Embora apenas conhecido pelo sobrenome Thilorier, Adrien Jean Pierre, foi um criativo inventor cujos desenvolvimentos ainda hoje são de muita utilidade. Um deles em 1835, o dióxido de carbono liquefeito, mais conhecido como gelo seco. Filho de um advogado famoso em sua época, Thilorier viveu entre 1790/1844, gravou seu nome na história da ciência por várias contribuições inovadoras sem que se saiba como desenvolveu seu pensamento científico ou mesmo sua formação nesta área, tendo publicado em 1815, uma obra em quatro volumes sobre ciência. Morto aos 69 anos foi tema de uma interessante crônica na edição de 22 de setembro de 1859 do jornal francês Patrie, na qual destaca-se a informação de que um acidente em meio a experimentos com um motor destinado a substituir o vapor pensando tê-lo encontrado com o ácido carbônico, que chegara a condensar, uma explosão feriu várias pessoas, custou a vida a um ajudante e arrancou um de seus dedos. Tornou também Thilorier uma pessoa um pouco triste, operando profunda mudança em seus hábitos, com aparentes transtornos mentais que lhe perturbavam, por vezes, a lucidez, fato verificado até sua morte súbita no próprio laboratório de trabalho. Nada dos desenhos e notas de importante descoberta que fizera foram encontradas. Motivado pela matéria da publicação, Allan Kardec decidiu evocar seu Espírito numa reunião da Sociedade Espírita de Paris, como revela nas páginas da edição de agosto de 1860 da REVISTA ESPÍRITA. Entre as catorze respostas obtidas na entrevista com ele feitas algumas chamam a atenção. Perguntado sobre se teria conseguido com o ácido carbônico condensado obtido a substância para substituir o vapor, revelou que “sua ideia sobre o assunto era de tal modo fixa, que havia tido um sonho na véspera de sua morte, ou, para ser mais exato, no momento de sua ressurreição espiritual”; que “a superexcitação de sua imaginação lhe havia dado uma visão fantástica, que enunciava desperto, em termos exatos, uma loucura, absolutamente inaplicável”; que “ainda conservava certa perturbação resultante do desprendimento do corpo físico avariado que abandonara; que o motor a vapor ainda seria muito aperfeiçoado, entretanto, a inteligência humana acharia um meio de o simplificar ainda mais”; que “o ar condensado como motor representava excelente motor, mais leve e econômico que o vapor e que quando se conseguisse dirigir seu emprego, teria mais força e velocidade”. Allan Kardec aproveita ainda para confirmar com ele a informação obtida junto a outros Espíritos de que deles os homens costumam receber muitas sugestões das quais resultam muitas descobertas, apurando que a “Espíritos evoluídos são confiadas missões que devidamente cumpridas levam-no a encontram um homem capaz de apreender aquilo que, por sua vez pode ensinar; homem que, de repente é obsidiado por um pensamento, disso falando a todo instante, sonhando dia e noite com a coisa, ouve vozes falando sobre a ideia até que tudo estando bem desenvolvido em sua cabeça anuncia no mundo uma descoberta ou aperfeiçoamento; sendo assim inspirados os homens em sua maioria”. Logo após o diálogo, Allan Kardec propõe mais algumas questões ao dirigente espiritual dos trabalhos ali realizados. Sobre “como conciliar a informação que os homens recebem sugestões de ideias se alguns homens crendo inventar e nada inventam ou só inventam quimeras”, respondeu que “estes são iludidos pro Espíritos enganadores que, achando seu cérebro aberto ao erro, passam a controla-los”; solicitado a explicar que o Espírito frequentemente escolha homens incapazes de levar a termo uma descoberta, disse que “são os cérebros desprovidos de previsão humana os mais capazes de receber a perigosa semente do desconhecido, não sendo escolhido tal homem por ser incapaz, mas este que nada sabe fazer para frutificar a semente que lhe é dada; a respeito do prejuízo causado por isso à Ciência, respondeu que “ela nada sofre, porque o que um esboça um outro termina, e, durante o intervalo, a ideia amadurece”; sobre obstáculos providenciais que poderiam opor-se à divulgação de uma descoberta prematura, afirmou que “nada jamais detém o desenvolvimento de uma ideia útil, pois, Deus não permitiria, sendo necessário que ela siga seu curso”. Por fim Allan Kardec usa o exemplo da descoberta da força motriz do vapor por Papin que exigiu numerosos ensaios, mantendo-se no estado de teoria, para perguntar porque que uma descoberta tão importante ficou adormecida por tanto tempo, se não haviam homens capazes de viabilizá-la, obtendo como resposta: -“Para comunicação das descobertas que transformam o aspecto exterior das coisas, Deus deixa a ideia amadurecer, como as espigas cujo desenvolvimento o inverno não impede, mas apenas retarda. A ideia deve germinar bastante tempo a fim de nascer quando todos a solicitam. Dá-se o mesmo com as ideias morais que primeiro germinam e só se implantam quando chegam à maturidade. Por exemplo, neste momento em que o Espiritismo tornou-se uma necessidade, será acolhido como um benefício, porque inutilmente foram tentadas outras filosofias para satisfazer as aspirações do homem”.
O que os espíritas chamam de caridade
não seria uma forma de querer comprar a salvação? (anônimo)
Jesus nos
recomendou a fazer o bem pelo bem, ou seja, fazer o bem sem esperar recompensa
ou reconhecimento. Este é um princípio em que o Espiritismo se baseia,
esperando que os espíritas não só aprendam a fazer o bem, mas encontrem
satisfação em fazê-lo. Contudo, a prática do bem, no seu sentido mais profundo,
que é o da manifestação do amor incondicional, também se aprende. Isso quer
dizer que, sem o exercício do bem, não dá para ser bom e, sem isso, não há
progresso espiritual, nem para o indivíduo, nem para a coletividade.
O
Espiritismo não crê em salvação pela pura e simples pela fé. A fé é apenas um
sentimento. Mas somente a fé, quando aplicada na vida, corresponde ao amor que Jesus ensinou. Fé aplicada é a fé que se
manifesta através da conduta da pessoa frente a qualquer situação,
principalmente as mais difíceis, aproveitando a velha assertiva de Tiago, irmão
de Jesus, quando diz : “Mostra-me tua fé sem as tuas obras e eu te mostrarei
minha fé pelas minhas obras”.
Ora, para desenvolver essa fé é preciso
praticá-la, é preciso exercitá-la na prática. Quando essa fé já é capaz de
mostrar serviço, ação, de produzir e de beneficiar alguém, dizemos que ela
evoluiu para a caridade que, no caso de ajudar alguém, de socorrer o
necessitado, chamamos de beneficência. A Doutrina Espírita, nesse sentido,
ensina que assim também podemos estimular a fé e fazer a caridade.
Mas é
necessário que as pessoas estejam a par disso. Se elas souberem o que estão
fazendo, sua evolução no campo moral será mais fácil. Não basta fazer por
fazer. É necessário fazer com compreensão e sentimento. Embora o bem seja
sempre o bem para quem recebe, ele pode pouco ou nada significar para quem o
faz, se este o fizer com segundas intenções, porque então estará procurando
apenas seu próprio interesse. Jesus ensinou fazer o bem desinteressadamente.
O
mesmo podemos dizer de quem está em busca da salvação. A salvação individual é
interesseira e egoísta. Por isso, o Espiritismo não fala em salvação, fala em
evolução. Quem se esforça por conquistar o que acha ser salvação, mas esquece o
próximo, está se enganando, e fazendo
como os fariseus do tempo de Jesus, que viviam orando e louvando a Deus, mas
que nada faziam do que ensinavam. Eles queriam salvação para si mesmos. Eles
queriam o reconhecimento de Deus.
Fazer
o bem, como Jesus ensinou, é muito mais do que o ato de dar em si; é o sentimento
de quem o faz. Mas para isso, se a pessoa quer, mas ainda não adquiriu o
sentimento, ela pode adquiri-lo, fazendo o que lhe está ao alcance. Como tudo
na vida, aprendemos fazendo. Quem quiser ser bom, precisa fazer o bem e, aos
poucos, conhecendo os ensinamentos de Jesus, vai se inteirando de como pode
amoldar seus sentimentos ao bem que está fazendo.
Não
podemos deixar de levar em conta que a prática do bem nos estimula a ser bons,
de modo que a caridade em si passa ser um meio pelo qual vamos desenvolvendo a
humildade, a resignação, a coragem; vamos aprendendo a ser mais tolerantes e
compreensivos para com o próximo, fortalecendo-nos interiormente. Os Espíritos
disseram que a Kardec, no sentido em que Jesus utilizava o verbo amar,
compreende a benevolência, a indulgência e o perdão. Logo, trata-se de um
processo transformador do Espírito.
Além
do mais, você nem sempre conseguirá fazer o bem anonimamente; na maioria das
vezes terá que expor, porque vivemos em sociedade e, quer queiramos ou não, a
notícia do bem que você fez vai chegar à coletividade. Mas isso não importa;
pelo contrário, poderá ser muito bom. O que Jesus quis dizer é que não devemos
alardear para nos promover – ou seja, não deve ser essa a nossa preocupação.
Ele próprio, Jesus, não conseguiu fazer o bem em segredo; o que fez logo se
espalhou, todo mundo viu, pois o importante nesse caso é a repercussão
favorável que a prática do bem provoca,
estimulando o amor nos corações.
Desse
modo, podemos concluir dizendo, repetindo o que disse Jesus: “Não saiba a
vossa mão esquerda o que faz a direita” , este é o ideal da caridade, ou
seja, agir sempre com amor, sem alardear, sem trombetear, no silencio do coração,
porque, nesses momentos, Deus está agindo através de nossas mãos e dando-nos
como recompensa a alegria de servir, porque Ele sempre nos serve e, para
conquistarmos a paz interior, precisamos aprender a servir também.
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