Guto
Soares pergunta o que é reencarnação compulsória, se é aquela em que o Espírito
é obrigado a reencarnar.
Vamos
partir, primeiramente, do conceito de reencarnação para atender à pergunta do
Guto. Reencarnação é o processo pelo qual o Espírito, depois da última
existência na Terra, volta a renascer e iniciar uma nova existência, para uma
nova experiência de aprendizado. A reencarnação faz parte da lei da natureza,
pois é o principal mecanismo que impulsiona a evolução do Espírito para leva-lo
à sua plena realização.
Enquanto as religiões ocidentais, aqui deste
lado do mundo, apregoam que a vida na Terra é uma única que começa na concepção
e acaba na morte, independente da sua duração
- pois o individuo pode morrer jovem, pode morrer criança ou até mesmo
no ventre materno, antes de nascer - o
Espiritismo ensina que a atual existência na Terra é apenas uma entre muitas outras
existências que o Espírito vivencia ao longo de sua jornada de aperfeiçoamento.
Desse
modo, a Doutrina Espírita explica porque os destinos das pessoas neste mundo –
com suas experiências, com suas alegrias e com suas dores – são tão diferentes
uns dos outros, a ponto se pensar que essas diferenças seriam apenas questão de
sorte ou de azar, ou simplesmente, pela vontade de Deus. Por que Deus
destinaria a dor mais para um do que para outro, se somos todos seus filhos? Com
a reencarnação, no entanto, desaparecem as noções de céu e de inferno, até
porque o destino de todos os Espíritos é sua perfeição, sua felicidade.
Quando
na Terra vemos tanta miséria ao lado da opulência, a vida relativamente
tranquila de um lado e uma jornada de
profundas dores e sacrifício do
outro ( isso estamos vendo todo dia) , não dá para imaginar que Deus, na
sua expressão de Amor e Bondade, quisesse que isso acontecesse com seus filhos
a quem ama. Mas quando concebemos que as dores e as misérias do mundo são
consequências dos atos dos próprios homens – não para destruí-los, mas para
estimular seu crescimento e concorrer para sua felicidade - percebemos quão sábia é a Lei da Evolução.
Dependendo do nível evolutivo do Espírito, antes
de reencarnar ele pode escolher certas condições de sua próxima existência na
Terra, ele pode optar por dificuldades ou restrições para aprender a vencer
obstáculos, ele pode escolher um caminho que favoreça seu desenvolvimento
intelectual, por exemplo. Mas isso acontece quando sua condição moral permite,
ou seja, quando esse Espírito já adquiriu o desenvolvimento suficiente para
poder decidir por si mesmo o próprio destino.
Mas enquanto
o Espírito ainda não amadureceu suficientemente para tomar decisões – assim
como acontece com a criança que depende
exclusivamente das decisões de seus pais
– ele pode renascer num ambiente hostil, difícil, inóspito ou marcado por
limitações, por deficiências ou enfermidades genéticas que, se por um lado, lhe
serão desagradáveis e sofridos, por outro, contribuirão para impulsioná-lo para
uma condição espiritual melhor no futuro e em outras encarnações.
Entendemos que, assim, está havendo o que se
convencionou chamar de “reencarnação compulsória”, ou seja, é a reencarnação
que ele não escolheu e jamais escolheria, se dependesse unicamente de sua
vontade. Para nós, a reencarnação compulsória é simplesmente o cumprimento da
lei de causa e efeito, a que todos nós, de alguma forma, estamos sujeitos. Toda
vez que sofremos uma situação que não escolhemos, mas que decorreu apenas de
nossos atos anteriores, estamos num regime que podemos chamar de
compulsoriedade.
Compulsório é tudo o que não podemos evitar
ou que podemos deixar de fazer, compulsório é o que decorre de uma situação que
foge à nossa vontade e ao nosso controle. Logo, segundo o nosso ponto de vista,
reencarnação compulsória seria aquela reencarnação que decorre de
circunstâncias acima da decisão do Espírito e que, fatalmente, lhe trará
situações desagradáveis ou sofridas. No entanto, nada disso é perdido, até
porque, como sabemos, a dor exerce importante papel em nossa vida e faz parte
do processo de evolução espiritual.
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