pedro e não podia, de forma alguma, representar o pensamento e o sentimento desse grande apóstolo. Com todo respeito aos que pensam diferente, Laura, afirmar que Pedro foi o primeiro chefe da igreja é reformular a história e o mesmo que dizer que foi Jesus quem fundou mais uma  igreja,  idéia que foge totalmente ao caráter universal de seus ensinamentos.















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