Já vi pessoas que disseram que se
curaram com benzimentos, outros que se curaram com passes. Gostaria de saber se
passes e benzimentos são a mesma coisa e se um tem alguma vantagem sobre o
outro. ( F.G. L.)
Na
essência são uma mesma coisa, porque ambos são movidos de bons sentimentos e
assim podem contribuir para o bem estar do paciente. O passe é uma prática
espírita e, portanto, sua aplicação se baseia em conhecimentos que o
Espiritismo oferece sobre a ação e a eficácia dos chamados “fluidos” ou
energias mais ou menos condensadas. O benzimento, por outro lado, é uma prática
popular, baseado numa crença milenar, que existe em todos os povos e remonta às
épocas mais antigas da humanidade.
Desde os tempos mais recuados da história, percebeu-se
que, através do rito do benzimento e práticas paralelas que o acompanham,
muitas vezes, pessoas eram beneficiadas, principalmente em matéria de saúde.
Sabia-se, portanto, que juntando a vontade de quem o aplicava, a fé de quem o
recebia e mais alguns rituais para agradar ou homenagear deuses ou espíritos, o
benzimento podia levar a resultados positivos e, algumas vezes, surpreendentes.
Essas informações vieram passando de boca em
boca, de geração em geração, de povo para povo, as práticas se multiplicaram,
adquiriram as mais diferentes formas nas diversas culturas do mundo e, assim, o
benzimento subsistiu até hoje. Apenas não se conhecia como o fenômeno da
melhora ou da cura acontecia, ou quê poder mágico era acionado pelas práticas
místicas, anteriores à medicina. Isso acabou sendo atribuído a intervenção de deuses
e à ação de forças sobrenaturais.
Ao mesmo tempo, algumas culturas orientais bem
mais antigas, como a dos chineses ( por exemplo), acabaram penetrando mais
fundo no conhecimento de mecanismos naturais que podiam ser acionados mediante
certas técnicas, de onde surgiram, por exemplo, a acupuntura, o doin e outras
variantes da terapia oriental.
Com as experiências pioneiras do médico alemão
Franz Anton Mesmer, desde o século XVIII, é que se passou a perceber que há forças
naturais desconhecidas influenciando em nossa vida e, portanto, em nosso estado
de saúde; que não se trata de forças místicas, milagrosas ou mágicas como se
acreditava, mas apenas de forças
naturais. Descobriu-se a possibilidade de terapia, utilizando-se dessas forças,
o que deu origem à teoria de Mesmer sobre o que ele chamou de Magnetismo Animal.
A Doutrina Espírita, no século seguinte, veio
complementar a descoberta de Mesmer, percebendo que, além dos fatores físicos
de origem animal ( ou seja, do corpo humano e da natureza), pode haver
intervenção da ação da espiritualidade com outros recursos, quando Espíritos
bem intencionados se associam à ação terapêutica do passista para ajudar o
paciente. A partir de então, fizeram-se várias descobertas, como as seguintes:
Primeiro - que a eficácia do passe depende
tanto de quem aplica como de quem recebe o passe. Neste aspecto é que entra a
intervenção da fé: o aplicador entra com a disposição de ajudar e o receptor
com sua vontade de receber. Segundo – que , entre os agentes de mudança estão
os recursos fluídicos do aplicador, o consentimento do receptor, os agentes da
natureza que podem ser aproveitados e os recursos oferecidos pelos Espíritos.
Logo,
no Espiritismo, o passe não é uma fórmula mágica ou miraculosa, mas um fenômeno
natural que agrupa um conjunto de fatores. Esses fatores reunidos podem
provocar um efeito benéfico, tanto para as condições emocionais como físicas do
paciente. É importante que ele seja considerado como parte de uma terapia, que
envolve, entre outras coisas, o esclarecimento do paciente, a vivência dos
princípios do evangelho, o autoconhecimento, a disposição para amar e a certeza
nos resultados.
Enquanto isso, o benzimento não requer nenhum
entendimento por parte de quem o recebe e fica valendo apenas a sua fé, a
disposição de dar e receber para que surta algum efeito. A diferença é essa,
mas para o Espiritismo, que não tem como meta apenas a cura do corpo, o
esclarecimento do paciente é fundamental, não só como elemento de cura, mas
como elemento de prevenção de doenças.
Logo, no Espiritismo, o passe tem um papel,
acima de tudo, educativo. Não é um remédio para todos os males e tampouco uma
prática mágica que resolve qualquer problema. O paciente precisa de convencer
de que superar um problema é superar-se a si mesmo e, portanto, torna-se
necessário o cuidado com o espírito, a
fim de completar a plenitude de sua relação com a vida, com seu semelhante e
consigo mesmo.
Como temos observado, no dia a das atividades
do centro, o passe sempre traz benefícios, tanto de ordem emociona,
psicológica, como de ordem física. Mas seu principal papel é nos ensinar que o
caminho da cura é o caminho do bem, e que todos nós trazemos conosco, por ação
da Providência Divina, recursos curativos que podem ser acionados pela vontade
e pela fé. Na biblioteca espírita existem vários livros que explicam melhor
como funciona o passe.
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