Se todas as religiões são boas, como
vocês falam e o Espiritismo proclama, por que Deus teria mandando o Espiritismo
para a humanidade? Não seria a mesma coisa com ele ou sem ele?
De fato, a Doutrina Espírita entende que as
religiões são diferentes caminhos que o homem pode tomar para atingir um mesmo
objetivo, até porque as pessoas não são iguais em forma de pensar e de crer.
Querer reduzir todas as religiões a uma única é forçar a natureza e violentar a
liberdade que cada um tem de escolher o seu próprio caminho, ou seja: aquele
que mais atende às suas necessidades e suas aspirações do momento.
A
natureza, como todos podemos perceber, é muito rica em diversidade. Minerais, plantas
e animais – apenas para darmos alguns exemplos – são diferentes entre si, e
isso tudo é obra de Deus. Se tudo fosse igual, não haveria beleza no mundo. É a
diversidade das coisas que faz a harmonia da natureza. O mesmo acontece com o
ser humano, que conquistou a inteligência e a autoconsciência, e pode optar por
milhares de caminhos, cada um dando-lhe uma lição de vida.
O
importante não é o nome que a religião ostenta, mas a conduta e o caráter de
cada um. Quanto ao Espiritismo, ele não veio para disputar lugar com as
religiões, mas justamente para que possamos entender essa diversidade e abordar
as leis de Deus de forma racional e pacífica. Eis porque não pode admitir preconceito
contra quem não o aceita, porque é um direito de cada um tem: o de pensar pela
própria cabeça e tomar sua própria decisão.
Todavia, o Espiritismo não é uma religião no
sentido comum da palavra, mas só no sentido filosófico, como disse Kardec,
porque não tem culto, nem templo, nem sacerdotes, nem liturgias e nem estabelece
diferença entre o sagrado e o profano. O Espiritismo é uma doutrina filosófica assentada
sobre bases científicas, cujo papel é de aproximar e nunca de separar as
pessoas dos mais diferentes credos, mostrando que a finalidade da vida é uma
só, que todos somos irmãos, filhos do mesmo Pai, e que o bem e a verdade estão
acima de nossas diferenças e de nossas crenças.
O
papel do Espiritismo é de explicar porque ocorrem essas diferenças e de mostrar
que, por meio dessa explicação, podermos aceitar todos como irmãos, viver e
conviver dentro dos princípios de fraternidade que Jesus ensinou há dois mil
anos. Desse modo, o Espiritismo amplia nossa visão sobre o significado da vida,
mostra uma realidade mais ampla e profunda que merece ser compreendida pelo homem
que pensa e crê. No entanto, sabe perfeitamente que nem todos estão em
condições de aceitá-lo.
As
religiões são como escolas em diferentes níveis de ensino. Cada uma tem seu
papel e consegue atender a determinado tipo de alunos, conforme as necessidades
de cada um. Quem já compreendeu isso e quer aceitar com naturalidade as diferenças
de credo, vendo-as com o mais extraordinário aspecto da lei da natureza, pode
abraçar a Doutrina Espírita com tranquilidade e trabalhar pelos seus ideais.
Foi o que
Jesus, no seu tempo. Ele, como filho de judeus, poderia se acomodar aos
ensinamentos da época, que vinham perdurando há séculos e séculos. No entanto, percebeu a necessidade de dar um
novo impulso à religião de seus pais e proporcionar uma nova visão de mundo ao
homem de seu tempo, apontando para uma realidade mais ampla do que aquela que
era ensinada e vivida. Foi um reformador de idéias, mas não condenou nenhuma
religião, ensinando o amor ao próximo e a convivência fraterna.
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