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domingo, 25 de outubro de 2020

OBSESSÃO; PROVAS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 




Li numa reportagem que religião é igual futebol. As pessoas ficam apaixonadas por suas crenças e por isso não dão o braço a torcer. Ter uma religião é, assim, como torcer para um time que, mesmo perca, o torcedor sempre vai achar que é o melhor. (Comentário do Adailton)

  Paixão tem um componente emocional muito forte que, quase sempre, extrapola a razão. Está mais para um impulso instintivo do que propriamente para um sentimento. Os princípios morais não são os mesmos. E isso a gente pode perceber com clareza no mundo dos esportes. A simpatia, que uma pessoa tem por um time, pode chegar às raias da loucura, levá-la a atitudes e condutas de consequências desastrosas para ela e para os outros.

  A paixão é uma modalidade de fanatismo, uma entrega total da vontade ao sabor das emoções, que corre o risco de cultivar o egoísmo, alimentar o orgulho, dispensando o raciocínio e o bom senso. Para a Doutrina Espírita não deve ser esse o sentimento que liga uma pessoa de bom senso à sua religião, pois o sentimento religioso deve ser algo mais profundo e mais comprometido com os valores da vida.   Não obstante, o cultivo da religião como paixão que leva ao sentimento de separação e à violência, tem acontecido de forma desastrosa na história da humanidade.

 Quanto desatino, quanta violência em nome de Deus! Isso veio do passado da humanidade, quando as pessoas se entregavam de forma total e descontrolada à suas crenças nem sempre racionais e, com isso, perdiam a capacidade de raciocinar ou de medir as consequências de seus atos. Basta consultarmos a História – a história antiga, a Idade Média, a Idade Moderna e até mesmo a Contemporânea – e vamos perceber que até hoje, infelizmente, existem esses resquícios do passado.

  Em pleno século XXI – século da ciência, da racionalidade e das grandes conquistas sociais -  não devemos mais confundir religião com paixão, porque isso significaria um retrocesso à ignorância e às atrocidades do passado. Agora a postura deve ser outra. A religião deve ser tão racional quanto a filosofia, pois a inteligência humana é suficiente para nos esclarecer que somos iguais perante Deus e perante as leis e que, portanto, religião não pode ser mais terreno de disputa.

 Por outro lado, o que leva uma pessoa a torcer por um determinado time de futebol é simplesmente a simpatia que tem por esse time. Neste caso, o único vínculo entre o torcedor e seu clube de preferência é de ordem emocional. É como o vínculo afetivo que nos liga aos familiares e amigos, que faz com que os amemos sejam eles quem forem. Na religião é diferente. A religião teve ter um componente de racionalidade, sem o que ela não nos propiciará uma fé robusta e inabalável diante das dificuldades da vida.

 Allan Kardec, no livro O CÉU E INFERNO, abordando a questão da vida espiritual, afirma que não basta ao espírita dizer que crê na vida futura. Mais do que isso, ele precisa saber se isso é verdade. Apenas crer pode ser somente uma condição que o leva a se acomodar numa situação e não querer sair de lá, não porque sabe o que está fazendo, não porque compreende objeto de sua crença, mas porque se nega a pensar sobre isso, deixando que outros pensem por ele.

 Eis porque, do ponto de vista espírita, a crença é pessoal  e, portanto, ninguém deve pensar pelo outro. E não se pode confundir a paixão por um clube esportivo com o respeito e o amor pelo seu objeto de fé e devoção. A paixão é instintiva e apenas emotiva ( pode ser absurda,  irracional) , enquanto a religiosidade (mais do que a religião) deveria ser produto de uma construção intima que cada um vai conquistando na medida em que aprende a examinar a validade e as consequências morais de sua fé e de suas obras.
















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