“Faz um bom tempo que
frequento centros espíritas, já participei de várias grupos de médiuns, ouvi
muitos Espíritos se comunicarem, mas apesar de querer muito e de ter
manifestado meu desejo de conversar com minha mãe, que desencarnou há mais de
15 anos, somente uma vez houve uma comunicação, mas assim mesmo não me convenci
que era realmente ela. Fico pensando o porquê disso, pois está na obra de
Kardec que esse contato com os entes queridos, que já se foram, é o grande
consolo que a Doutrina nos dá. Por outro lado, vejo que, para que essas
comunicações aconteçam, é preciso ter um médium especializado ou muito bem
preparado, como Chico Xavier por exemplo, pois não é qualquer médium que me
trazer informações concretas sobre minha mãe.“
A
comunicação mediúnica de um ente querido
(principalmente pai, mãe e filhos) é uma tese espírita e isso, de fato,
está nas obras de Kardec e outras muitas complementares. A possibilidade sempre
existe. Na verdade, gostaríamos de experimentar a presença das pessoas
queridas, mesmo quando já se foram, assim como os discípulos puderam por alguns
momentos desfrutar da presença de Jesus, depois de sua morte na cruz. Contudo, aquele
foi um fenômeno extraordinário e que só excepcionalmente acontece.
Embora
nosso anseio perfeitamente natural de querer falar com os que já se foram, para
sentir que eles na verdade não morreram, não devemos tomar isso como
fundamental para a sustentar a nossa crença na vida após a morte; ainda mais
hoje, levando em consideração que o clima agitado de nossos pensamentos na
atualidade, devido à vida conturbada de hoje, parece dificultar em muito contatos mais
diretos com os Espíritos, mesmo com o auxílio de médiuns.
Aliás,
pelas nossas observações, parece muito mais fácil uma pessoa leiga, que nada entende de Espiritismo, obter
uma mensagem, desfrutar de uma visão ou mesmo perceber uma mensagem pelos
ouvidos da alma de um desencarnado amigo do que um espírita mesmo. E isso nos
remete ao próprio Allan Kardec que valorizou o estudo, o conhecimento da
doutrina, o uso da razão e do bom senso, para formar nossas convicções sobre a
continuidade da vida e não o fenômeno em si. Aliás, Kardec é enfático ao afirmar
que, quando já estamos no meio espírita, precisamos estudar a doutrina e
praticar a caridade. Muitas vezes, as comunicações de entes queridos surgem
para despertar a pessoa, quando ela ainda não encontrou este caminho.
Num
interessante comentário do prof. Herculano Pires, do livro DIÁLOGOS DO ALÉM,
ele fala das dificuldades das comunicações mediúnicas, quando direcionadas a um
determinado Espírito, pois esse Espírito nem sempre está em condições de se
comunicar. Quem teve oportunidade de assistir a uma das concorridas sessões com
Chico Xavier, pôde verificar que as comunicações de entes queridos aos seus
familiares eram raras em relação às centenas de pessoas que ali compareciam. Na
maioria dos casos, os Espíritos, pelos quais se ansiava comunicação, não reuniam
condições para passá-las, razão pela qual Chico Xavier, ao referir-se à
possibilidade da comunicação, sempre dizia que o telefone toca de lá para cá e
não daqui para lá e não daqui para lá.
Todavia, buscando os fundamentos do Espiritismo,
vamos perceber que nossos entes queridos desencarnados não costumam dar
comunicações ostensivas através de médiuns e nem tampouco se apresentarem por
meios de aparições espetaculosas, mas costumam entrar em contato conosco de
forma natural e sutil através dos sonhos. Quase sempre esquecemos que o sono diário
nos transporta espiritualmente para outro plano de vida. É quando vamos ter a
oportunidade de nos encontrar com as pessoas queridas que se foram. Pena que
ainda não aprendemos a nos preparar para
dormir e nos desprender. Sonhar, para o Espirito, é desprender-se parcialmente
do corpo e entrar em contato com a espiritualidade.
Por outro lado, devido à natural dificuldade
de comunicação entre os dois planos, tendo o médium no meio, muitas vezes nos
firmamos nas aparências para aceitar ou não uma comunicação, deixando de
considerar que o médium é apenas um mensageiro. Certa vez, recebemos uma
mensagem por um médium de pouca escolaridade, vazada em erros de português. Nem
consideramos a possibilidade de aceita-la como verdadeira, porque o autor
desencarnado primava pela correção de linguagem. Só mais tarde, ficamos sabendo
da autenticidade da mensagem por um
médium mais preparado e totalmente alheio à questão, em que o Espírito
chamava a atenção da família para se
preocupar mais com o conteúdo do que com a forma da mensagem mediúnica.
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