A história da mediunidade na sociedade humana contem registros extraordinários. Fenômenos e fatos taxados de milagres, manifestação de dons, presença de Deus, “coisa do diabo”, a verdade é que serviram para demonstrar que outra realidade se sobrepõe a essa em que vivemos. A trajetória desenvolvida por Chico Xavier como médium, como não poderia deixar de ser, foi marcada por lances surpreendentes. De vários tipos e modos. Uma amostra é o trecho da terceira das cartas psicografadas publicamente pelo jovem Dráuzio Rosin que, juntamente com o irmão Diógenes e mais dois amigos, teve sua vida interrompida em nossa Dimensão, em violento acidente de trânsito, ocorrido no dia 6 de julho de 1966, ele, com 23 anos e o irmão, com 16. Tendo escrito a primeira de suas mensagens, apenas três meses e doze dias após sua morte nas concorridas e famosas reuniões de Uberaba (MG), Dráuzio na véspera do Dia das Mães de 1973, escreveu, extensa e emocionante carta aos pais, contendo inúmeras referências que autenticam sua veracidade e autoria. Num deles, porém, fica evidenciada a precisão da mediunidade de Chico. Saudava no trecho as além da sua, as mães presentes quando diz: - “Conosco, no entanto, está um jovem que tudo fez ontem para consolar a mãezinha presente à reunião. A reunião se constituía de muita gente e ele não conseguia escrever, conquanto esteja sustentado pelo carinho de uma irmã que lhe foi avó maternal na Terra, a nossa irmã Cristina. Trata-se do jovem Peter, desencarnado aos treze anos de idade, cuja mãezinha de nome Ana esteve aqui em companhia de outros amigos. Ele não pode esperar por ela assim de momento, mas, roga ao seu coração, mãezinha, escrever-lhe dizendo que ele está bem e para que ninguém julgue tenha ele voltado fora do tempo justo. A lei de Deus é de misericórdia na justiça. Tudo nos ocorre para o bem. Às vezes, a dor de alguns metros vem a nós para que não soframos a dor de muitos quilômetros. Ele não sabe se a mãezinha ainda está nesta cidade, mas se não mais estiver, pede para que escreva no endereço da Av. Bartolomeu de Gusmão, 183, da cidade de São José dos Campos. Ana Johansson é o nome da mãezinha que ele nos transmite. Escrevo o nome sem cogitar da grafia exata. Peter é um excelente rapaz. Seremos bons amigos, assim creio”. Outro caso impactante envolve o advogado Cesar Burnier que, arrasado pela morte repentina do filhinho de seis, arrebatado em poucas horas por meningite fulminante, juntamente com a esposa e amigos, desloca-se de Belo Horizonte onde vivia para Pedro Leopoldo, na tentativa de avistar-se com Chico Xavier, que, curiosamente naquele 2 de abril de 1938, completava 28 anos. Sem opinião formada quanto aos poderes mediúnicos do quase desconhecido jovem, recordava-se que “quando o carro entrou na cidade de Pedro Leopoldo, alguém lhe informou, numa esquina qualquer: -“Chico mora na segunda rua, à direita. O senhor não precisa saber o número da casa dele. Ela é a mais feia e pobre de todas. Não tem portas para fora; mas, sim, um grande saco de aniagem que lhe veda a entrada. Chico é o homem mais feio que o senhor encontrar. É meio gordo, veste uma camiseta de algodão, calça, tamancos e tem um olho meio esbranquiçado. Decidio, rumou para o endereço indicado. Realmente não foi difícil encontra-lo. Esbarrou logo, encostado num muro, com o moço acanhado e humilde que o informante descrevera. Chico veio ao encontro dele. O pranto correu-lhe pelo rosto. O médium cerrou os lábios, compungido e sem proferir uma só palavra. Quando Cesar se preparava para revelar os motivos de sua presença, Chico o antecedeu, dizendo-lhe: - Eu sei, o senhor perdeu um filhinho muito querido. Em poucos instantes iremos orar por ele com a ajuda de Emmanuel. Cesar, estupefato, pensou, sem poder esconder no rosto a sua surpresa: quem teria contado ao médium aquilo que acabara de ouvir? Talvez a aparência, meditou. Causou-lhe espanto também haver sido tão facilmente recebido, pois não ignorava a existência de horário estabelecido para as sessões. Lembrando-se daquele distante e decisivo dia, acrescenta que, logo a seguir, Chico declarou: - “Vou fazer uma reunião e pedir informações a respeito de seu filho Cezinha. Percebi a profunda emoção e seu sofrimento. Não percamos tempo: Vou fazer chamar meu irmão José para presidi-la”. Pouco depois, sentado ao lado do medianeiro cuja mão empunhando um lápis corria célere sobre tiras de papel, surpreso, notou seu nome – Cesar - no papel, espantando-se mais ainda, pois não havia se apresentado.
Do
João Batista Pinheiro, do Jardim dos Eucaliptos, Garça(SP) recebemos a seguinte
pergunta: “O que acontece com o Espírito logo depois da morte?”
Esta
sempre foi a grande questão do ser humano, quando via um ente querido partir ou
quando ele próprio se sentia prestes a morrer. O que aconteceria depois? Para
onde iria? Portanto, João, é uma pergunta importante para o esclarecimento e
reflexão de todos nós. Quem primeiro se interessou em estudar esta questão foi
o Espiritismo – e há pouco tempo atrás, 163 anos. Durante séculos as religiões,
de um modo geral, se calaram diante disso; aliás condenaram qualquer pretensão
de se desvendar a vida futura, por considera-la terreno sagrado e inabordável.
Apesar dos fenômenos de comunicação e aparição de mortos, elas se
calaram. Ou, se deram alguma informação, foi muito vaga e imprecisa, que
realmente não atendeu ao anseio e às necessidades das famílias enlutadas.
Alguns segmentos religiosos afirmam que o Espírito fica dormindo, à espera da
ressurreição e do juízo final. Outros dizem que a aparição de Espíritos
familiares – e isso sempre aconteceu – deve a uma concessão especial de Deus em
relação às almas que já foram para o céu ou ainda se encontram no purgatório.
O Espiritismo foi buscar tais informações com
os próprios Espíritos através de médiuns, começando pelo estudo da mediunidade
ou da forma como eles podem se comunicar conosco e nós com eles. Nesse sentido,
Allan Kardec, desde 1857 veio publicando livros que esclarecem essa questão,
começando pelo LIVRO DOS ESPÍRITOS, depois O LIVRO DOS MÉDIUNS e, mais tarde, O
CÉU E O INFERNO OU A JUSTIÇA DIVINA SEGUNDO O ESPIRITISMO. Para se entender bem
a questão é preciso consultar essas obras, procurar conhecer o Espiritismo.
No
entanto, João, vamos aqui dar uma resposta geral e superficial à sua pergunta,
visto que a situação do Espírito, logo após a morte, depende de cada um, de
como viveu, de seus valores morais, de seus sentimentos, de sua conduta como
pessoa, de suas aspirações. A vida depois desta vida depende de como cada um
viveu. Mas depende também da forma como deixou a vida terrena, ou seja, das
circunstâncias que resultaram na morte de seu corpo – morte natural, morte
acidental, assassinato, suicídio, etc. Mas um fato comum na vida de todos, João, é
que o Espírito não morre; ele sobrevive de alguma maneira.
As
pessoas muito apegadas à vida material - ainda muito presas ao seu corpo, aos seus
bens, à sua condição social, etc. - encontram mais dificuldade de se desligar do
corpo. Esse desligamento é o que chamamos de desencarnação e que só ocorre
depois que o corpo não tem mais vida. Nesses casos, o desligamento não é só
mais demorado, como é mais difícil. Sobre isso – ou seja, como ocorre a
desencarnação e as primeiras experiências do Espírito após o desencarne – temos
um livro muito prático e interessante a indicar: É o trabalho da Dra. Marlene Nobre, intitulado
NOSSA VIDA NO ALÉM..
A
tendência natural do Espírito é deixar o corpo o mais imediatamente possível.
Mas, dependendo do apego excessivo com a família e outras fortes preocupações
que vem cultivando na vida, ele pode permanecer psiquicamente preso por algum
tempo à própria casa, pois o Espírito é sempre atraído para os alvos de seus
sentimentos. Até mesmo o ódio serve de atração. Mas, quando alguém está
partindo, geralmente amigos e familiares, que se encontram numa situação melhor
do outro lado da vida, eles vêm em sua ajuda e sempre que podem conseguem encaminhá-lo
para um tratamento.
É que
a vida no mundo espiritual, João, é
semelhante à nossa vida aqui na Terra. Aliás, a nossa vida é que é semelhante à
vida espiritual. Lá existem acolhimento, serviços de socorro, hospitais semelhantes aos
nossos ou até mesmo confinamentos para Espíritos mais rebeldes. Durante sua
permanência no mundo espiritual, o Espírito aos poucos vai tomando consciência
de sua vida, do que pôde aproveitar, de seus acertos e erros. Se há os que já
adquiriram essa consciência moral com mais responsabilidade, procurando
melhorar-se, há também os insatisfeitos, os inconformados, os revoltados e
continuam alimentando ódio e pensando em vingança. Cada caso é um caso.
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